Os programas de TV representam a maior parte dos conteúdos assistidos pelo Netflix, segundo o chief content officer da empresa, Ted Sarandos, que participou de uma sessão e perguntas e respostas do Mipcom 2011 nesta segunda-feira, 3, em Cannes.
Segundo Sarandos, o serviço de entrega de DVDs na casa dos clientes (que foi separado da entrega via streaming e passou a se chamar Qwikster) era muito voltado para o negócio de cinema. “Agora, até 60% da visualização chega a ser de programas de TV”, conta. Ele lembra que o Netflix disponibiliza apenas temporadas de séries anteriores àquelas que estão sendo exibidas pela televisão. “Vemos que o primeiro episódio da primeira temporada de uma série vai muito bem. É um novo público chegando para esses programas”, completa.
Com isso, o serviço tornou-se mais centrado em televisão do que em filmes. “São os consumidores nos dizendo o que querem. Acho que isso tem relação com a excelente qualidade dos programas de TV”, diz. “Se você quer saber o que as pessoas realmente querem ver, descubra o que elas estão roubando”, disse o executivo, referindo-se à pirataria.
O executivo afirma ainda que canais pagos como a HBO não vão vender conteúdo para o Netflix, o que tem levado a empresa a investir no lançamento de programas exclusivos. O próximo a estrear nos Estados Unidos, Canadá e América Latina é a série “Lillyhammer”.
Apesar do anúncio, Sarandos afirma que preferiria que acordos como o que a Netflix tem com a Dreamworks, que permite que os filmes sejam exibidos logo após a janela de TV paga Premium, não fossem tão exclusivos. “Queria algo que fizesse mais sentido economicamente. Os consumidores estão valorizando menos as janelas, mas os distribuidores parecem ainda dar grande valor a elas”, afirma.
Quando o assunto é licenciamento de conteúdo para partes diferentes do mundo, o ideal seria conseguir licenciamentos globais, segundo o executivo, já que o digital não oferece barreiras à distribuição.
O executivo do Netflix falou sobre o serviço durante uma sessão em formato de “bate-papo” com o CEO da Miramax, Mike Lang. O executivo do estúdio que foi vendido pela Disney há cerca de um ano para um grupo de investidores aposta em plataformas como o Netfix para a distribuição de seu conteúdo, totalmente de catálogo. “A Miramax está de volta e aberta para negócios. Queremos explorar o nosso catálogo, mas buscando formas de inovar”, disse Lang.
Além da Netflix, o catálogo da Miramax, que inclui filmes como “Shakespeare Apaixonado” e “Good Will Hunting”, está disponível no Hulu e em outras plataformas, como um aplicativo no Facebook. “Acredito que cross-plataforma é chave para crescer o negócio de transações digitais”, afirma.
Ele falou ainda que existe lugar para um mercado de “posse”, inclusive de mídias físicas, enquanto o aluguel não funciona. “O DVD é muito caro, especialmente para filmes de arquivo. Espero que o negócio de filmes chegue à nuvem”, completou.
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