Para Ghosn, só China será grande mercado para o modelo entre emergentes. Brasileiro volta a criticar a alta da moeda japonesa em relação ao dólar.
"Carro elétrico ainda é uma poeira [no montante de vendas mundiais]", disse o presidente mundial e chairman da aliança Renault Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, em entrevista coletiva no primeiro dia do Salão de Tóquio, recheado de modelos "verdes". O chefe da marca Nissan que lançou o Leaf se mostrou realista quanto às perspectivas do mercado para os tão comentados carros que usam energia elétrica ou combinam essa força com a dos motores a combustão.
"Neste ano, foram vendidos 75,74 milhões de veículos no mundo e só 40 mil são elétricos. Nem 1% são híbridos", estima. "A venda de veículos elétricos vai subir, mas os movidos por combustível ainda vão perdurar por pelo menos 20 anos."
A venda de veículos elétricos vai subir, mas os movidos por combustível ainda vão perdurar por pelo menos 20 anos."
Carlos Ghosn
Para Ghosn, em 10 anos, 10% do mercado mundial de veículos será de elétricos e híbridos. Mas eles se concentrarão no Japão, Estados Unidos e na Europa. "Entre os emergentes, a China é a única que estará entre líderes de venda de elétricos. Na América do Sul, eles vão chegar mais tarde", respondeu após ser questionado sobre a presença desses veículos na região. "Nem temos capacidade agora para tantos mercados."
O executivo evitou qualquer previsão sobre a concretização desses veículos no mercado brasileiro: "Quando virmos em Nova York um carro elétrico ou híbrido a toda hora, aí, sim, vamos perguntar por que eles não estão no Brasil". Segundo Ghosn, não haverá disputa entre elétricos e híbridos para ver qual tecnologia terá a preferência do consumidor. "Não acredito que uma só tecnologia vá predominar no futuro. Serão várias, todas serão adaptadas a causas específicas."
'Briga' com o dólar
Ghosn voltou a criticar a valorização da moeda japonesa frente ao dólar. "Ao manter o iene tão pouco competitivo, o Japão incentiva as empresas (exportadoras) a saírem daqui para Itália, China, México, onde for melhor", afirmou. E logo tratou de esclarecer que esse não será, segundo ele, o caso da Nissan. "Não temos interesse de sair do Japão, nossa base é aqui." Antes disso, o presidente do grupo disse que a Nissan "praticamente não tem lucrado com carros feitos no Japão para exportação", o que, ele apontou, corresponde a mais de 50% da produção da marca no país.
Nissan é uma das marcas que mais investem em carros elétricos (Foto: Toru Hanai/Reuters)
Perguntado sobre a atual crise na Europa, Ghosn disse que até agora as vendas não caíram; o que diminuiu foram os pedidos. "As montadoras estão tendo um desempenho razoável na Europa, mas os pedidos estão caindo. Isso vai ser sentido mais fortemente no início do ano que vem", prevê. "Mas não creio que com toda a experiência, todo o conhecimento que se tem lá, de 30 anos que passaram construindo a Europa, eles ficarão passivos. 2012 não vai ser ótimo, mas a chance de ser desastroso é pequena. Não impossível, mas pequena. O começo do ano será difícil."
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