Sedã chinês chega ao Brasil por R$ 53.800 e apela para os itens de série. Enquanto a suspensão surpreende, câmbio tira o conforto ao dirigir o carro.
Concorrer no Brasil com sedãs como Honda City, Ford New Fiesta ou modelos mais caros como Chevrolet Cruze e o Renault Fluence é uma batalha difícil, mesmo para carros que já conquistaram seus fãs. Mas a JAC não podia ficar fora do segmento dos sedãs médios, que exige bom acabamento e um nível de equipamentos de série superior à categoria de compactos. Assim, lança o J5, recorrendo a Faustão, a uma criança engraçada e a uma "baladinha" da moda como trilha sonora na propaganda que anuncia o carro por "R$ 53.800 e 6 anos de garantia".
JAC J5 chega por R$ 53.800 e com 6 anos de garantia (Foto: Divulgação)
Para atrair o cliente que ficará, portanto, 6 anos levando o carro para a revisão, e para tentar afastar o preconceito contra modelos "made in China", a lista de equipamentos do J5 conta com trio elétrico, faróis de neblina, faróis com regulagem elétrica de altura, ar-condicionado digital, direção hidráulica, rádio CD MP3 com entrada USB, seis alto-falantes, airbag frontal duplo, freios ABS com EBD e sensor de estacionamento traseiro. É um pacote bem generoso, tratando-se de mercado brasileiro.
Apenas bancos revestidos em couro (R$ 1.600), rodas de liga leve aro 17'' (R$ 1.390) e pintura metálica (R$ 1.290) são opcionais. Essa estratégia, adotada pela JAC desde o começo, já é chamada por ela mesma como "o DNA da marca".
Outro ponto reforçado pelo presidente da empresa no Brasil, Sergio Habib, é a "nacionalização" do produto. Segundo ele, o J5 recebeu 160 modificações para ficar de acordo com o gosto do brasileiro - principalmente, para reduzir o barulho interno.
A JAC, que acaba de completar um ano no país, espera vender de 700 a 1.000 unidades do modelo por mês. Assim, o sedã abriria terreno para a chegada de carros que estão previstos para sair da futura fábrica de Camaçari, na Bahia. Em 2014, começa a produção de um hatch e, logo depois, de um sedã, desenvolvidos especialmente para o mercado brasileiro. Depois, em 2015, começa a produção de outros 2 modelos, ainda não revelados pela empresa.
JAC J5 aposta na lista de equipamentos diferenciada (Foto: Divulgação)
Na estrada
O G1 avaliou o J5 por estradas que ligam Salvador ao município de Mata de São João, na Bahia, inclusive em trechos de paralelepípedo. A primeira impressão, ao olhar o carro, é de um sedã que não passa despercebido, especialmente pela parte traseira, com lanternas bem desenhadas. A parte de trás chega a ofuscar a dianteira, com a grade que é a atual assinatura da marca, já vista no J3 e no J6.
Por dentro, o carro é simples, mas não decepciona - tirando o painel de instrumentos, que não acompanha o porte do carro. Internamente, quem ganha pontos é a ergonomia. O motorista tem bons ajustes manuais do banco - altura, distância e inclinação do encosto - e do volante, todos de fácil acesso. Os espelhos retrovisores externos são grandes, facilitando muito o ajuste. Embora seja um sedã amplo, o ponto fraco é o espaço para o passageiro traseiro, pela altura em relação ao teto. Mas pernas e pés ficam bem acomodados.
JAC J5 oferece boa ergonomia, mas painel não acompanha o porte do carro (Foto: Divulgação)
Em relação ao isolamento acústico, a montadora conseguiu com as modificações deixar o carro com um nível de ruído na média da categoria.
Motor 1.5 de 125 cv
Ligado o motor, é hora de sentir o que realmente propõem os R$ 53.800 do J5. Sob o capô está um propulsor 1.5 de alumínio a gasolina 16V, que não utiliza correia dentada, e sim corrente. O motor tem 125 cavalos de potência a 6.000 rpm e 15,5 kgfm de torque máximo a 4.000 rpm. O carro acelera de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos e atinge velocidade máxima de 188 km/h, segundo a montadora.
Embora a JAC argumente que o motor menor garante ao carro menos peso e, assim, economia de combustível, um bloco maior faz falta. Não que isso seja um "drama" para quem dirige, mas reduzir a marcha nas retomadas e, em especial, em subidas, é inevitável. Mas, de forma geral, o sedã se comporta bem até os 100 km/h.
Motor 1.5 16V, de 125 cv, se comporta bem até os 100 km/h (Foto: Divulgação)
Passada essa velocidade, o carro começa a vibrar e a direção fica muito mole. Assim, perde seu equilíbrio e exige maior atenção e controle do condutor. Apesar disso, a suspensão se mantém firme. Ela é independente, com sistema McPherson na frente e Dual Link na traseira. O conjunto traz firmeza nas curvas e os amortecedores absorvem bem impactos. Tanto é que a passagem pelo trecho de paralelepípedo não foi um tormento, pelo contrário.
Câmbio incomoda
O que incomoda mesmo é o câmbio manual de 5 marchas. Os encaixes não são precisos, tornando a troca de marchas desconfortável. E isso faz com que a falta de opção de um câmbio automático seja pior ainda para o J5 enfrentar este segmento. Aliás, o próprio Habib reconhece que venderia mais unidades do modelo se ele tivesse o recurso. Ele promete um câmbio CVT para os modelos fabricados no Brasil, mas, antes disso, em 2013, diz que tentará trazer uma minivan com a opção automática.
Câmbio manual incomoda pela imprecisão (Foto: Divulgação)
Conclusão
Enquanto a transmissão automática não vem, o consumidor brasileiro que preza muito itens de série, conforto e visual agradável, encontra no J5 um sedã com preço bem vantajoso. Mas aqueles que querem direção mais agressiva e um carro de imagem não verão vantagem no valor de tabela do sedã. Mesmo assim, o J5 é um bom exemplo de potencial dos chineses e de vontade de aperfeiçoar produtos. Até quando eles vão conseguir segurar um preço tão competitivo já é outra história.
JAC J5 tem bom comportamento dinâmico (Foto: Divulgação)
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