Os trabalhadores, aposentados e pensionistas, nesta época do ano, já podem começar a planejar o que fazer com o décimo terceiro salário pago em dezembro.
Na avaliação de especialistas em finanças pessoais, o dinheiro-extra pode vir como uma oportunidade para se livrar de dívidas e iniciar uma poupança."O momento é oportuno. Estamos em outubro, portanto tem tempo para planejar o final do ano", lembra o professor de Finanças da Faculdade Ibmec, Marcos Aguerri Pimenta de Souza. Ele destaca que, primeiramente, o consumidor deve verificar quais são as prestações a vencer, as demais despesas futuras e, por último, levar em consideração "os desejos de final de ano".Para o especialista em administração financeira, Érico Veras Marques, professor da Faculdade de Economia, Administração Atuária e Contabilidade, da Universidade Federal do Ceará (UFC), no caso das pessoas que estão com as contas em dia, parte do décimo terceiro pode ser separado para as compras de Natal e outra parte para fazer poupança para complementar a aposentadoria no futuro, comprar um carro ou uma casa e fazer uma viagem, por exemplo. Mas se o consumidor já estiver endividado, a orientação é colocar as contas em dia para evitar pagar juros altos."Tem ainda o superendividado. O décimo terceiro não vai acabar com a dívida dele. Mas ele pode ver qual é a dívida mais cara, com juros mais altos, e alocar o décimo terceiro em cima dessas grande dívidas, além de tentar negociar o restante a taxa menores com os credores, já que o volume de dívidas fica menor e é mais fácil negociar", diz Marques.De acordo com Aguerri, tomar crédito no banco pode ser uma boa ideia quando se quer pagar uma outra dívida com custo maior (taxas de juros). "Por exemplo, se está com dívida alta no cartão de crédito e não consegue pagar, pega um crédito consignado que tem juros menores para pagar essa dívida. Não é aconselhável pegar empréstimos para fazer compras do dia a dia", recomenda Aguerri.Ele acrescenta que na hora de pesquisar nos bancos o empréstimo a tomar, deve-se observar o Custo Efetivo Total (CET), que inclui não somente os juros, mas também todos os encargos e as despesas incidentes na operação de crédito. Assim é possível fazer a comparação entre instituições financeiras.Os especialistas também destacam que mesmo para os que não estão endividados, antes de sair gastando em compras e festas de final de ano, é preciso lembrar que no início de 2012 virão as despesas extras como material escolar e impostos. "Por isso, ao planejar, é preciso colocar essas despesas do ano que vem. Com o que sobrar, levando em consideração as prestações a vencer e as despesas futuras, é possível comprar presentes para a família, gastar com festas ou viagens", orienta Aguerri.Outra dica importante é destinada aos profissionais liberais. "É importante verificar as sazonalidades de cada profissional, que tem meses que se ganha mais e tem meses que se ganha menos. Quem tem salário e outras rendas tem que pegar também a média dos salários com essas outras renda. Então, deve-se pegar as despesas e a renda familiar e tomar um cuidado: as despesas também tem sazonalidades", diz Marques.Quando o assunto é investir, Aguerri enfatiza que o primeiro passo é conhecer onde aplicar o dinheiro. "Se a pessoa não tem tempo e não quer se preocupar com questões de riscos e variações nas aplicações, o melhor é aplicar na poupança, que tem um rendimento bom, ou no Tesouro Direto [que é um programa de venda de títulos públicos a pessoas físicas]", diz Aguerri.Para quem está com mais apetite ao risco e conhece um pouco o mercado acionário, a orientação é deixar o dinheiro aplicado por muito tempo. "A tendência é que, ao longo dos anos, as ações rendam mais que a poupança. Mas é uma aplicação sempre de longo prazo, de três a cinco anos", diz Aguerri. "Tem gente que faz compra e venda de ações diariamente ou semanalmente. Mas isso é recomendado para quem conhece bem o mercado acionário. É como se fosse um segundo trabalho. Tem que dedicar horas", destaca Aguerri.Sobre a crise econômica internacional e os reflexos no Brasil, o professor Érico disse que em comparação com o que vem ocorrendo na Europa e nos Estados Unidos, a situação é de relativa tranquilidade. Mesmo assim, o professor alerta que é preciso ficar atento porque os efeitos da crise, por menor que sejam, serão sentidos no Brasil. "Basta ver a expectativa de crescimento da economia, que já foi reduzida pelo Ministério da Fazenda [de 4,5% para 3,8% a 4%]. Se olhar o que a gente cresceu nos últimos anos, deve ter uma freada aí", disse.Ele destaca que a poupança e o consumo prudente sempre são válidos mesmo em momentos em que o mercado está aquecido e com grande oferta de empregos. O professor lembra que mesmo nessa situação, nada impede que a pessoa possa ser demitida. A única diferença, segundo ele, é que, em um cenário de melhor oferta de emprego, é possível retornar mais rapidamente para o mercado de trabalho. Mesmo assim, não se deve esquecer que o trabalhador ficará um tempo sem renda. Érico Veras insiste na importância de se ter um fundo de reserva, seja qual for a situação. "Éimportante traçar planos e ver que é preciso ter uma reserva para qualquer eventualidade. Poupar nunca fez mal a ninguém", disse.
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