Estudos para implementação de medidas para reduzir a burocracia e os custos já estão em fase final
SÃO PAULO - Quem tenta transferir uma dívida habitacional de um banco
para outro, em busca de um juro mais baixo, encontra duas barreiras: a
burocracia e os custos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já
sinalizou que o governo pretende melhorar as condições da chamada
portabilidade do crédito imobiliário. Segundo a Associação dos
Registradores Imobiliários de São Paulo (Arisp), dentre as mudanças -
ainda não anunciadas - uma das possibilidades em estudo é facilitar o
trâmite em cartório, com corte das taxas pela metade.
Para se ter uma ideia, nos imóveis financiados pelo Sistema
Financeiro de Habitação (SFH), o custo de R$ 1.174 poderia cair pela
metade, em R$ 556, considerando as taxas cobradas pelos cartórios
paulistas.
"Estamos participando de reuniões com representantes do setor
financeiro para encontrar uma maneira menos burocrática e onerosa para
fazer a portabilidade, considerando os custos em cartório", afirma o
vice-presidente da Arisp, Francisco Ventura Toledo. Segundo ele, os
estudos estão em fase final, até mesmo pela pressão do governo.
Proposta
Hoje, ao fazer a portabilidade de um crédito habitacional, o
consumidor tem dois gastos em cartório. Um é o registro da mudança do
banco credor na matrícula do imóvel. Outro é a averbação do novo
contrato de alienação. Em São Paulo, esse valor somado chega a até R$
1.174 para imóveis financiados pelo SFH em função de desconto garantido
por lei. Ou R$ 2.348 para imóveis fora do SFH avaliados em até R$ 500
mil.
A proposta em estudo vê a possibilidade de exigir apenas duas
averbações, que são mais baratas que o registro em matrícula. A primeira
delas aconteceria entre o banco originário e o novo credor, e poderia
ser feita eletronicamente. E a segunda envolveria o novo banco e o
mutuário. De acordo com Toledo, da Arisp, para fazer a mudança os bancos
podem se valer de um artigo já existente na lei que regula o SFH, sem
necessidade de nova legislação.
Custos
Transferir a documentação do imóvel no cartório é um dos pontos que
pesam mais nos custos da portabilidade da dívida habitacional. "Se o
financiamento já está no final, a vantagem do juro menor pode não
compensar a troca diante do gasto com a documentação", avalia o educador
financeiro Reinaldo Domingos.
Outra taxa cobrada pelos bancos é de uma nova avaliação do imóvel,
pré-requisito para a transferência. A avaliação custa entre R$ 400 e R$
1.215 nas principais instituições (veja tabela). Além disso, existe a
taxa de administração do contrato. "Tudo isso deve ser considerado pelo
cliente ao fazer a simulação da portabilidade de uma dívida
habitacional", diz Domingos.
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