Colocamos frente a frente os dois sedãs nacionais compacto-médios
Chevrolet Cobalt (R$ 43.898) já conquistou seu espaço, mas enfrenta o novo Grand Siena (R$ 36.000)
Para esses dois sedãs, não restam dúvidas: tamanho é documento. Lançados há poucos meses no mercado brasileiro, Chevrolet Cobalt e Fiat Grand Siena
têm muito em comum. Os dois modelos nasceram de uma nova safra de sedãs
que claramente privilegia o espaço interno. Em outras palavras, ter a
carroceria mais encorpada para eles não é vantagem, é necessidade. Esse
diferencial ganhou corpo (não resisti ao trocadilho!) com o Renault Logan,
precursor entre os sedãs compactos com dimensões médias. O modelo da
fábrica francesa formou adeptos, e o estilo virou tendência: quanto mais
espaçosos, melhor.
Só que, além desse "legado", o Logan também deixou um questionamento: é possível ser grandão e belo? Bom, o tema é subjetivo. E Cobalt e Grand Siena
são duas das referências, para o bem ou para o mal. Desde que apareceu
pela primeira vez, o Chevrolet causa estranheza. O visual grotesco da
dianteira contrasta com a traseira mais discreta e elegante. Seu porte
bruto, em parte, é responsável por atrapalhar a harmonia das linhas. São
volumosos 4,48 metros de comprimento, por 1,73 m de altura e 1,51 m de
altura. Nem os sedãs médios possuem tais medidas. O trunfo recai sobre o
porta-malas de 563 litros.
Visuais podem levantar polêmicas, mas deixam clara a prioridade: espaço interno
Do outro lado temos um Grand Siena
controverso, mas melhor resolvido. As linhas dianteiras conversam com
as laterais e a traseira. Em termos de design, não há como afirmar que o
novo sedã da Fiat carece de beleza. Ao mesmo tempo, as formas são um
tanto exageradas para um compacto. Em tamanho, o Grand Siena ficou
muito próximo do Linea, atual sedã médio da Fiat. Só que partindo de um
preço inicial razoavelmente menor. Este, aliás, é outro aspecto comum a
essa turma de sedãs. Não basta ser grande, é preciso ser acessível. E
isso tem um custo. Cobalt, Grand Siena e Cia são básicos. Nada de luxo.
Para
notar essas características, basta um passeio a bordo desses dois
compactos. Nas cabines, os revestimentos plásticos são abundantes,
modernos e até atraentes. Mas também explicitam a busca pelo baixo
custo. Os painéis não trazem peças acolchoadas, algumas peças
simplesmente não encaixam de forma precisa. E o requinte está em
molduras que imitam metal ou no couro que cobre volante e bancos. A
lista de equipamentos também influencia essa percepção. Chave do tipo
canivete, ar-condicionado digital, sistema de som com Bluetooth e
entrada USB, sensores de obstáculos...
Grand Siena usa bastante plástico e aposta em formas arredondadas
Chevrolet Cobalt evolui desenho iniciado no Agile em seu interior
Mecânicas compactas, mas ultrapassadas
Para este comparativo, elencamos duas versões distintas de Cobalt e Grand Siena.
A regra era ter motor 1.4 flex. Na gama do sedã da Fiat, veio a
configuração básica Attractive, única equipada com motor dessa
cilindrada, capaz de gerar 88 cv e 12,5 kgfm de torque aos 3.500 rpm
(com etanol). No caso do Cobalt, a configuração não influenciou, já que o
Chevrolet por enquanto só usa o motor 1.4 litro de 102 cv e 13 kmgf de
torque aos 3.200 giros – também com álcool. Uma vez juntos, só havia um
problema: os preços. O Grand Siena Attractive custa R$ 36.000, enquanto o Cobalt LTZ tem valor sugerido de R$ 44.833. Só que o sedã Fiat, quando completo, passa a R$ 44.750, valor equivalente ao pedido no Cobalt LTZ – que não tem opcional.
Ou seja, juntando os opcionais presentes na versão testada, o Grand Siena Attractive é adversário direto do Cobalt LTZ. Sendo assim, restava levar os dois modelos para a pista e ver qual deles se sairia melhor. Vou confessar, na redação de Autoesporte a expectativa era de que o Grand Siena fosse
vencer o duelo com alguma facilidade – dado o porte avantajado do
rival. Mas os números não corresponderam. O sedã Fiat levou a melhor nas
retomadas e na medição de consumo. Aqui, as médias urbanas foram
idênticas (6,9 km/l com etanol), mas as rodoviárias favoreceram o Fiat,
com 12,2 km/l ante 9,4 km/l.
