As vendas de veículos novos bateram recorde no primeiro semestre deste ano, com o emplacamento de 1,74 milhão de unidades, segundo os dados obtidos pela Folha. Essa quantidade representa uma expansão de 10% sobre igual período no ano passado (1,58 milhão), que detinha a melhor marca até então.
Considerando apenas junho, foram licenciados 304,4 mil automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões, com o resultado também atingindo uma nova marca para o mês. Apesar disso, o número é 4,4% inferior ao registrado em maio, mas apresenta alta de 15,8% sobre o contabilizado no mesmo intervalo em 2010.
A perspectiva para todo o ano é que as vendas cheguem a 3,69 milhões de veículos, com crescimento de 5% ante 2010, e a 6 milhões em 2020, segundo projeções da Anfavea (associação das montadoras).
Apesar do horizonte positivo, o presidente da entidade, Cledorvino Belini, destacou em evento nesta semana que a produção deve crescer 45% no comparativo entre 2005 e a projeção para o fechamento de 2011 (3,42 milhões de unidades), enquanto os licenciamentos terão expansão de 115% no mesmo intervalo.
A comparação mostra a preocupação da Anfavea com a perda de competitividade do setor no cenário internacional devido, em parte, ao câmbio desfavorável às exportações. Um estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers, feito a pedido da entidade, aponta que o custo de produção de um carro no Brasil é 60% maior do que na China, considerando modelos equivalentes com motorização 1.3 a 1.5. Índia e México, com custo 5% e 20% superior, respectivamente, foram os outros dois países avaliados.
A mão de obra é uma das responsáveis por essa diferença, custando 5,3 euros por hora, incluindo na conta os encargos sociais. O valor é mais do dobro do registrado no México (2,6) e muito acima do contabilizado na Índia (1,2) e na China (1,3).
Questionado, Belini não quis mensurar o peso das despesas com o trabalhador no custo final de um carro. "Vai depender de cada montadora."
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
A solução proposta pela associação ao governo federal, ao qual o estudo foi apresentado nas duas últimas semanas a vários ministérios, é investir em inovação, o que inclui engenharia, tecnologia de produtos e processos e pesquisa de materiais de origem local para a produção.
"O caminho que encontramos foi a oportunidade por meio da inteligência automotiva. Não adianta pedir redução do imposto sobre o aço, do custo do dinheiro", afirmou Belini, citando entraves à competitividade sempre lembrados pelo setor em ocasiões anteriores.
O preço do aço foi outro item analisado na pesquisa, sendo 40% superior no Brasil ao valor encontrado no México, na China e na Índia.
A expectativa da Anfavea é fazer parte da nova política industrial que está sendo elaborada pelo governo. De acordo com o presidente da entidade, um grupo foi formado com representantes dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fazenda e Ciência e Tecnologia para avaliar o estudo do setor.
A projeção é que, caso haja esse incentivo à inovação, o saldo comercial entre importações e exportações possa voltar a ser equilibrado até 2016.
Perguntado sobre o interesse das montadoras que já anunciaram a instalação de fábricas no Brasil ou expansão nos próximos anos, apesar dos dados desfavoráveis em relação a outros países, Belini disse que a atração se justifica pelo mercado consumidor interno e seu potencial de crescimento.
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