Em julho, autosserviço cresceu menos em SP (5,3%) do que no resto do Brasil. Resultados foram mais consistentes no Nordeste, segundo representante paulista
O baixo nível de desemprego e a contínua expansão da remuneração do trabalhador influenciaram aumento de 6,2% do Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O dado se refere a julho de 2011 em comparação ao mesmo período do ano passado.
“O mês teve cinco sábados e cinco domingos”, acrescentou o presidente da entidade, Sussumu Honda. Durante a apresentação do índice, ontem, na sede da Abras, o representante apontou emprego e renda como fatores que contribuíram para a aceleração da atividade comercial supermercadista.
Em relação a junho, as vendas do sétimo mês do ano cresceram 4,7%. Honda indicou que o resultado seguinte, ainda em fase de apuração, também deve ser positivo: “Agosto não está ruim”, declarou. No acumulado do ano, já foi calculada alta de 4,3% no desempenho do setor.
Em julho, a taxa de desemprego do País ficou em 6% nas seis principais regiões metropolitanas, aquecendo as relações comerciais. Este foi o melhor resultado para o mês desde 2002, quando surgiu a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Nós [do setor supermercadista] estamos numa situação tranquila no Brasil”, analisou Honda: “A condição dos Estados Unidos e da Europa torna o País um lugar de investimentos. Juros altos atraem o capital que além de segurança procura renda.”
Em 2011, a série do Índice Nacional de Vendas da Abras se comporta da seguinte maneira: o ano começa em queda, tem alta expressiva no mês de abril e mantém certa estabilidade a partir de maio (entre 4,2% e 4,5%). “Vamos trabalhar nessa faixa de faturamento até o fim do ano”, projetou o presidente da associação.
Para Honda, mesmo que o ritmo da criação de empregos diminua no segundo semestre — o que já vem sendo indicado pelo Caged —, o aumento da renda do trabalhador averiguado nos primeiros seis meses do ano continuará impactando positivamente a atividade comercial dos super e hipermercados brasileiros.
Regionalismo
Quem concorda com a avaliação do presidente da Abras, e a aplica ao Estado de São Paulo, é o diretor de Economia da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Martinho Paiva Moreira. Os resultados de julho, no entanto, foram menores no estado (5,3%) do que na média nacional (6,2%).
“O motivo é regional. O crescimento do setor tem sido consistente principalmente na Região Nordeste, com os novos consumidores”, analisou Moreira. Em agosto, o representante estima resultado similar ao de julho.
A Abras e a Apas divergem quanto à expectativa de resultado anual para o setor. A primeira espera crescimento menor (4%) para o Brasil do que a segunda (4,5%) para São Paulo. “A Abras está pessimista por causa da crise mundial. Nós não concordamos”, afirmou Moreira.
Cesta mais barata
A divulgação dos resultados comerciais da entidade foi simultânea à publicação do AbrasMercado, cesta de 35 produtos de largo consumo. O indicador de preços apresentou alta de 8,9% no mês de julho, em comparação ao mesmo período no ano passado. Porém, teve queda de 1% na relação com junho deste ano.
“Em 2010, houve quatro meses de alta forte”, observou Honda, referindo-se a elevações de até 4,2% do preço do AbrasMercado, no último quadrimestre do ano passado. Naquele período, houve encarecimento da carne bovina — que influencia o valor das outras carnes — e uma demanda considerada excessiva.
“O volume do ano passado não era sustentável”, afirmou Honda, segundo quem as classes A e B estão com “o pé no freio” e agem com precaução, consumindo moderadamente, já que as finanças mundiais vivem o risco de recessão. “A demanda diminuiu, está mais estável.”
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