Fixar a escolha de um apartamento a um único bairro em São Paulo pode significar a perda ou o atraso de bons negócios. Isso porque o preço do metro quadrado dos imóveis usados varia até 53% em uma mesma zona de classificação, segundo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). Ao ampliar o leque de escolhas, o comprador pode conseguir uma unidade com o mesmo padrão por um preço mais acessível em um bairro próximo ao originalmente pretendido.
Segundo o professor Ricardo Almeida, coordenador do curso de pós-graduação em Negócios Imobiliários da FAAP, a primeira referência do comprador é por um imóvel que está localizado onde ele foi criado. Se ele vai conseguir ou não, vai depender da capacidade financeira. Exemplo clássico, diz Almeida, é o de um jovem que cresceu em Higienópolis, um bairro valorizado. Ele gostaria de morar lá, mas opta por locais próximos por conta do preço dos imóveis. “O comprador deve avaliar o que realmente quer e fazer um círculo no mapa da cidade em busca de boas oportunidades”, afirma.
Na maioria dos casos, o comprador chega à imobiliária com uma opinião formada: bairro escolhido e características específicas. Mas com a procura e o tempo, ele percebe que a sua preferência e o dinheiro que tem nem sempre condizem com o mercado. “O comprador deve ponderar que pode morar bem, em um local bom, mas nem sempre no bairro em que foi criado ou de sua preferência inicial”, afirma o gerente de negócios da Lello Imóveis, Cristiano Araujo Souza.
Além da localização, outros fatores influenciam no preço: quantidade de vagas na garagem, metragem, sacada, área de lazer, andar e se o imóvel tem uma vista agradável. A idade do imóvel também influi no valor, mas nem sempre o apartamento mais novo é mais caro. “O estado de conservação interfere no preço”, afirma o presidente do Creci-SP, José Augusto Viana Neto. “Geralmente o cliente tem uma convicção na cabeça, mas deve pesquisar bastante em busca de outras opções para conseguir bons negócios”, afirma.
Uma das grandes vantagens do imóvel usado é a negociação. Segundo Viana, dificilmente o negócio é fechado com o valor inicial. Na capital, o desconto médio é de 6%. O aeronauta Luiz Antonio Ribeiro, de 50 anos, buscou o apartamento ideal no Tatuapé por seis meses até fechar a compra. “Consegui um desconto de cerca de 5%, que ajudou a pagar comissão e documentação”, conta. Durante a pesquisa, ele encontrou diferença de preços entre 10% e 20%, dependendo da localização, número de vagas na garagem e estado de conservação. “Encontrei um meio termo entre o que estava procurando e o que podia pagar.”
Quem planeja a compra de um imóvel a prazo não deve avaliar só o valor da prestação. Adriano Gomes, professor do curso de Administração da ESPM, destaca que entrar em um financiamento de longo prazo exige cautela e planejamento. É preciso levar em consideração os custos da documentação, impostos, condomínio e manutenção. “O brasileiro tem o sonho da casa própria, mas deve avaliar muito bem as condições financeiras da família antes de comprometer o orçamento.”
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