segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Primeiras impressões: Chevrolet TrailBlazer 2.8 Turbodiesel


SUV 4X4 sai por R$ 175.450 e encara sem esforço estradas e trilhas.
Se o uso for mais urbano ou para ‘desfile’, investimento não compensa.



  Só pelo ronco do motor a diesel e pela distância da cabine para o solo (que exige aquela esticada de perna) já dá pra sentir que a versão SUV da picape S10, rebatizada de Chevrolet TrailBlazer, mudou completamente em relação à geração antiga, a apenas Blazer. Quem gostava do jeitão bruto de camburão da antiga vai se impressionar com o upgrade que o utilitário esportivo ganhou, desde as lanternas formadas cuidadosamente por LEDs até o interior de conforto superior, que justifica o posicionamento acima da Captiva.
concorrentes trailblazerA (Foto: Arte G1)
A versão topo de linha LTZ, testada pelo G1, é equipada com motor 2.8 Turbodiesel CTDI de 180 cavalos de potência máxima a 3.800 giros e 47,9 kgfm de torque a 2.000 rpm. Ela sai com preços a partir de R$ 175.450, um valor que pode espantar quem ainda tem a Blazer em mente, mas que, na verdade, está dentro do segmento com o qual ela lida — veja na tabela acima os concorrentes. O principal rival desta versão é o Toyota Hilux SW4 3.0, que não sai por menos de R$ 181.000.
Para quem optar pelo motor V6 3.6 VVT a gasolina, pagará a partir de R$ 145.450 e terá 239 cv a 6.600 rpm e 33,5 kgfm a 3.200, mas sem a graça do ronco e da economia  do motor a diesel. Todas as versões têm acabamento topo de linha LTZ. Isso significa que elas vêm de série com ABS com EBD, controles de tração e estabilidade, ar-condicionado digital, computador de bordo, piloto automático com comandos no volante, rodas aros 18 com pneus 265/60R18, sistema premium de som, incluindo rádio double din com CD Player, MP3, Bluetooth, entrada mini-USB e entrada auxiliar, quatro tomadas de 12V, entre outros itens.
Chervolet TrailBlazer (Foto: Fábio Gonzales/Divulgação)Terceira fileira de bancos ainda mantém conforto
(Foto: Fábio Gonzales/Divulgação)

Três fileiras de bancos
Outra característica importante da TrailBlazer é a possibilidade de diversas configurações internas, já que possui três fileiras de bancos. A amplitude no interior do utilitário acomoda de maneira bem confortável qualquer um dos passageiros, mesmo aqueles “sorteados” para os bancos da última fileira.

Especificamente para esse lugar no carro, a altura é boa, acomoda bem pessoas de até 1,75 m, e é bem fácil levantar os bancos — eles ficam “escondidos” no assoalho do carro. Só não vá esperar o conforto de um sedã no quesito “chacoalhar”. Como em uma van, quem fica na última fileira de bancos sofre com as trepidações, especialmente quando a estrada é de terra.
De acordo com a GM, os designers tiveram o trabalho de levantar as segunda e terceira fileiras de assentos, sem sacrificar o espaço para a cabeça. A ideia era deixar os bancos como se fosse os de um teatro, permitindo melhor visibilidade para todos os ocupantes.

Quando todos os assentos são rebatidos, o SUV tem capacidade para 1.830 litros de carga.
Em relação à climatização , o sistema oferecido no Trailblazer possui controle eletrônico de temperatura, além de uma unidade de controle adicional para os passageiros dos bancos traseiros. Um controle de intensidade do ar-condicionado foi instalado na parte traseira do teto, juntamente com quatro saídas de ar.

Chervolet TrailBlazer (Foto: Fábio Gonzales/Divulgação)Chervolet TrailBlazer combina com estrada
(Foto: Fábio Gonzales/Divulgação)

Direto para a estrada
Todos os itens de segurança e de conforto tornam o SUV ideal para quem vai passar horas em uma estrada, seja de asfalto ou de terra. Diferentemente de rivais como o Range Rover Evoque, a TrailBlazer não é um carro versátil. Ela foi feita mesmo para estradas. Além das medidas generosas — que não combinam em nada com estacionamentos e garagens apertadas ou mesmo com ziguezagues no trânsito —, ele é o típico modelo feito para fazendeiros que moram mesmo no perímetro rural ou que levam a família para passar feriados e férias inteiras em suas propriedades.

