A computação em nuvem está crescendo em importância de forma sólida. Para Alan Panezic, vice-presidente de software da Research in Motion (RIM), fabricante do BlackBerry, "quando você começa a combinar um tablet ou smartphone com a potência da nuvem, você começa a criar uma experiência única, nova e muito satisfatória para o usuário".
Em entrevista ao Terra, o executivo disse que a nuvem aponta o futuro: "ao pegar um smartphone ou um tablet carregado com experiências atrativas na nuvem, nós estamos definindo a próxima geração em computação. Não há dúvida alguma disso." Panezic também falou sobre o Brasil, país que "não tem apenas a oportunidade de ser um veloz seguidor de tendências, mas de ser um líder". Confira abaixo os principais trechos da entrevista.
Terra - Como você vê a experiência da nuvem para as corporações e o usuário comum?
Alan Panezic - Há uma série de experiências que dizem da amplitude do que o consumidor deseja: música, filmes, fotos, documentos. Há muitas coisas na nuvem que podem entregar esse tipo de experiência. Do lado corporativo, podemos levar em consideração, por exemplo, o e-mail. Deixe-me pegar minhas experiências com e-mail e colocá-las na nuvem. Ainda quero segurança, ainda quero controlá-lo, personaliza-lo. Mas não vejo mais vantagem em gerenciar um sistema de e-mails. Prefiro que a Microsoft faça isso para mim, ou a IBM, alguém mais que faça isso por mim. O benefício é diferente entre o que o usuário quer e o que a empresa quer. A companhia quer flexibilidade, baixo custo, ser capaz de operar em escala, mas ela não sente a necessidade de investir nisso. As empresas querem usar seus preciosos orçamentos para tecnologia da informação em inovações. As empresas estão se dando conta de que, se é possível colocar meus serviços em uma nuvem gerenciada por outra companhia, e se for uma nuvem confiável, eu posso fazer coisas novas, desenvolver novos aplicativos. O que o poder da nuvem nos proporciona refere-se a maneiras novas de se conectar e uma maneira completamente diferente de se posicionar estrategicamente. Realmente é uma evolução substancial do que está acontecendo no mundo tecnológico.
Terra - Experiência completa para o usuário seria também tratar as coisas do trabalho e da vida pessoal num mesmo aparelho? Panezic - O que é realmente importante é que os usuários saibam o que seus aparelhos podem fazer e ter a demanda de se divertir. Então a nossa missão é ajudar o CEO a fazer o que tem de ser feito, que é proteger suas informações e proteger suas redes. Mas temos que fazer isso de forma a não nos opormos ao usuário nem à diversão que ele busca. Então nós lançamos o que chamamos de BlackBerry Balance nos BlackBerries. Isso permite separar as coisas. Sei a forma como o e-mail entrou, então eu posso impedir ações como cortar, copiar e colar para informações corporativas, ou anexos corporativos, até mesmo o conteúdo de um e-mail. Porque eu sei de onde veio. Isso é o que o torna especial. Não tenho duas contas diferentes de e-mail. Sou apenas uma pessoa 24 horas por dia. Então eu quero fazer minhas tarefas corporativas e quero fazer as minhas coisas pessoais. E quero ser capaz de navegar entre elas sem problemas. Imagine esse mesmo conceito em um tablet. Vou poder mudar entre uma aplicação corporativa e uma pessoal. A corporativa vai incluir todos seus dados armazenados em um sistema separado e criptografado. E a aplicação será impedida em um profundo nível OS (deep OS level) de ser transferida para os arquivos pessoais. Então meus dados não podem ser expostos. Quando quiser lançar meu aplicativo corporativo, insiro minha senha. Quando eu não quiser entrar no aplicativo corporativo, posso jogar meus videogames, posso brincar na internet, fazer o que eu quiser. Quando quero fazer algo corporativo, eu faço o login e posso ter acesso aos dados empresariais. Isso cria uma experiência muito segura, mas que pode me deixar entusiasmado como usuário, porque está tudo em apenas um aparelho.
Terra - E a segurança?
Panezic - Segurança é uma das coisas que está no centro de nossa credibilidade desde o começo. Sempre pensamos que você não pode lidar com a segurança após o fato. Porque daí será muito tarde, você já foi exposto. As informações de cartões de créditos das pessoas já estão na internet. Você já teve os blackouts. É muito difícil se recuperar desse tipo de coisa. Nós colocamos nosso dinheiro onde estão nossos interesses. Há alguns anos adquirimos uma companhia porque tinha tanta propriedade intelectual, tantos talentos lá dentro. Gostamos tanto que compramos a empresa inteira. Integramos eles à nossa instrutura de nuvem, em nossos produtos de uma forma profunda. Então nós construímos em cima dessa segurança. Segurança é uma dessas coisas que o usuário não nota até que sua privacidade seja violada e então já é tarde demais. Então nós priorizamos nossos investimentos em companhias que realmente possam nos permitir formas realmente fortes para competir nesse campo.
