Apesar de altos e baixos, 2012 termina com mais um
recorde nas vendas. A previsão até 31 de dezembro é de que se vendam
3,810 milhões de automóveis e comerciais leves e pesados. O crescimento
de 4,9% se alinhará ao previsto pela Anfavea, que sustentou seus números
apesar de um começo de ano muito difícil.
PROMESSAS DE ANO NOVO
RENAULT, única dos fabricantes nacionais a importar apenas da Argentina, mudará o foco em 2013. Estuda o que trazer de fora e candidato mais forte é o SUV Koleos (foto). Quanto à fabricação local do monovolume Lodgy, empresa reafirma não estar nos planos, nem remotos. Mas dupla Logan e Sandero ficará igual à europeia, no último trimestre de 2013.FORD tem linha de produtos menor que a GM, mas também renovará tudo. Versão SUV da Ranger, a Everest, estreia aqui em 2013, vinda da Argentina. Novo Ka terá versões hatch e sedã (pela primeira vez) e motor de 3 cilindros (inicialmente sem turbocompressor), em 2014, tudo direto da Bahia. Novo Fiesta será paulista. E sairia até EcoSport de sete lugares.
O ano, mais uma vez, foi salvo pelos estímulos de corte parcial nos
impostos. Esse tipo de manobra econômica sempre dá certo no Brasil
porque os impostos aqui são insanos. Em países como os Estados Unidos,
onde a sanha arrecadadora do governo é baixa, e mesmo da Europa, esses
cortes provisórios da carga fiscal mostram efeito limitado. Então, por
um lado, cobrar mais impostos implica certa flexibilidade para
incentivar a comercialização nos momentos de crise, o que serve muito
mais de consolo dispensável do que real alívio.
A prorrogação do IPI mais baixo -- tudo indica -- é o que se prepara como "presente de Natal" para os brasileiros.
Maioria dos consumidores deve preferir não arriscar e comprar logo.
Precisamos, porém, de algo mais que benesses provisórias. Aqui a taxação
sobre automóveis, em termos nominais, é o dobro da média europeia e
quatro vezes maior do que nos EUA. Diz-se que há necessidade dessa
arrecadação para manter programas sociais. Por esse ângulo, louvável;
por outro, desculpa esfarrapada. Com intervencionismo não chegaremos a
lugar nenhum. O governo quer ser "sócio" de tudo e de todos.
Um
desvio nas previsões da Anfavea, entretanto, preocupa. No começo deste
ano a entidade dos fabricantes esperava crescimento de 2% no número de
unidades produzidas. Na realidade, vai cair 1,5%. Interrompeu-se uma
série de nove anos contínuos em que a produção crescia. Desde 2003 as
linhas de montagem aumentam seu ritmo, embora sempre abaixo do
crescimento das vendas. A produção é calibrada por exportações e
participação de importados no mercado interno, de origem argentina
(positiva, pois o comércio está equilibrado) ou de outros países.
Deve-se atentar a este indicador porque é daí que surgem empregos e
sustentação do consumo. Afinal, 2011 terminou com 23,6% de participação
de importados (pico de 27%, em dezembro) e as restrições criadas
deveriam significar queda acentuada. Este ano, contudo, as importações
devem representar 21% do total, recuo relativamente modesto.
O
retrocesso da produção se deu, em parte, pelo ano fraquíssimo para
caminhões, mas o problema mesmo está nas exportações, que encolheram 21%
sobre 2011. O custo Brasil, principalmente, e o câmbio valorizado são
explicações óbvias, sem contar a forte concorrência nos mercados de
exportação do país exacerbada pelo excesso de oferta mundial.
Reflexo nos empregos não ocorreu. Ao contrário, fabricantes de veículos
criaram 5.500 postos, o que se explica pelas novas instalações
industriais da Hyundai e da Toyota, além do acordo de não demissão como
compensação aos cortes do IPI. Sabe-se, porém, que a General Motors tem
cerca de 1.000 empregos sob risco, em São José do Campos (SP).
Para 2013, a Anfavea acredita numa reação da produção, alinhada com suas
previsões de crescimento das vendas (até 4,9%) que, por sua vez,
dependem do comportamento do PIB. Resta saber se é torcida ou realidade.
Siga o colunista: www.twitter.com/fernandocalmon
RODA VIVA
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+ Depois de assinar acordo com a Chery para produzir Land Rover e
Jaguar na China, o braço britânico da indiana Tata investirá US$ 1,2
bilhão na Arábia Saudita: de início 50.000 utilitários/ano. Assim, falta
pouco para a próxima bola da vez entre emergentes, o Brasil. Nosso país
já chegou perto de se considerar "emergido", mas por enquanto só os
olhos aparecem...
+ Citroën DS5 (R$ 124.900) não parece,
mas utiliza mesma arquitetura do C4 e do Peugeot 3008, com entre-eixos
alongado (2,73 m). Espaço interno é muito bom, embora sair do banco
traseiro exija algum esforço em razão do desenho do carro. Interior
sofisticado (três tetos solares) e porta-malas de 465 litros convidam a
viajar, em asfalto liso, onde está "em casa".
+ Lançada
no recente Salão Internacional de Veículos Antigos, em São Paulo,
primeira rede social para praticantes ou apreciadores
do antigomobilismo. Em seu site
é possível interação e utilização sem custos de recursos e aplicativos
especificamente desenvolvidos para a atividade tão pouco apoiada no
Brasil.
Fernando Calmon
Fernando Calmon, engenheiro, é jornalista especializado no setor
automobilístico desde 1967, quando produziu e apresentou o programa
'Grand Prix' na TV Tupi, no ar até 1980. Dirigiu a revista AutoEsporte
por 12 anos e foi editor de automóveis das revistas O Cruzeiro e
Manchete. Entre 1985 e 1994, produziu e apresentou o programa 'Primeira
Fila' em cinco redes de TV. A coluna Alta Roda, criada em 1999, é
publicada semanalmente -- na internet, é exclusiva de UOL Carros. Calmon
também atua como consultor em assuntos técnicos e de mercado na área
automobilística, e como correspondente para o Mercosul do site inglês
just-auto. Email: fernando@calmon.jor.br
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