Taxas reduzidas permitem que consumidor adquira casa própria mais cara pagando parcelas iguais às de antes dos cortes
As taxas de juros mais baixas para o crédito imobiliário ampliaram a
capacidade de financiamento de um imóvel em 10%. De acordo com cálculo
do Secovi, o mesmo valor desembolsado nas parcelas para manter um
financiamento antigo de R$ 150 mil vai valer para um de R$ 165 mil com
as taxas atuais, por exemplo.
"Essa redução dos juros pode ser utilizada de duas formas: quem não
conseguia comprar imóvel pode ter o seu imóvel e, agora, quem tiver
condição, pode comprar um imóvel 10% mais caro pagando as mesmas
parcelas", afirmou Celso Petrucci, economista-chefe da entidade.
Apesar do cenário positivo, a recomendação dos especialistas é de
cautela na hora fechar o negócio. O cliente deve levar em conta que os
contatos para o financiamento imobiliário são estabelecidos por longos
períodos, podendo chegar a 30 anos.
"Não é para ficar exageradamente ansioso com as novidades do setor. O
mais importante ainda é identificar se você quer mesmo o imóvel. É uma
decisão que vale por 30 anos", disse Roy Martelanc, professor da
Fundação Instituto de Administração (FIA).
A portabilidade para financiamentos imobiliários também costuma ser
burocrática, o que faz com a que a decisão tenha de ser a mais correta
possível. De acordo com o Secovi, o governo já estuda algumas mudanças
na regra da portabilidade para tornar a operação mais fácil. "No caso da
portabilidade, o comprador fica com a posse do imóvel, mas a
propriedade ainda é do banco", diz Petrucci.
As taxas mais baixas também preveem que o poder de barganha do
consumidor deve aumentar nos próximos meses. Nesta semana, o consumidor
tem uma boa oportunidade de testar o seu poder de barganha.
As cidades de São Paulo, Curitiba e Fortaleza vão receber a 8.ª
edição do Feirão da Caixa a partir desta sexta-feira. O evento vai até
domingo. "É importante pesquisar em vários bancos antes de fechar o
negócio", afirmou Martelanc, da FIA.
Em São Paulo, a Caixa estima que a oferta será de 195.500 unidades de
imóveis - 24.500 unidades devem ser de imóveis novos, prontos e na
planta.
Na primeira semana de maio, a edição do Feirão da Caixa passou pelas
cidades de Belo Horizonte, Brasília, Recife, Rio de Janeiro e Salvador.
Nessas cinco cidades, os contratos fechados somaram R$ 4,6 bilhões.
Na avaliação do educador financeiro Mauro Calil, sempre que o
orçamento permitir se deve optar pela compra da casa própria. "Não dá
para medir o estresse de não ter de renegociar o contrato de aluguel",
afirmou. "Só não compre por impulso, é ruim porque a pessoa pode se
meter numa dívida por 30 anos", diz.
Entre os analistas, não há uma unanimidade se os preços devem cair no
futuro. Para o professor Samy Dana, da Fundação Getúlio Vargas, o valor
dos imóveis deve recuar. "Eu acho que os preços estão exagerados, acho
que a gente passou do limite do razoável", disse. "Acredito que é
preciso esperar, os preços estão estáveis, em alguns lugares já estão
caindo", diz Samy.
Ele recomenda que, independente da decisão, o consumidor sempre
cheque o Custo Efetivo Total (CET) da operação para confirmar se não foi
cobrada nenhuma taxa que encareça demais o contrato.
Juros. Na avaliação do economista Eduardo
Zylberstajn, a queda dos juros para o financiamento do imóvel deverá ser
gradual e lenta. Ele explica que boa parte do estoque que financia a
poupança ainda é remunerada pela regra antiga (6,17% ao ano mais a TR).
"Fica difícil para o banco emprestar por menos de 9% ao ano ou 10% ao
ano", afirmou. "Seria preciso que todo o estoque de poupança fosse
resgatado. Isso vai demorar para acontecer", disse Zylberstajn, que
ressalta que os juros para financiamento imobiliário são baixos para os
parâmetros do Brasil.
Mercado. Segundo o economista-chefe do Secovi, os
preços dos imóveis deverão permanecer estáveis este ano. Para os imóveis
novos, a variação deverá ficar entre 5% e 10%. "É um repasse no preço
do custo de construção e aumento de mão de obra", afirmou Petrucci.
Os dados do primeiro trimestre do Secovi mostram uma alta de 27% no
número de unidades vendidas e também no valor das vendas. Já o número de
lançamentos de imóveis caiu 30% nos primeiros três meses do ano. /
COLABOROU LIGIA TUON
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