terça-feira, 20 de março de 2012

Jac comemora aniversário com 4 modelos brasileiros e IPI menor

Sergio Habib diz que governo vai reduzir imposto para quem investir no país. Novos carros da Jac serão exclusivos para o mercado brasileiro.

O aniversário de um ano da Jac Motors do Brasil, completos neste domingo (18), foi comemorado com o lançamento do sedã J5 e com o anúncio de quatro carros que serão fabricados na planta de Camaçari, na Bahia, prevista para ser inaugurada em 2014 e que receberá R$ 900 milhões de investimento - sem considerar o capital de giro.

A fábrica é a grande aposta da Jac, que, segundo o presidente da Jac Motors Brasil, Sérgio Habib, será beneficiada pelo pacote do governo que deve ser anunciado em abril. "O novo acordo dispensa o IPI para quem investir no Brasil. Ele vai sair em abril", diz Habib. "O que ainda não sabemos é se teremos que pagar o IPI e recuperar o dinheiro quando a fábrica abrir ou se teremos um cronograma para cumprir", revela.

Habib afirma ainda que o governo também aliviará a exigência do índice de nacionalização de 65% dos carros produzidos no país, sendo os dois primeiros anos de adaptação. "Estamos questionando este índice", afirma Habib, ao falar das montadoras com projeto no Brasil, como a também chinesa Chery.

A Jac pretende fabricar no país nos primeiros anos 120 mil unidades anuais, em dois turnos, e contratar 3,5 mil pessoas diretamente. A terraplanagem no terreno em Camaçari começa em setembro.
Jac J5 (Foto: Divulgação)Jac J5 acaba de ser lançado no país mas ainda não faz parte dos quatro modelos que serão fabricados em Camaçari, na Bahia (Foto: Divulgação)
Primeiro, um hatch
O primeiro modelo a ser fabricado em solo brasileiro será um carro totalmente novo, desenvolvido na China exclusivamente para o Brasil. Logo em seguida, virá a versão sedã dele. Para 2015, Habib confirma a produção de mais dois modelos, mas não revela detalhes. Ele só garante que os carros feitos aqui terão opção de câmbio automático CVT, em resposta às críticas de que os carros da marca como o J5, que tem apenas câmbio manual.

Mercado tímido
A Jac pretende atingir 2,5% de participação no mercado brasileiro assim que iniciar a produção local. No entanto, Sergio Habib acredita que o mercado de veículos no Brasil crescerá, porém de forma bem mais lenta do que aconteceu de 2006 até 2011, quando o volume chegou a 3,42 milhões de unidades emplacadas.

Segundo Habib, o mercado deve crescer neste ano 2%, para 3,5 milhões de unidades vendidas. Já a previsão para 2013 é de chegar a 3,68 milhões. "Este não vai ser um ano muito fácil, as vendas estão fracas. O mercado não tem mais esse crescimento explosivo", diz o empresário.

Habib atribui a nova realidade do mercado nacional às medidas restritivas de crédito tomadas pelo governo e que, com o aumento do depósito compulsório, deixaram os bancos mais restritivos para liberar crédito. "Os bancos não querem mais financiar em 60 meses", afirma Habib, ao destacar a dificuldade maior encontrada pelos consumidores para ter um financiamento liberado e a exigência das financeiras de entradas maiores.
Na análise de Habib o mercado de veículos no Brasil vai chegar a 4 milhões de unidades, e até a 5 milhões, mas vai demorar mais. "O setor no Brasil só vai voltar a crescer com mais força quando aumentar a massa salarial, e isso afeta muito o Nordeste, e quando o índice de inadimplência diminuir", analisa o presidente da Jac.

Presente mexicano
O anúncio do governo brasileiro, feito na última sexta-feira (16), de limitar as importações mexicanas caiu para a Jac como um presente de aniversário. O que a China tem a ver com o México? Nada, mas com a Jac, muito. Basicamente, um mercado a ser explorado com a abertura da fábrica em Camaçari e a barreira do IPI mais alto, que enfrenta desde dezembro do ano passado.

Para se ter uma ideia, somente o efeito psicológico com o anúncio em setembro do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados sobre os carros importados fez com que a participação da Jac no país caísse de 1% para 0,65%. Agora, sem ajustar preços, a marca conseguiu recuperar um pouco o mercado perdido e chega a 0,83%. "As pessoas ficaram com medo de comprar. O anúncio da fábrica ajudou muito", diz Habib.

"A decisão do governo brasileiro foi correta. Os mexicanos estavam invadindo o Brasil." Traduzindo, de certa forma, a restrição diminuiu o abismo entre os preços de modelos importados pelas montadoras sem operações no país, representadas pela Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), e os dos importados do México, também com maior valor agregado.

“Era natural que o consumidor que comprava carro importado de uma empresa da Abeiva (BMW, Audi, Kia etc.), com o aumento dos 30 pontos percentuais do IPI migrasse para um modelo equivalente produzido no México. Então, as associadas da Abeiva, de certa forma, foram ‘beneficiadas’ pela revisão do acordo”, disse o consultor e sócio da consultoria PwC, Marcelo Cioffi, consultado pelo G1, quando o anúncio foi feito.

 

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