Pode ainda ser o mesmo, mas Clio se atualiza para o segmento popular.
Sobre a carroceria, o Clio
carrega um peso que o faz estar desde 1999 no mercado brasileiro sem
grandes mudanças: ser um popular que sempre atendeu às metas de vendas
da Renault. Por isso, até hoje não há interesse da montadora em
acompanhar o avanço europeu de gerações— aqui ele ainda está na segunda
(a mesma desde que chegou) e lá, na quarta, porém já como “compacto
premium”. Mesmo assim, se for considerar a reestilização de 2001 e as
poucas mudanças de 2004, o “novo Clio brasileiro” - que começou a ser
vendido nesta semana – traz um importante avanço para o modelo.
Pode parecer estranha tal afirmação por causa da defasagem tecnológica -
sem dúvida, é um projeto antigo -, mas o jogo da Renault tem dado certo
até agora. “A média mensal de vendas do Clio era de 1.500 unidades.
Agora, com a renovação, queremos aumentar em 50% o volume, ou seja,
2.500 unidades”, destaca o gerente de produto da Renault do Brasil,
André Bassetto.
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A montadora trabalha com um público que conta centavo por centavo os
gastos com o carro. Então, na ponta do lápis, ela oferece um carro de
projeto já pago há muito tempo (o Clio, atualmente, é produzido na
Argentina), que tem preços sugeridos de R$ 23.290 a R$ 24.950 — se somar
direção hidráulica, ar-condicionado e pintura metálica, a versão topo
de linha Expression quatro portas sai por R$ 29.260 —, três primeiras
revisões ao custo de R$ 851 para o consumidor (que ficará preso à rede
de concessionárias por três anos se quiser conservar a garantia), e a
promessa de ser o modelo mais econômico da categoria.
Nada mal comercialmente, não? Por isso, o Clio não muda tão cedo. Mas a
atualização chega em hora estrategicamente positiva: a concorrência
também oferece modelos populares com bons predicados e o consumidor
deste tipo de carro também tem mais dinheiro no bolso por meio de
crédito.
Motor do Renault Clio recebeu ajustes e agora
tem 80 cavalos de potência (Foto: Divulgação)
Avaliação das melhorias
O G1 pôde analisar as melhorias que a Renault fez no
carro em um teste curto, de não mais de 20 km, no Rio de Janeiro (RJ). A
versão avaliada foi a topo de linha Expression, quatro portas com
ar-condicionado e direção hidráulica.
Como o trecho era curto e com trânsito, o desempenho do motor não pôde
ser bem avaliado. O propulsor 1.0 16V foi modificado e, agora, gera 80
cavalos de potência (etanol) a 5.750 rpm (77 cv, com gasolina, a 5.750
rpm) e tem 10,5 kgfm de torque (etanol) a 4.250 rpm (10,1 kgfm, com
gasolina, a 4.250 rpm. Sem dúvida, o hatch tem mais fôlego, superando os
concorrentes diretos. O que não deixa de ser também um modelo 1.0,
então, não espere respostas grandiosas nas costuradas de trânsito ou
brilhante agilidade na estrada.
O que vale mesmo, no caso, é o consumo de combustível, que rendeu
etiqueta “A” do Inmetro ao carrinho. Segundo a Renault, 71 componentes
foram modificados no novo propulsor para chegar ao chamado “Hi-Power”
(antes, o motor levava o nome Hi-Flex). Ainda de acordo com os dados da
montadora, quando abastecida com etanol, a versão equipada com
ar-condicionado e direção hidráulica faz 9,1 km/l (ciclo urbano) e 9,6
km/l (estrada). Com gasolina, a média de consumo fica em 13,1 km/l
(cidade) e 14,3 km/l (estrada). O modelo sem ar e direção roda 9,5 km/l
(ciclo urbano) e 10,7 km/l (estrada). Com gasolina, são 14,3 km/l
(cidade) e 15,8 km/l (estrada).
Painel do Clio é novo e computador de bordo vem
de série (Foto: Divulgação)
Para ajudar o consumidor a atingir essas marcas, porque, obviamente,
elas são influenciadas pelo modo como o carro é conduzido, o novo painel
de instrumentos ganhou indicações no contador de giros, para que as
trocas de marcha sejam feitas nos momentos propícios à economia. A faixa
verde indica o momento de menor consumo. A área branca mostra o motor
em marcha lenta. Já o espaço delimitado em amarelo significa o momento
de maior desempenho do motor. Por aqui, não há segredos.
Acabamento interno
Enquanto o Clio sempre ganhou
dos concorrentes pelo bom espaço interno, perdia pelo acabamento. O
plástico é o mesmo, os encaixes das peças também não mudaram (mostram
espaços de arregalar os olhos) e as rebarbas ainda dão desgosto, mas os
novos revestimentos de portas e painel, o novo console central, o
computador de bordo de série e as opções diferenciadas de revestimento
de banco deixaram o acabamento mais simpático e nota-se um cuidado maior
com o carro.
Acabamento interno do Clio foi melhorado
(Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)
Por fora, ele ganha a enorme grade frontal, nova assinatura da marca
francesa, e detalhes caprichados, como os vincos na tampa do porta-malas
que acompanham o desenho da lanterna e alongam a parte traseira. Também
traz kits de acabamento, que vão animar propositadamente jovens que
compram ou ganham o primeiro carro.
Os kits de acabamento que abrangem frisos, spoilers, adesivos e
detalhes diferenciados de cor (dentro e fora do carro) vão de R$ 299 a
R$ 1.405. Segundo o gerente de vendas, eles poderão ser colocados no
financiamento, caso a opção seja pelo banco da montadora.
Conclusão
O Clio é um carro popular “redondinho”. Dentro de sua categoria, ele
apresenta boa estabilidade, pouca trepidação (a não ser da manopla de
câmbio), conforto pelas excelentes ergonomia dos bancos e posição de
dirigir, direção hidráulica bem leve, espaço interno amplo, e, embora o
câmbio tenha trocas de marchas mais duras, a característica não
atrapalha a condução.
Porém, peca em segurança. O carro não oferece ABS e airbag, os
retrovisores são pequenos, o que prejudica muito a visibilidade e, pior,
a altura do cinto de segurança só pode ser ajustada na concessionária –
se condutores ou passageiros de estaturas bem diferentes usam o mesmo
carro, isso se torna um problema de segurança. Tais "ausências" fazem a
relação custo-benefício do modelo perder argumento.
Renault Clio 2013 agora pode ser perosonalizado (Foto: Divulgação)
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