Nem precisa ser especialista para perceber que o carro flagrado na imagem que abre esta reportagem, feita pelo site chinês Players China há menos de uma semana (veja aqui), tem muito em comum com o sedã médio Dodge Dart, apresentado no Salão de Detroit, em janeiro, e assunto principal dos últimos dias aqui no Brasil. A imagem que mostra rodas simplificadas e para-choques (aparentemente) menos contundentes, porém, não é de um Dart, mas sim do Fiat Viaggio, contra-parte do modelo americano, que será apresentado no próximo Salão de Pequim, em abril, evento com cobertura total de UOL Carros.
O nome do modelo e sua aparição em primeira mão para o público chinês foram confirmados nesta terça-feira (27) pela Fiat europeia, que tem pressa em mostrar novidades, sobretudo no segmento dos médios (compactos no exterior). Com vendas em queda na Europa e relativo fracasso da reentrada no mercado americano, onde só atua (por ora) com o diminuto 500, a Fiat precisa de produtos atraentes e de fôlego global. Além da China, onde vai ser fabricado em parceria com a local Guangzhou Automobile (como manda a lei local), o Viaggio será comercializado na Europa, em outros mercados emergentes e, claro, intui-se que será o modelo a ser vendido (e até mesmo fabricado) aqui no Brasil.
Há ainda uma surpresa: uma versão dois-volumes do modelo poderá nascer em breve, com a missão de substituir o hatch Bravo na Europa -- no Brasil, o carro estreou há pouco tempo e deve durar mais algum tempo.
- Dodge Dart (carro vermelho), com plataforma do Alfa Romeo Giulietta, é ponto de partida para renovação da Fiat no segmento de médios, primeiro com o sedã Viaggio, depois com um hatch.
VIAGEM GLOBAL
De acordo com a agência "Automotive News", a escolha do nome Viaggio foi simples: é a palavra italiana para "viagem", ou "journey" em inglês. E este é o nome utilizado no primeiro carro da aliança entre a Fiat e a americana Chrysler, o Dodge Journey, que foi rebatizado como Fiat Freemont. Confuso? Até é, mas a Fiat confia nesta espécie de homenagem. O Viaggio, porém, é um projeto mais ambicioso, que promete ir além da mera troca de emblemas.
A história do Dart 2013 é conhecida: o sedã foi fabricado sobre a plataforma do italiano Giulietta, da Alfa Romeo, marca pertencente ao Grupo Fiat, com o objetivo de mudar paradigmas. O primeiro é o da mentalidade do consumidor americano, que precisa aceitar um carro com nome de muscle car clássico, mas que agora chega em carroceria menor e motor pequeno (as opções variam entre 1.4 turbo e 2.0 ou 2.4 aspirados, sempre quatro-cilindros, nada de cilindros em V, inicialmente), oferecendo tecnologia e eficiência como diferenciais.
O outro paradigma é ainda mais complicado, dependendo do ponto de vista: mostrar que a Fiat é uma marca viável globalmente e que pode ir além do universo dos carros pequeninos (os nossos compactos e subcompactos). O Viaggio tem as mesmas medidas do Dart, 4,67 metros de comprimento e 1,83 m de largura.
Como já dissemos, a Fiat tem pressa e ambição. O Viaggio surgirá em Pequim ao mesmo tempo em que o Dart chega às lojas americanas, ou seja, os dois mercados mais importantes terão ideia do que é o carro praticamente ao mesmo tempo. Para a China, a expectativa de produção é de 140.000 unidades inicialmente, subindo em pouco tempo para 250.000.
Será o carro-chefe da marca no retorno ao país asiático (a Fiat fracassou ao fazer negócios por lá e abandonou o país em 2007) e responsável por boa parte das 300.000 vendas que a marca quer atingir até 2014. A tarefa é árdua, não apenas pelo histórico complicado da Fiat, mas principalmente pelos rivais, o global Ford Focus (na geração que o Brasil ainda não conhece) e o datado Volkswagen Sagitar (a geração anterior do Jetta, que ainda deixa saudades em alguns). A imprensa chinesa pergunta o que o Viaggio terá de preço e conteúdo para fazer frente aos dois competidores.
E O BRASIL?
Como sabemos, o sedã médio virá ao Brasil primeiro pela mão da Chrysler, onde já poderá ser visto ainda este ano, ainda que apenas para testes de homologação e exposição a compradores em potencial (as chamadas clínicas). Em outras palavras: prepare sua câmera para muitas aparições "surpresa" e flagrantes do carro em vias nacionais. A chegada às lojas, porém, ainda pode demorar um pouco: a marca anunciou na segunda-feira que a venda do modelo dificilmente será iniciada antes de 2013 (releia aqui).
Apesar do pé-no-freio da marca americana, a revelação atual da chegada do carro à China, com nome italiano e tudo, mostra que a informação inicial (e muito mais empolgada) sobre o modelo -- e que nos foi passada por fontes ligadas tanto à Fiat quanto à Chrysler -- foi apenas a primeira de muitas que seguirão. Afinal, a Fiat tem pressa.
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