Nosso cérebro é dividido em dois
hemisférios: o esquerdo, onde se desenvolve o raciocínio lógico; e o
direito, responsável pelo raciocínio criativo. O primeiro é usado no
nosso dia a dia. Tudo que realizamos está ligado ao hemisfério esquerdo –
o que nem sempre é vantagem para o mundo da criatividade, presente no
lado oposto.
Mais racionalidade e menos experimentações: isso é bom ou ruim? Se for
bom, até que ponto seria benéfico aos profissionais, às empresas e à
sociedade?
Acostumados a pensar e agir de acordo com os paradigmas cartesiano –
que é baseado no raciocínio lógico, linear, sequencial – deixamos de
lado nossas emoções, intuições, criatividade e tantas outras qualidades,
necessárias para uma vida produtiva. E o prejuízo que isto nos
representa, no papel de empreendedores, pode ser observado em
pesquisas.
Em 2010, de cada 100 brasileiros pelo menos 17 eram empreendedores,
segundo a Global Entrepreneurship Monitor. E isto nos coloca dentre os
países mais empreendedores do mundo. Porém, no mesmo período, dados
divulgados pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas) apontam que 62% dos novos empreendimentos no país vão a
falência nos primeiros cinco anos. A contraponto à consultoria
internacional, os dados também nos colocam no topo do ranking mundial de
fracassos em novos empreendimentos.
Se já somos a nação mais empreendedora do mundo, porque ainda não somos
capazes de manter nossas empresas? Sabe-se que empreender demanda uma
série de estudos lógicos a começar pelo plano de negócio. Porém o
pensamento cartesiano e racional tem sido suficiente para a continuidade
de nossas empresas? Estaria faltando emoções, intuições, criatividade
na manutenção de nossos empreendimentos?
A questão está muito clara! Um empreendedor que sabe aproveitar
criativamente as oportunidades consegue tomar decisões inovadoras com
uma dose moderada de intuição – e este pode ir muito mais longe que
indivíduos puramente movidos pela lógica. Nem sempre as respostas para
as perguntas que surgem no processo de administração de um negócio podem
ser encontradas somente nos dados estatísticos, financeiros e
teóricos.
Todo negócio conta com o envolvimento de pessoas, em diferentes
esferas. E isto torna o ambiente mercadológico totalmente imprevisível –
demandando sim, ações e decisões lógicas, mas também muita intuição e
criatividade na resolução de conflitos e problemas do dia a dia.
A mera memorização de fórmulas e teorias que nos deem as respostas
prontas para todas as perguntas nos prejudicam, em partes. Devemos nos
“rebelar” e partir para pensamentos criativos para empreendermos com
inovação, diferenciação e pioneirismo. Porque é isto que faz o sucesso e
a permanência de um empreendimento no mercado.
Portanto, meu conselho aos empreendedores é que no processo de
administração de seus negócios – e, principalmente, na tomada de
decisões - nunca deixem de ter os “problemas” esclarecidos por números e
fatos. Mas ao deliberarem, não se esqueçam de levar em consideração o
sexto sentido e a criatividade. Lição de casa feita, sucesso garantido!
Marcus Vinicius de Andrade é empresário e administrador de empresas.
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