quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mercado brasileiro de carros vai crescer em 2012, mas devagar

Mercado brasileiro de veículos -- automóveis e comerciais leves e pesados -- continuará crescendo em 2012, mas a um ritmo menor que em 2011. Essa é a essência das previsões de duas dezenas de altos executivos da indústria e de importadores, durante o recente Congresso Autodata Perspectivas 2012, em São Paulo.

A mudança relevante nos números estonteantes dos últimos oito anos, que elevaram o país à posição de quarto mercado mundial (sexto em produção), está na cadência. Será mais difícil, de agora em diante, superar a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), como ocorria até este ano. Em 2011, as vendas atingirão 3,7 milhões de unidades, 5% acima de 2010, enquanto PIB deverá subir em torno de 3,5%.
Para 2012, a maioria prevê o mercado acelerando 3% (pessimistas, 2%; otimistas, 4%), alinhado ao PIB. O bom ânimo dos palestrantes se deve ao desejo permanente da classe média emergida em adquirir um carro novo. Pesquisa da GfK indica que 16% dos brasileiros, em geral, demonstraram essa intenção nos próximos seis meses Afinal, estamos longe da saturação dos mercados maduros. Este ano, vamos adquirir 19 veículos para cada grupo de 1.000 habitantes. Nos EUA, nos anos bons, são 60 para cada 1.000.
Na realidade está nas mãos do governo a calibragem fina da demanda. Embora todos concordassem que a taxa de juros continuará a cair, o nível do crédito está sob controle para evitar desequilíbrios. Prazos de financiamento menores aumentaram as prestações na média em 20%. Por essa razão, quem ganha RS 2.000,00 deixa de atingir a renda mínima e acaba, quando muito, apenas trocando seu atual carrinho por outro menos usado, adiando o salto para o novo.
A consultora Letícia Costa sinalizou um ponto muito positivo: "Pela primeira vez vejo a economia brasileira, mesmo crescendo menos, mais previsível do que a global". Porém, colocou suas preocupações sobre a inflação.
IPI NÃO AFETA CONCORRÊNCIA
Quem acha que o IPI majorado para modelos importados de países sem parceria com o Brasil diminuirá a concorrência interna, engana-se. Estoques estão altos e as margens serão apertadas em 2012 e nos próximos anos. As quatro principais marcas continuarão encolhendo participação, embora ampliando investimentos porque a procura crescente compensa parte do que foi perdido. A PSA Peugeot Citroën, por exemplo, anuncia essa semana que dobrará sua capacidade produtiva em Porto Real (RJ).
Entre outras perspectivas positivas apontadas no congresso, destacam-se pelo menos duas. Em 2020, o Brasil poderá ser a quinta economia mundial, ultrapassando a Alemanha, mas batido pela Índia. Em curto prazo, a chinesa Chery pretende antecipar em seis meses, para o primeiro semestre de 2013, o início da produção em Jacareí (SP).
Ótimo que isso aconteça. Diferentes empresas, de várias origens, produzindo sob as mesmas condições econômicas, enfrentando as agruras do Custo Brasil, além da severa e complicada carga tributária. Também sem o conforto artificial da taxa de câmbio que faz dos brasileiros os reis, comprando no exterior, e plebeus em seu mercado interno.
É assim que deve ser e que vençam os melhores. Hora de parar de chorar, arregaçar as mangas e trabalhar.

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