Intimidar o candidato ou simplesmente se organizar? Afinal, o que está por trás da repentina mudez do recrutador durante a entrevista?
São Paulo – Entrevista de emprego
é o tipo de situação que deixa qualquer pessoa mais ansiosa do que o
normal. Agora, o que fazer quando após uma resposta segue-se um longo
silêncio?
Candidato e recrutador se encarando (ou, pior, recrutador encarando o
relógio) e ninguém diz uma palavra. Será que o entrevistador deixa estes
hiatos na conversa acontecerem propositalmente?
Para Sérgio Sabino, da Michael Page, a resposta é não. “Os recrutadores
são treinados para deixar o candidato à vontade e poder tirar dele o
que há de melhor”, diz. Ele defende que esses silêncios nada mais são do
que parte comum da conversa.
Já Rodrigo Forte, da EXEC, afirma que essa é uma técnica conhecida
entre recrutadores como a “técnica do silêncio”. Segundo ele, o
entrevistador pode se usar desse artifício quando o candidato é muito
superficial na resposta.
“A gente tenta ver se ele se constrange e traz respostas mais
completas”, fala. Forte ainda completa dizendo que o silêncio
constrangedor pode ser uma maneira de avaliar o nível de desenvoltura do
candidato.
Há, ainda, uma terceira explicação para aqueles momentos chatos em que
ninguém fala. André Magro, da Hays, sugere que existe a possibilidade de
o recrutador estar usando esse tempo para se organizar.
“Às vezes, a gente precisa de um tempo. O entrevistador precisa avaliar
e entender as respostas de um candidato que, não raro, está bastante
nervoso”, diz.
Mas... e o que fazer nessas horas?
Independente do motivo pelo qual o tal do hiato aconteceu, o certo é
que quanto mais tempo ele durar, mais inseguro o candidato fica. Os três
especialistas podem ter imaginado razões distintas como causa, mas
concordam em uma solução: o candidato tem de aproveitar esse momento
para falar.
“O entrevistado tem de tentar manter o diálogo e despertar o interesse
do recrutador. Por isso, é importante ter atenção na linguagem corporal e
saber se adaptar”, explica André Magro.
Rodrigo Forte diz que o entrevistador tem de aproveitar o silêncio para
continuar desenvolvendo a última pergunta “ou levantar outro ponto que
considere positivo e importante a seu respeito”, completa. Uma outra
opção para quem não quer cair no erro de "falar só por falar" é
questionar o próprio entrevistador. Afinal, há espaço para conversa nas
entrevistas de emprego.
"A dica é perguntar coisas como "tem mais alguma coisa que você
gostaria de saber sobre minhas experiências profissionais?", por
exemplo", diz Forte.
“No fim das contas, o importante é entrar na entrevista com
tranquilidade, demonstrar interesse no entrevistador e na empresa e
mostrar suas melhores qualidades sempre que tiver a oportunidade”,
finaliza Sabino.
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