No comercial do Leaf que foi veiculado no exterior, a Nissan mostra como seria a vida se os eletrodomésticos fossem movidos a gasolina. A comparação mostra que um carro pode ser, sim, tratado como eletrodoméstico e, para provar isso, a empresa trouxe algumas unidades do elétrico para testes no Brasil e o iCarros teve a oportunidade de avaliar o modelo por um dia.
Primeiramente, uma série de recomendações foi feita, como respeitar a faixa de segurança de autonomia, que é de 160 km. Também não pudemos carregar o veículo fora da concessionária, onde pontos de “abastecimento” próprios foram instalados. Apesar disso, um cabo auxiliar estava no porta-malas para qualquer emergência.
Emergência essa que pode ser resolvida em apenas 30 minutos, para dar uma carga de 80% na bateria, que pode, porém, reduzir a vida útil da peça. A carga normal e recomendável demora 8h em uma tomada de 110V. O consumo de energia é de 24 quilowatts hora, mais ou menos o que gastariam dois ferros elétricos ligados. A potência do motor é de 80 kw, ou 107 cv. O torque máximo é de 28,5 kgfm e já está disponível no momento em que o carro é ligado.
Hora de sair na rua. A princípio, a experiência é bastante agradável. A alavanca do câmbio parece um mouse de computador. Basta puxá-la para a esquerda e para baixo que já está em D (drive). Repetindo a operação, entra em modo ECO, que controla o uso de equipamentos periféricos, como o ar-condicionado, e diminui a potência do motor. Neste modo, a autonomia aumenta bastante.
Em D, o torque já aparece no primeiro toque no acelerador. O Leaf acelera como um potente motor a gasolina. Na verdade, a força máxima é exatamente a mesma do Volkswagen Jetta TSI de 200 cv aos 1.700 rpm. A velocidade máxima, porém, não é tão empolgante e fica nos 145 km/h. O Jetta vai a 238 km/h.
O silêncio a bordo também chama a atenção de quem dirige, que sente falta do ronco habitual, mas causa algumas distrações de pedestres desavisados. Mas é só pra quem não viu o chamativo azul-metálico daquele carro estranho. Foi difícil passar por algum lugar da cidade de São Paulo onde não tinha alguém apontando e comentando sobre o elétrico.
O design, digamos, exótico do Leaf, porém, tem um motivo. Os faróis saltados, as ranhuras da carroceria e alguns difusores foram pensados para melhorar a aerodinâmica e, consequentemente, reduzir o consumo de energia elétrica. Até mesmo os retrovisores foram projetados para não oferecer resistência ao vento.Interior espaçoso e painel moderno
Além de toda tecnologia embarcada, o Leaf preza em ser um carro familiar. Tem porte de um hatch médio, com bom espaço para cinco ocupantes. Só o do meio do banco traseiro é que vai se incomodar com o túnel central alto, pois é ali que ficam as baterias de íon-lítio. O porta-malas tem 410 litros de capacidade de carga, parte dela ocupada pela mochila com o carregador.
O tal chamativo azul da carroceria está também no interior, em detalhes do ar-condicionado e da alavanca do câmbio. Uma tela de LCD no console mostra informações do rádio, do navegador e do gasto de energia. O painel de instrumentos à moda do Honda Civic, tem na parte de baixo uma tela que mostra a temperatura e o nível de carga das baterias, autonomia e um gráfico que mostra se há gasto ou recuperação de eletricidade através do KERS (usa a energia gasta em frenagens).
Legal, mas não vem pra cá tão cedo
Poder usar o carro o dia todo dentro da cidade e deixar carregando na tomada da garagem durante a noite é uma ideia bastante interessante, mas está longe do Brasil. Nos Estados Unidos, o Leaf custa US$ 32.700 (cerca de R$ 53 mil), sem contar os descontos de incentivo que varia em cada estado. No Brasil, esse valor não dá para ser calculado ainda, pois não há taxação sobre este tipo de carro. Nem o IPVA, que é uma porcentagem do valor do carro dependendo do combustível, está pronto para ele.
Segundo a assessoria de imprensa da Nissan, há a intenção de vender o Leaf aqui e já há até um acordo assinado com o a prefeitura de São Paulo para estudar a implementação de uma rede de recargas na cidade. Já há até pontos de abastecimentos em um shopping, mas que não aceita o plugue do Leaf, o único elétrico que ainda pode, eventualmente, aparecer por lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário