quarta-feira, 28 de março de 2012

Chery quer construir 'cidade industrial' no Brasil para 2013

Montadora chinesa diz que vai trazer fornecedores chineses ao país. Companhia planeja construir também fábrica de motores.

A montadora estatal chinesa Chery afirma que cumprirá o índice de nacionalização de 65% dos carros que começam a ser produzidos no Brasil a partir de 2013. Só assim, a companhia se livraria do aumento de 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Para chegar ao número, o presidente da Chery Internacional, Zhou Biren, anunciou, nesta terça-feira (27), a construção de uma "cidade industrial" no país.

Terreno onde é construída a fábrica da Chery (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)Terreno onde é construída a fábrica
da Chery (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)
 
O futuro pólo fará parte do terreno em Jacareí (SP) onde já é construída a fábrica da montadora, com capacidade para produzir anualmente 150 mil unidades em três turnos. A planta tem inauguração prevista para dezembro de 2013, mas começará com a produção de 50 mil unidades no ano.

Para que o plano se sustente, a estratégia da Chery é atrair fabricantes de autopeças chinesas, além de fornecedores brasileiros e multinacionais, como Delphi e Bosch, que já têm operações no país. O pólo deverá garantir também a redução de custos logísticos.

Como o Brasil já possui uma cadeia completa de fabricantes de autopeças, a entrada de fornecedores chineses só acontecerá se os preços nacionais não forem competitivos, de acordo com a Chery.

"Empresas brasileiras que quiserem investir na área de Jacareí serão muito bem-vindas", ressalta o executivo. Segundo Zhou Biren, joint-ventures entre empresas chinesas e brasileiras serão estimuladas.

"A fábrica não será um CKD (local apenas para montagem de carros), mas uma fábrica completa, de verdade", diz Biren. Segundo ele, a empresa se prepara para, além de atender ao mercado brasileiro, exportar para Uruguai, Argentina, México, entre outros países. "O imposto para vender carro chinês para o México é muito alto. Exportar do Brasil para o mercado mexicano é muito importante para nossa estratégia e o novo acordo entre Brasil e México colabora para isso".

Assim, a construção de uma fábrica de motores no país também está dentro dos planos. A Chery já investe US$ 400 milhões no Brasil. O aporte é dividido em duas etapas. Na primeira fase, US$ 200 milhões vão para a instalação das áreas de soldagem, pintura e montagem final. Na outra, o restante será aplicado na construção do setor de ferramentaria.

"Temos que atender à exigência do governo brasileiro", diz o novo presidente da Chery do Brasil, Kong Fan Long. Mesmo afirmando que a empresa atingirá o índice de nacionalização, o aumento do IPI ainda é uma pedra no caminho da montadora, até porque nem todos os modelos serão produzidos localmente. Como a também chinesa Jac Motors, a Chery negocia com o governo brasileiro uma flexibilização da cobrança do IPI para investir localmente.

chery a13 fullwin (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)O modelo A13 deverá se chamar Fulwin no Brasil (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)
 
Dois modelos brasileiros
 
A Chery não revela quais carros sairão das linhas brasileiras, mas garante que até 2014 serão dois modelos. Mesmo assim, a empresa diz que ainda faz estudos de mercado para definir quais veículos fabricar localmente.


60 mil para 30 mil unidades
 
Embora o mercado brasileiro seja estratégico, o aumento do IPI prejudica as vendas da marca, que afirma não repassar o imposto aos preços. De acordo com a Chery, a expectativa inicial era vender, neste ano, 60 mil unidades. No entanto, a projeção de importação foi reduzida a 30 mil unidades. Em 2011, as vendas da marca foram de 22 mil unidades.


A mudança de planos por causa do IPI forçou também a passagem das operações brasileiras para a tutela da Chery Internacional. A partir de agora, a Chery do Brasil fica sob o comando de Kong Fan Long e o brasileiro Luis Curi, responsável por trazer a marca, fica como chefe-executivo e diretor comercial. Fora eles, Du Weiqiang assume a vice-presidência e Wu Denun a diretoria industrial.

A mudança já reflete na rede de concessionárias. Os 105 pontos de vendas começam a ser transferidos para a Chery do Brasil.

 

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