Terra - Você pode falar dos investimentos da RIM na nuvem?
Panezic - Posso apenas afirmar que nossos investimentos nos serviços de nuvem estão aumentando. Acreditamos que essa é uma mudança estratégica que está ocorrendo na indústria. Pense em como os serviços de nuvem podem modificar a forma como as pessoas podem interagir uma com as outras. Pensamos nisso como uma coisa muito poderosa. Um exemplo é o videochat. Se estou aqui no Brasil e minha família no Canadá, eu posso conversar com o meu pai. Isso faz toda a diferença. Vamos mudar completamente a qualidade de comunicação que as pessoas vão ter.
Terra - O que mais muda a relação das pessoas com a tecnologia?
Panezic - Há bolsões geográficos no mundo onde a cobertura wireless é praticamente universal. Quando você nota que a cobertura não é mais um problema, as pessoas começam a interagir com a tecnologia de forma diferente. Você não pensa mais em contactar alguém. Você simplesmente contacta. Talvez você pense na forma. Talvez agora seja melhor ligar, talvez seja teclar, ou até mesmo uma videocall. Você começa a ter uma expectativa diferente em relação à tecnologia, o que chamamos de imigração digital. Somos todos imigrantes digitais. A internet foi inventada em nosso tempo de vida. Há também os nativos digitais, aqueles que nasceram com a internet, os adolescentes. Eles são simplesmente diferentes. Eles pensam "por que eu vou para uma biblioteca? Eu tenho a internet, a wikipedia!" Nós teremos uma geração que virá depois dessa, que vai ser wireless. Vamos simplesmente nos acostumar a estar conectados em qualquer lugar.
Terra - Como a RIM vê o Brasil?
Panezic - O Brasil é um desses países em que a economia está crescendo. Vocês foram tão longe. Da mesma forma que a cobertura wireless cresce e a relação das pessoas com a tecnologia se modifica, isso acelera. Na Europa, por exemplo, já havia um sistema de cobertura. Não há absolutamente nada que impeça o Brasil de chegar a esse nível. Vejo isso acontecendo em muitos países, que acabam por se tornar produtores de tecnologia. O Brasil não tem apenas a oportunidade de ser um veloz seguidor de tendências, mas de ser um líder. Para nós é um mercado extremamente importante. É uma das principais economias, líder na América do Sul e é um país que marca os padrões para o resto da região. As pessoas olham para o que está sendo feito no Brasil para poder implementar.
Em entrevista ao Terra, o executivo disse que a nuvem aponta o futuro: "ao pegar um smartphone ou um tablet carregado com experiências atrativas na nuvem, nós estamos definindo a próxima geração em computação. Não há dúvida alguma disso." Panezic também falou sobre o Brasil, país que "não tem apenas a oportunidade de ser um veloz seguidor de tendências, mas de ser um líder". Confira abaixo os principais trechos da entrevista.
Terra - Como você vê a experiência da nuvem para as corporações e o usuário comum?
Alan Panezic - Há uma série de experiências que dizem da amplitude do que o consumidor deseja: música, filmes, fotos, documentos. Há muitas coisas na nuvem que podem entregar esse tipo de experiência. Do lado corporativo, podemos levar em consideração, por exemplo, o e-mail. Deixe-me pegar minhas experiências com e-mail e colocá-las na nuvem. Ainda quero segurança, ainda quero controlá-lo, personaliza-lo. Mas não vejo mais vantagem em gerenciar um sistema de e-mails. Prefiro que a Microsoft faça isso para mim, ou a IBM, alguém mais que faça isso por mim. O benefício é diferente entre o que o usuário quer e o que a empresa quer. A companhia quer flexibilidade, baixo custo, ser capaz de operar em escala, mas ela não sente a necessidade de investir nisso. As empresas querem usar seus preciosos orçamentos para tecnologia da informação em inovações. As empresas estão se dando conta de que, se é possível colocar meus serviços em uma nuvem gerenciada por outra companhia, e se for uma nuvem confiável, eu posso fazer coisas novas, desenvolver novos aplicativos. O que o poder da nuvem nos proporciona refere-se a maneiras novas de se conectar e uma maneira completamente diferente de se posicionar estrategicamente. Realmente é uma evolução substancial do que está acontecendo no mundo tecnológico.