Fazendo as contas, o Grand Siena marcou de 9,5 km/l em percurso misto, enquanto o Cobalt fez 8,1 km/l "bebendo" o combustível vegetal. Já nos testes de aceleração, o Cobalt
venceu. Na arrancada de zero a 100 km/h, por exemplo, o modelo precisou
de 13,2 segundos, enquanto o Fiat levou 13,6 s. E nas retomadas, deu Grand Siena de novo, e com diferença maior. Para resgatar o fôlego dos 40 km/h aos 80 km/h em 3ª marcha, o Cobalt
gastou 8,8 segundos, um a menos que o rival, que gastou 7,8 segundos.
Para ir de 60 km/h a 100 km/h, a distância caiu, com 11,9 s contra 12,2
s. Vale notar que nenhum dos modelos é vigoroso. Os motores 1.4 oferecem
bom fôlego, mas sofrem com o veículo carregado ou em ladeiras.
Grand Siena ficou a frente do Cobalt em consumo médio: 9,5 km/l contra 8,1 km/l
Nos testes de frenagem, a carroceria encorpada (e bitola maior) fizeram a diferença para o Cobalt.
Enquanto o sedã da Fiat precisou de 52,7 metros para frear totalmente
aos 100 km/h, o Chevrolet percorreu distância bem menor, de 46,9 m. Mais
lentos, a velocidade de 80 km/h, os dois rivais tiveram desempenhos
parelhos. Mais uma vez deu Cobalt, que de fato
transmite mais firmeza e equilíbrio nas retas, curvas e, claro, nas
frenagens. O modelo da General Motors parou 100% após 25,6 m, enquanto o
Grand Siena se “arrastou” por 26,9 m. Então, ponto para o Cobalt. Detalhe: os dois sedãs estavam equipados com freios ABS.
Vida a bordo e ao volante
A disputa entre as versões de 1.4 litro também é bem intensa no dia-a-dia dentro dos sedãs. No Grand Siena,
o interior é ligeiramente maior que no modelo de primeira geração – o
recém-atualizado Siena EL. E esse tamanho maior para cima e para os
lados ampliou o conforto a bordo. Uma crítica: a Fiat poderia ter criado
mais nichos ao redor dos assentos. Mesmo os bolsões das portas são
estreitos. Por outro lado, o painel usa materiais atraentes. As texturas
das peças de plástico agradam, e o desenho é bem resolvido e funcional.
No geral, o nível de acabamento melhorou nitidamente. Até para condizer
com a faixa de preços.
No Cobalt, essa amplitude de espaço é ainda maior a bordo. O modelo da Chevrolet é mais largo e comprido que o Grand Siena.
No interior, a sensação é de se estar a bordo de um carro médio mesmo. E
com direito a um porta-malas gigante, de 563 litros – razoavelmente
superior ao sedã do sedã da Fiat, também possui um compartimento
generoso de 520 litros. Nos bancos traseiros, vão três adultos de porte
médio com folga. Outro aspecto acertado pela GM foi a variedade de
porta-objetos – entre os bancos, no painel e nas portas. No quesito vida
a bordo, o Cobalt fica em vantagem. Só perde no estilo, que também pode agradar com os instrumentos digitais.
Grand Siena fez aceleração de 0 a 100 km/h em 13.6 segundos
Moral da História
Num primeiro olhar, o design do Grand Siena quase me convenceu a nem olhar muito para o Cobalt.
Mas não que o modelo da Fiat seja uma obra de arte móvel: na realidade,
o sedã da Chevrolet que é meio “bronco”, com a grade enorme e os faróis
meio fora de proporção. Mas nos vários dias que passei com os dois
modelos, a vida a bordo do sedã da GM me surpreendeu positivamente. Além
de mais espaçoso e cheio de porta-objetos, a sensação de equilíbrio e
solidez ao volante é maior. Para completar, o quadro de instrumentos
digital tem melhor visibilidade. E os plugs para gadgets (auxiliar e
USB) ficam mais bem localizados.
O Grand Siena
também tem o interior agradável, os bancos são mais verticalizados e a
visibilidade é melhor que no rival. Mas nesta configuração Attractive
1.4, o Fiat só vale se o modelo sair mais em conta. Equipado com todos
os opcionais, o modelo sobe de R$ 36.000 para R$ 44.750, e fica colado
no Cobalt LTZ. A versão topo de linha do sedã da GM é vendida em pacote fechado por R$ 44.833.
Sendo assim, neste embate deu Chevrolet Cobalt,
que apesar de não ser tão belo visualmente, oferece um interior mais
bem planejado, motor um pouco mais potente e uma estabilidade dinâmica
maior em movimento.
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