O preço do carro importado já começou a subir antes mesmo do anúncio das novas tabelas com a alíquota maior do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), revela levantamento feito ontem pelo Estado em várias revendas da capital. Na semana passada, o IPI foi ampliado em até 30 pontos porcentuais para conter a invasão dos importados. As lojas informam que não houve alta de preço dos carros, mas retirada de descontos.
Os preços de carros da marca sul-coreana Hyundai, por exemplo, começaram a subir em algumas revendas de São Paulo. O modelo de três portas da montadora, o Veloster, já está custando mais caro para os clientes. Na concessionária do bairro de Jardins, esse modelo teve um aumento de R$ 5 mil, de R$ 70,7 mil para R$ 75,7 mil, entre sexta-feira e ontem. Também o preço do I30, outro modelo da marca, que custava R$ 55 mil, agora é vendido por R$ 56,25 mil, com acréscimo de R$ 1,25 mil.
Também na loja da Hyundai de Moema, na zona Sul, o desconto de R$ 1,25 mil dado pela revenda foi cancelado e o cliente passou a pagar o preço cheio de R$ 60,25 mil. No caso do Veloster, a loja divulgou que o consumidor tem de desembolsar 11% a mais, não como consequência da ampliação do imposto, mas pela maior procura pelo carro, que passou a custar R$ 75,7 mil.
Outras revendedoras da Hyundai, no entanto, continuam a seguir a posição oficial da montadora, como é o caso da loja do Itaim Bibi, que não alterou os preços para o I30 (R$ 64,25 mil) e para o Veloster (R$ 82,9 mil).
Procura. Nas concessionárias da montadora alemã BMW do Jardim Europa e do Santo Amaro não é mais possível encontrar, entre outros, os modelos X3. Todos os veículos foram vendidos na última semana e ainda não foi repassado o novo valor para a linha 2012.
Movimento semelhante ocorreu nas concessionárias autorizadas de outra alemã, a Audi, da Vila Olímpia e do Morumbi, onde não há mais o A1, modelo mais barato da marca. Os vendedores admitiram que os novos carros já chegarão com o aumento de preços por causa da alta do IPI.
Entre as montadoras pesquisadas, apenas a chinesa JAC Motors mantém os preços dos automóveis. A decisão foi anunciada no último domingo pelo apresentador Fausto Silva, garoto-propaganda da marca.
Assim como na semana passada, os preços do modelo J3 variam entre R$ 37,9 mil e R$ 38,89 mil. No caso do J6, o preço varia entre R$ 58,8 mil e R$ 62,59 mil.
De acordo com a montadora, que estreou no País em março deste ano e responde por 11,18% das vendas acumuladas até agosto entre as demais importadoras de veículos, a empresa tem estoques suficientes para segurar os preços por dois meses. Esses carros foram nacionalizados pela antiga alíquota do IPI.
Após o fim desses estoques, a montadora admite que deverá aumentar os preços, mas informa que o reajuste para consumidor não será integral. Isto é, o acréscimo no preço em razão da alta do IPI não deverá ser inferior a 25%.
A Jac Motors informa também que, desde sexta-feira, as vendas dos veículos da marca estão aceleradas. Entre sexta, sábado e domingo, foram vendidos 450 automóveis, um volume 50% maior em relação a um fim de semana normal. De acordo com a empresa, geralmente são comercializados cem veículos por dia ou 3 mil carros por mês.
Fábrica. Na sexta-feira, o presidente da Jac Motors, Sérgio Habib chegou a dizer que, da forma como estava a redação do decreto que aumentou o IPI para os importados, "o projeto de construção da fábrica é inviável". Logo em seguida amenizou e disse que acreditava que o governo mudaria de ideia em relação ao IPI, Ontem, a empresa reafirmou que mantém o projeto de construir uma fábrica no País, avaliada em US$ 600 milhões. Com conclusão prevista para 2014, o local não foi escolhido.
A Chery, outra chinesa que disputa o mercado de carros populares, informa que os preços serão mantidos por 30 dias, a partir da última sexta-feira. Isso significa que a montadora tem estoques nacionalizados pelo IPI antigo para durar um mês. Segundo a empresa, o modelo QQ, o mais popular, tem preço sugerido de R$ 23,990 mil e o Tiggo (SUV), que sai por R$ 52,990 mil.
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