Com a ascensão dos imóveis compactos nos últimos três anos, os apartamentos conjugados, que integram todos os cômodos em um só ambiente, também voltam a aparecer na paisagem de alguns bairros da capital paulista, mas com ares de novidade. Saem de cena as quitinetes, destacam-se os studios.
Os lançamentos de até um dormitório, que incluem os studios nas pesquisas de mercado, representaram 6,6 mil unidades em 2011 – somente na região central de São Paulo, a oferta de novos imóveis dessas tipologias cresceu 111%. Eles chegaram até a zona leste da cidade, que tradicionalmente não tem mercado para tais empreendimentos.
Por lá, a alta, de acordo com levantamento do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), atingiu os 400% no ano passado frente a 2010.
Um studio caracteriza-se hoje pela pequena metragem – em torno de 32 metros quadrados – e pela funcionalidade para aproveitamento do espaço. O design sofisticado e o oferecimento de serviços avulsos, como a limpeza de apartamentos e atendimento por concièrge, são alguns dos itens obrigatórios nos novos conjugados, diferenciando-os dos antigos quitinetes – compactos e bem menos glamourosos.
“Existe uma demanda enorme por esse tipo de imóvel. São Paulo tem muita gente que mora sozinha ou que passa apenas parte do tempo na cidade”, diz a diretora de marketing da imobiliária Abyara Brasil Brokers, Paola Alambert. A procura, segundo ela, é maior em áreas com infraestrutura de transporte e próximas a polos corporativos.
A Abyara comercializa dois empreendimentos do perfil na área central. Um deles, o Setin Downtown Brigadeiro, oferece unidades conjugadas de 40 metros quadrados e tem serviços pay-per-use como coleta de lavanderia e delivery de supermercados e compras.
Preço salgado. Poder aquisitivo alto é fundamental para quem deseja morar em um studio. De acordo com a diretora da Lello Imóveis, Roseli Hernandes, o metro quadrado para locação de uma unidade chega a R$ 60 em áreas nobres da cidade – o que significa valores próximos a R$ 1,8 mil para imóveis de 30 m². “Esse é um tipo de imóvel escasso em São Paulo”, avalia.
Proporcionalmente, os valores dos compactos são também os mais altos. Dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) mostram que o preço médio dos compactos de até um dormitório em 2011 superou os R$ 8,8 mil.
O diretor de incorporação da Brookfield, Ricardo Laham, acredita que a falta de terrenos em áreas com boa localização deve continuar a dar força à alta nos valores e ao desenvolvimento de projetos cada vez menores.
“À medida que o mercado se consolida, o preço também se eleva. Para morar na área central, o consumidor terá de pagar mais. Em Manhatan, há muitos studios minúsculos com um aluguel de US$ 4 mil”, exemplifica.
A empresa lançou no segundo semestre de 2011 o empreendimento misto Ca’d’Oro, com conjugados de 40 m². “Até outro dia, o menor apartamento que fizemos era de 49 m². No Ca’d’Oro, chegamos a 40 m². E já estamos pensando em 35 m².”
Laham prevê a diminuição média do espaço interno das unidades em até três anos. “Trinta metros quadrados já está na pauta das incorporadoras. Para 28 m² e dois 27 m², é um passo. O limite inferior é o tamanho de quartos de hotel. Na linha mais econômica, eles têm 17 m².” Para Roberto Coelho da Fonseca, diretor de novos negócios da imobiliária que leva seu nome, os studios são boas opções de investimento. “Os investidores conseguem fazer um valor de locação para pessoas que passam pouco tempo em casa.”
O valor da metragem para venda de uma unidade conjugada em áreas valorizadas da capital chega, segundo ele, a R$ 15 mil. “Se a proprietário precisar de outro imóvel, o studio tem liquidez em áreas nobres, que são regiões onde estão as empresas e onde as pessoas querem estar”, diz.
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