A cada mês, o mundo assiste 4 bilhões de horas de vídeos
no YouTube - e esse número só vai aumentar com a facilidade de acesso,
cada vez maior, via celular. Sim, o YouTube também é considerada uma
rede social, uma vez que ali é possível comentar, criticar,
compartilhar, gostar e todo o tipo de interação característica das
mídias sociais.
Ali encontra-se de tudo, de piadas sem graça a clipe de artistas
famosos, de inocentes filmes sobre cães e gatos a confissões
inconfessáveis. Há novatos querendo alardear seus talentos, discursos
políticos, telejornais, o episódio de ontem da novela.
Há publicitários mostrando o making of de suas campanhas e anônimos
falando sobre qualquer assunto. A cada minuto, 72 horas de vídeo são
disponibilizados no YouTube.
Ou seja, de produções caseiras a profissionais, ali tem de tudo,
espelho do mundo real em que vivemos. Vídeos com conteúdo nem sempre
apropriado, interessante ou mesmo relevante misturados a coisa séria,
histórica, educativa.
Entre aqueles que souberam aproveitar a ferramenta para ganhar
dinheiro está a indústria de beleza, mais especificamente a de
maquiagem.
Interessante entender porquê. Não há muito tempo, mulheres que usavam
muita maquiagem eram tidas como prostitutas. Maquiagem colorida e
carregada era permitida em dias de festa, num casamento ou numa balada -
se tanto.
Para completar, os produtos custavam os olhos da cara. Assim,
gerações inteiras - nas quais me incluo - não aprenderam a usar
maquiagem com suas mães, tias, avós.
Vai daí que hoje, com as cores amplamente liberadas para todo tipo de
pele, o segmento com maior audiência no YouTube é justamente o de
tutoriais de maquiagem, onde aprende-se a usar pós e sombras. Quem
ensina - garotas que começaram a se maquiar em frente ao computador por
diversão ou porque revendiam produtos - tornaram-se gurus de maquiagem.
Recentemente, tive uma "aula" sobre o assunto com Juliano Spyer, mestre em antropologia digital pela University College London.
Ele contou a história de algumas dessas gurus. Lauren Luke,
britânica, mãe solteira aos 14 e excluída da escola, ganhava seu
sustento vendendo maquiagem no eBay.
Como recebia inúmeras perguntas sobre os produtos e cansou-se de
respondê-las uma a uma, via email, decidiu filmar a si própria usando
aquilo que vendia. Hoje, Lauren tem sua própria marca de maquiagem,
escovas e pincéis, além de vários livros publicados. E ela não é a
única.
Há outras, igualmente ou até mais famosas. Michelle Phan, americana
de origem vietnamita, tem quase 2,5 milhões de assinantes em seu canal
no YouTube e cada tutorial que produz bate facilmente a casa do 1,5
milhão de visualizações. E olha que ela produz um vídeo por semana!
A indústria, atenta, patrocina várias dessas garotas ou usa o espaço
para anunciar produtos em geral, roupas, acessórios, perfumes. Fato é
que desbravou-se, dentro do YouTube, uma mina muito, muito rentável.
E com certeza há outras. Redes sociais são ferramentas potentes para
quem sabe tirar proveito delas. São um caminho alternativo e
complementar aos demais canais publicitários e de informação.
E deveriam estar no planejamento de 2013 de todas as empresas que
pretendem atravessar e crescer nos próximos anos. Porque nas redes, a
audiência só vai aumentar.
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Roberta Rosetto é jornalista e sócia da Coworkers Mídias Sociais
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