segunda-feira, 28 de março de 2011

Aluguel barato atrai vítimas para golpe


Um anúncio disponível em dois sites de classificados mostra um apartamento de 70 metros quadrados disponível para locação na Liberdade, no Centro da capital.  Todo mobiliado, com dois quartos, cozinha equipada e varanda, o imóvel chama a atenção pelo preço, abaixo da média do mercado.  Custa R$ 820, incluindo condomínio e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).  Um excelente negócio, não fosse o fato de ser um golpe comum na Europa que agora faz vítimas no Brasil.

Funciona assim: o golpista responde ao anúncio por e-mail e em inglês.  Se apresenta como engenheiro e diz estar morando fora do País, porque a empresa para a qual trabalha ganhou um edital para a construção de um prédio em Londres (Inglaterra).  Para que o negócio seja concretizado, pede para o interessado fazer uma transferência internacional, geralmente pelo site MoneyBookers, que permite o envio e recebimento de dinheiro entre países. O valor a ser depositado corresponde a um mês de aluguel mais R$ 1 mil como uma espécie de seguro-fiança.  Após o envio do valor, a mesma empresa faria a entrega da chave e do contrato para, só então, o interessado conhecer in loco o apartamento.  Mas a chave nunca será enviada e o dinheiro tampouco devolvido.

Interessada no imóvel da Liberdade, a jornalista Bruna Maia, de 24 anos, estranhou ao perceber que, durante a troca de e-mails, a locatária, identificada como Angela Stewart, se recusava a informar o número do apartamento oferecido para locação na Rua Oliveira Peixoto.  Decidiu ir até o endereço conferir a veracidade da história e foi então que descobriu o golpe.  “Ninguém conhecia essa pessoa e não havia nenhum apartamento para alugar no local”, conta.  No próprio site Moneybookers há um aviso sobre os golpes mais comuns, incluindo o do imóvel com aluguel barato.

Armadilha. A reportagem localizou um outro anúncio semelhante, tendo como endereço a Rua Piauí, no bairro da Consolação, região central.  Uma pessoa identificada como Patricia Wilfong respondeu ao e-mail de interesse no imóvel com uma mensagem idêntica à recebida por Bruna.  A reportagem solicitou um número de telefone para entrar em contato com Patricia e o número do apartamento disponível para locação, mas recebeu apenas uma resposta padrão sobre como efetuar o depósito do valor do aluguel.

No endereço informado, o porteiro, que não quis se identificar, logo avisou que se tratava de um golpe.  “Faz um mês que todo dia aparece gente procurando esse apartamento, mas ele não existe. ” No prédio, de alto padrão, não há apartamento para alugar.

Para evitar cair em golpes como esse, o diretor de locações da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Carlos Samuel Freitas, diz que o interessado deve buscar referências do anunciante antes de fechar negócio. “É sempre melhor tratar desse assunto com uma empresa do que com um contato particular, que é incerto”, diz. Por meio do Conselho Regional de Imóveis (Creci), que fiscaliza as imobiliárias, é possível descobrir se a empresa é idônea.

Outra orientação é visitar o local para conferir se o anúncio é verídico.  Síndicos e porteiros podem dar referências do locador e nenhum valor deve ser pago antes da análise e assinatura do contrato.  “Não se pode alugar um imóvel sem conhecê-lo”, diz o diretor de legislação do inquilinato do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) Jaques Bushatsky.  A polícia indica à pessoa lesada que procure a delegacia mais próxima com os e-mails trocados e o comprovante do depósito para registro de Boletim de Ocorrência.  Já a tentativa de estelionato pode ser denunciada no telefone 181, o Disque-Denúncia.

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