Primeira visita será dia 10; para fazer passeio de 3h e ver de fabricação de dinheiro a passaporte, é preciso se increver na internet
Cercada de segurança e esquemas de proteção, a Casa da Moeda vai
abrir as portas ao público pela primeira vez. Trinta pessoas, inscritas
pela internet, farão um roteiro de três horas para conhecer os setores
de fabricação de dinheiro, moedas e medalhas e a gráfica, onde são
feitos passaportes, diplomas e selos. A primeira visita está marcada
para dia 10 deste mês.
O
ponto alto do passeio é o setor de impressão de cédulas. Cada nota que o
leitor guarda na carteira levou 12 dias para ficar pronta, em um
trabalho ininterrupto - a fábrica funciona 24 horas, em três turnos.
Veja também:
O papel vem de São Paulo, é fornecido pela empresa Arjowiggns, e
passa por cinco processos de impressão, nos quais recebe marcas d'água,
alto-relevo, fibras invisíveis sensíveis à luz ultravioleta.
O início da visitação pública coincide com o lançamento das notas de
R$ 10 e R$ 20, impressas com maquinário recém-comprado pela Casa da
Moeda. O equipamento permitiu aumentar o número de cores das cédulas -
as antigas tinham 19, agora são 28. Os guias que acompanharão os
visitantes revelarão outras curiosidades: as figuras das novas cédulas
são formadas por micronúmeros no valor da nota.
A Casa da Moeda imprime 10 mil folhas por hora, cada uma com 45 ou 50
cédulas, dependendo da nota (as de R$ 50 e R$ 100 são maiores). São
2,25 milhões de notas em cada turno de trabalho. Depois de impressas, as
cédulas vão para a Seção de Crítica. Mulheres analisam as notas em
busca de erros gráficos. "Já tentamos colocar homens para fazer essa
tarefa, mas não é o mesmo resultado. As mulheres são mais detalhistas",
explica o gerente executivo de impressão de cédulas, Roberto Miguel da
Silva, de 57 anos, desde os 16 funcionário da Casa da Moeda.
Silva já imprimiu dinheiro de nomes que ganharam variações ao longo
dos anos - cruzeiro, cruzado, cruzeiro real. No fim dos anos 1980,
quando mil cruzados viraram um cruzado novo, ele incorporou um carimbo
aos instrumentos de trabalho. "O dinheiro perdia zeros e a gente
carimbava as notas para informar o novo valor."
O aumento da inflação também é sentido pelo vaivém dos caminhões do
Banco Central. Hoje são três retiradas semanais e o cofre chegou a ter
um bilhão de cédulas. No passado, as retiradas eram diárias e não havia
tempo de armazenar as notas.
A nota preferida de Silva foi a de polímero (aquela de R$ 10, feita
em material plástico). Mas não era durável como se esperava. Hoje, sua
menina dos olhos é a de R$ 100, que ajudou a desenvolver. "Não é pelo
valor, mas é um trabalho que acompanhei, tem cor ali que fui eu que
fiz."
Silva não gosta de falar em quanto o setor imprime por ano. "Não
trabalho com valores, mas com produto. Neste ano, serão 2,84 bilhões de
cédulas. Eu falo para os mais jovens quando chegam: 'Não se deslumbrem, é
só um produto. Podia ser selo'."
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