Open innovation é um modelo que as companhias estão adotando, cada vez mais, em resposta a um mundo crescentemente globalizado e caracterizado pela partilha aberta de informações, com o objetivo de produzir conhecimento. Esse modelo se baseia na colaboração em rede da empresa, com fornecedores, clientes, universidades e até concorrentes. A partir desse conceito, a inovação, antes uma área limitada aos departamentos internos de Pesquisa e Desenvolvimento, como era a lógica vigente até as décadas de 70 a 90, passou a ser buscada além das fronteiras das organizações.
Acredito que a interação seja a chave para esse processo se tornar real e mais do que isso: ela é a fonte para a inovação. Por isso, as redes sociais representam hoje a melhor plataforma de interação para as empresas interessadas em inovação aberta. O desafio que se impõe, entretanto, é criar tecnologias que gerenciem a troca de informações realizadas nessa mídia.
Os sistemas de CRM (Customer Relationship Management) têm sido usados amplamente com esse fim. Eles permitem que a troca de informações entre os colaboradores da empresa e o público-alvo possa ficar armazenada e servir como fonte de consulta, “alimentando” o CRM com os dados levantados. O sistema permite ainda fazer a gestão e a monitoração da comunicação para que haja o mínimo possível de “ruídos”. Mas a inovação aberta permite saltos ainda maiores, utilizando a base das redes sociais para acelerar o desenvolvimento de novos produtos ou serviços.
O exemplo da montadora italiana Fiat, cujo modelo Fiat Mio foi construído com ideias enviadas por milhares de pessoas ao redor do globo, por meio do portal www.fiatmio.cc, ilustra bem o que quero dizer. O projeto economizou milhões de reais em pesquisas com o consumidor, para a concepção de um novo carro. Durante nove meses, a Fiat recolheu sugestões de mais de 13 mil pessoas. A partir das informações enviadas pelos internautas em 160 países, a equipe de desenvolvimento da Fiat criou um protótipo totalmente adaptado às expectativas dos clientes. O carro foi lançado no Salão do Automóvel de 2010, com audiência de 750 mil pessoas e repercussão na mídia nacional e internacional.
Outra iniciativa de sucesso é a InnoCentive (www.innocentive.com), empresa desenvolvida inicialmente como um centro incubador de inovação para a indústria farmacêutica Lilly. Sendo uma entidade independente desde 2005, valendo-se do modelo de rede, ela funciona como um intermediário entre as empresas que buscam soluções e uma cadeia global de mais de 160 mil especialistas e “solucionadores de problemas” em 175 países, por todo o mundo. Os solucionadores recebem prêmios em dinheiro quando resolvem o desafio.
Temos ainda o caso da cafeteria Starbucks, que mantém o site My Starbucks Idea para coletar insights dos clientes. Através do site, qualquer um pode sugerir ideias, votar e discutir com outros consumidores as melhores propostas. No seu primeiro ano, o My Starbucks Idea recebeu 75 mil sugestões, além de milhares de votos e comentários. Um dos consumidores sugeriu criar, por exemplo, um “gelo de café”, ao invés de água, para que a bebida não ficasse aguada quando o gelo derretesse. A companhia considerou a ideia e foi um sucesso.
São exemplos de grandes empresas, mas a inovação aberta é perfeita também para as pequenas e médias, porque seu custo é consideravelmente mais baixo, quando comparado aos métodos tradicionais. Em vez de depender apenas das ideias e habilidades da equipe, as empresas podem ter acesso gratuito a ideias inovadoras.
O que parece estar claro é que as melhores soluções nem sempre estão dentro da empresa e, além disso, o produto desenvolvido com os dados coletados num ambiente de criação coletiva com o cliente, tem mais chance de ser aceito no mercado, pois foi sugerido pelos próprios consumidores.
Antes de tudo, para uma empresa se candidatar ao posto de inovadora, atualmente, ela precisa possuir uma cultura de rede, caracterizada, entre outras coisas, pelo alto grau de conexão entre todos os níveis dentro da organização, comprometimento da liderança com a rede, a partir de iniciativas que acompanhem de perto a cultura corporativa, uso de aplicativos da Web 2.0 e projetos de sites no estilo wiki. Tais elementos possibilitam à empresa estar mais bem preparada para receber os estímulos externos e facilitam a tomada rápida de decisões sobre as ideias inovadoras enviadas pelo mercado.
Para que o objetivo de gerar inovação seja atingido, algo que precisa ficar estabelecido desde o início desse processo é que recursos internos e externos precisam trabalhar em conjunto e estarem alinhados com a estratégia geral da organização. O conceito de Open innovation tem muito a ver com se estabelecer uma ponte entre os recursos alocados dentro das empresas e fora delas, para fazer com que a inovação de fato aconteça.
Por Sanjay Agarwal, diretor geral da Valuenet
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