Personagens emprestam sua imagem a quase três mil produtos no Brasil e licenciamentos respondem a 90% do faturamento da Maurício de Sousa Produções
Diversidade de produtos
Os licenciamentos da marca chamam a atenção pela diversidade, indo
desde roupas e brinquedos até alimentos como as já consolidadas Maçãs da
Turma da Mônica, lançadas em 1995 pela Pomelle, comprada em 1998 pelo
Grupo Fischer (Citrosuco). Na época, o objetivo da empresa com a
parceria era agregar importância às frutas pequenas, que até então
tinham pouco valor comercial no país. A estratégia deu certo e as Maçãs
Turma da Mônica representam hoje 10% do volume total de vendas da fruta
na empresa.
Nas gôndolas, os consumidores encontram ainda mamões, melancias,
cenouras e, mais recentemente, goiabas com a identidade dos personagens.
Estas últimas são vistas como um desafio para a empresa, por se
tratarem de um produto difícil de se operar. “As Goiabas do Chico Bento
representam uma dificuldade porque são produtos delicados e que machucam
com facilidade e nem todas as pessoas gostam. Elas exigem um cuidado
especial no transporte e armazenagem”, explica Mônica de Sousa, Diretora
Comercial da Maurício de Sousa Produções, em entrevista ao Mundo do
Marketing.
Emprestar o nome de figuras como Mônica, Magali e Chico Bento a uma
linha de produtos é algo estratégico e uma tarefa executada com cuidado
pela equipe, que leva em consideração critérios como a relevância e a
identificação com os valores da marca antes de firmar parcerias. As
fábricas são visitadas e uma equipe da Maurício de Sousa Produções
avalia os cuidados com os processos de fabricação e distribuição. Outro
ponto é a expectativa de durabilidade do acordo para que, em caso de
problemas futuros, os personagens não tenham a imagem prejudicada.
Turma da Mônica Jovem
A Turma da Mônica Jovem, lançada em 2008, também empresta seu nome a
produtos como artigos escolares e estéticos. A empresa de itens de
beleza Merheje fechou uma parceria com a Maurício de Sousa Produções
para desenvolver uma linha de cuidados para as unhas composta por
alicates, lixas e esmaltes com foco no público adolescente. O próximo
passo da marca visa as crianças da nova geração, cada vez mais ligada à
internet e aos celulares. A empresa está desenvolvendo um novo site e
diferentes estratégias focadas nas redes sociais. Os quadrinhos, que
mostram a versão adolescente dos personagens, atingiram uma marca
recorde de vendas para o mercado de HQs. Juntas, apenas as quatro
primeiras edições da revista venderam mais de 1,5 milhão de exemplares.
O bom desempenho dos licenciamentos da marca Turma da Mônica está
ligado ao pioneirismo e às gerações de pais que tiveram experiências com
os personagens e querem transmiti-las aos filhos. “As crianças da
década de 60, 70 se tornaram pais que acharam interessante repassar para
os filhos. Podemos dizer hoje que a Turma da Mônica já está na sua
terceira geração de público, porém, o interessante é que eles se
atualizam para acompanhar o tempo e isso é fundamental para conquistar
as novas gerações”, explica Arnaldo Rabello, Especialista em Marketing
Infantil, em entrevista ao Mundo do Marketing.
A mudança de paradigma das marcas, mais focadas na busca por valores e
na relação emocional, construiu para a Turma da Mônica a imagem de uma
infância saudável e que representa o lúdico e o fantasioso. “Quem se
identifica com isso o faz em várias categorias de produtos, por isso
essa diversidade tão grande de licenciamentos. O personagem empresta aos
produtos tanto os atributos de diversão, quanto dessa relação com a
infância e com os valores da Turma da Mônica”, completa Rabello.
Parque da Mônica
Em 1993, a Mauricio de Sousa Produções decidiu expandir seus negócios
para o entretenimento, inaugurando o Parque da Mônica. O espaço temático
ficava localizado no Shopping Eudorado, em São Paulo, e operou até
fevereiro de 2010, quando fechou suas portas. Houve ainda uma unidade no
Rio de Janeiro, operada por acionistas por meio do licenciamento, que
fechou suas portas em 2005, cinco anos após a inauguração.
A empresa busca agora parceiros para abrir um outro espaço, porém, não
pretende mais atuar com uma operação própria, mas com licenciamento. “A
questão é que não temos este tipo de know-how. Operamos bem o parque até
que tivemos que entregar o espaço a pedido do shopping. Hoje procuramos
um parceiro, mas que ele seja o parqueiro e nós voltaríamos a ser só o
licenciado. Somos construtores de conteúdo, mas não temos conhecimento
suficiente para operar um parque”, completa Mônica de Sousa.
Um dos acordos firmados recentemente é a parceria com o Wet’n’Wild, em
São Paulo, que oferecerá aos visitantes um brinquedo inspirado no
personagem Cascão. Enquanto isso, a Maurício de Sousa Produções estuda
possibilidades de associação a outros espaços temáticos para emprestar
as imagens de seus personagens.
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