Também é o carro com perfil para aqueles que têm pique de se aventurar com a família (há espaço para sete pessoas) por viagens rústicas pelo país, como sair de São Paulo e ir até o deserto do Jalapão sem medo de ser feliz. Resumindo, o TrailBlazer pede buraco e lama. Por isso, a aposta da GM é de que 80% das vendas do modelo seja da versão a diesel. A meta da montadora, aliás, é comercializar de 350 a 400 unidades por mês.
Chervolet TrailBlazer (Foto: Fábio Gonzales/Divulgação)TrailBlazer encara bem trechos off-road
(Foto: Fábio Gonzales/Divulgação)

De São Paulo a Mairinque 
O G1 avaliou a versão a diesel do modelo por um trajeto de 230 quilômetros entre São Paulo e Mairinque, no interior do estado. Fugindo do incômodo do trânsito de São Paulo, que chega a ser intolerável dentro de um carro desse tamanho, no trecho da rodovia Castelo Branco o SUV se comportou muito bem. As trocas de marchas são suaves, as ultrapassagens e retomadas são feitas de maneira tranquila pelo potente motor e, nas curvas, a suspensão e os sistemas eletrônicos garantem estabilidade e confiança no carro por quem está ao volante — na antiga Blazer não era bem assim.


No caso, apenas o isolamento acústico deixou a desejar, no chacoalhar do off-road, principalmente. Dá para ouvir bem túneis de vento e mesmo o movimento das rodas.
Na hora de encarar os trechos off-road, que no teste variavam do grau fácil ao grau médio de dificuldade (no primeiro, um Gol passa; no segundo, ter sistema 4X4 ajuda bastante, mas um carro mais resistente com tração dianteira mesmo também passa), o modelo mostrou que é bruto e encara buraco, lama e pedra sem titubear. A Trailblazer é equipado com tração integral em qualquer uma das versões. Ela tem ângulos de ataque de 30° e 22° de saída, e 23,2 centímetros de altura em relação ao solo.

Com a 4X4 reduzida e o sistema de auxílio de descida é muito fácil ultrapassar os obstáculos encontrados normalmente naquelas típicas trilhas mal feitas, abertas no meio de fazendas, matas e reservas ecológicas. Destaque também para a posição de dirigir, alta como a da S10, que garante boa visibilidade e sensação de domínio sobre o carro.
Chervolet TrailBlazer (Foto: Fábio Gonzales/Divulgação)Plásticos e rebarbas desanimam no acabamento
(Foto: Fábio Gonzales/Divulgação)

Detalhes nem tão pequenos
Como a cabine é um ambiente onde o motorista terá de conviver por horas, os detalhes tão pequenos entre os dois começam a aparecer na primeira viagem. O que faz despertar a dúvida sobre o investimento de R$ 175.450 é o acabamento interno. O interior recebeu detalhes que até superam a S10 LTZ, mas o uso de plásticos bem “ok”, com algumas rebarbas à vista, decepciona. Especialmente quando você puxa os porta-copo embutidos no painel ou abre o compartimento entre os dois bancos que, no mínimo, deveria oferecer uma geladeirinha. Ao contrário, é abrir o porta-treco que nem dá vontade de colocar uma bolacha sequer.

Os bancos claros são bem bonitos e ampliam o ambiente. Por outro lado, embora seja fácil limpar assentos de couro, entrar no carro com calça jeans suja de barro vermelho (bem brasileiro) e botas cheias de lama não é uma boa ideia.

Conclusão
O investimento no TrailBlazer tem que justificar o seu uso. Se a ideia é desfilar na cidade, o design delicado de alguns concorrentes é o mais indicado. No entanto, se o interesse mesmo é ter uma segunda casa para encarar horas de estradas e trechos bem acidentados, o modelo vai atender totalmente tais expectativas. E, na ponta do lápis, se a rede de concessionárias GM seguir a tradição de ter revisões e peças mais em conta do que japoneses e ingleses, o retorno fará diferença. Os preços de manutenção ainda não foram divulgados.

Chevrolet Trailblazer (Foto: Divulgação)Chevrolet Trailblazer foi feita para entregar robustez e não status (Foto: Divulgação) 

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