Terra - Experiência completa para o usuário seria também tratar as coisas do trabalho e da vida pessoal num mesmo aparelho? Panezic - O que é realmente importante é que os usuários saibam o que seus aparelhos podem fazer e ter a demanda de se divertir. Então a nossa missão é ajudar o CEO a fazer o que tem de ser feito, que é proteger suas informações e proteger suas redes. Mas temos que fazer isso de forma a não nos opormos ao usuário nem à diversão que ele busca. Então nós lançamos o que chamamos de BlackBerry Balance nos BlackBerries. Isso permite separar as coisas. Sei a forma como o e-mail entrou, então eu posso impedir ações como cortar, copiar e colar para informações corporativas, ou anexos corporativos, até mesmo o conteúdo de um e-mail. Porque eu sei de onde veio. Isso é o que o torna especial. Não tenho duas contas diferentes de e-mail. Sou apenas uma pessoa 24 horas por dia. Então eu quero fazer minhas tarefas corporativas e quero fazer as minhas coisas pessoais. E quero ser capaz de navegar entre elas sem problemas. Imagine esse mesmo conceito em um tablet. Vou poder mudar entre uma aplicação corporativa e uma pessoal. A corporativa vai incluir todos seus dados armazenados em um sistema separado e criptografado. E a aplicação será impedida em um profundo nível OS (deep OS level) de ser transferida para os arquivos pessoais. Então meus dados não podem ser expostos. Quando quiser lançar meu aplicativo corporativo, insiro minha senha. Quando eu não quiser entrar no aplicativo corporativo, posso jogar meus videogames, posso brincar na internet, fazer o que eu quiser. Quando quero fazer algo corporativo, eu faço o login e posso ter acesso aos dados empresariais. Isso cria uma experiência muito segura, mas que pode me deixar entusiasmado como usuário, porque está tudo em apenas um aparelho.
Terra - E a segurança?
Panezic - Segurança é uma das coisas que está no centro de nossa credibilidade desde o começo. Sempre pensamos que você não pode lidar com a segurança após o fato. Porque daí será muito tarde, você já foi exposto. As informações de cartões de créditos das pessoas já estão na internet. Você já teve os blackouts. É muito difícil se recuperar desse tipo de coisa. Nós colocamos nosso dinheiro onde estão nossos interesses. Há alguns anos adquirimos uma companhia porque tinha tanta propriedade intelectual, tantos talentos lá dentro. Gostamos tanto que compramos a empresa inteira. Integramos eles à nossa instrutura de nuvem, em nossos produtos de uma forma profunda. Então nós construímos em cima dessa segurança. Segurança é uma dessas coisas que o usuário não nota até que sua privacidade seja violada e então já é tarde demais. Então nós priorizamos nossos investimentos em companhias que realmente possam nos permitir formas realmente fortes para competir nesse campo.
Terra - Você pode falar dos investimentos da RIM na nuvem?
Panezic - Posso apenas afirmar que nossos investimentos nos serviços de nuvem estão aumentando. Acreditamos que essa é uma mudança estratégica que está ocorrendo na indústria. Pense em como os serviços de nuvem podem modificar a forma como as pessoas podem interagir uma com as outras. Pensamos nisso como uma coisa muito poderosa. Um exemplo é o videochat. Se estou aqui no Brasil e minha família no Canadá, eu posso conversar com o meu pai. Isso faz toda a diferença. Vamos mudar completamente a qualidade de comunicação que as pessoas vão ter.
Terra - O que mais muda a relação das pessoas com a tecnologia?
Panezic - Há bolsões geográficos no mundo onde a cobertura wireless é praticamente universal. Quando você nota que a cobertura não é mais um problema, as pessoas começam a interagir com a tecnologia de forma diferente. Você não pensa mais em contactar alguém. Você simplesmente contacta. Talvez você pense na forma. Talvez agora seja melhor ligar, talvez seja teclar, ou até mesmo uma videocall. Você começa a ter uma expectativa diferente em relação à tecnologia, o que chamamos de imigração digital. Somos todos imigrantes digitais. A internet foi inventada em nosso tempo de vida. Há também os nativos digitais, aqueles que nasceram com a internet, os adolescentes. Eles são simplesmente diferentes. Eles pensam "por que eu vou para uma biblioteca? Eu tenho a internet, a wikipedia!" Nós teremos uma geração que virá depois dessa, que vai ser wireless. Vamos simplesmente nos acostumar a estar conectados em qualquer lugar.
Terra - Como a RIM vê o Brasil?
Panezic - O Brasil é um desses países em que a economia está crescendo. Vocês foram tão longe. Da mesma forma que a cobertura wireless cresce e a relação das pessoas com a tecnologia se modifica, isso acelera. Na Europa, por exemplo, já havia um sistema de cobertura. Não há absolutamente nada que impeça o Brasil de chegar a esse nível. Vejo isso acontecendo em muitos países, que acabam por se tornar produtores de tecnologia. O Brasil não tem apenas a oportunidade de ser um veloz seguidor de tendências, mas de ser um líder. Para nós é um mercado extremamente importante. É uma das principais economias, líder na América do Sul e é um país que marca os padrões para o resto da região. As pessoas olham para o que está sendo feito no Brasil para poder implementar.
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