segunda-feira, 26 de março de 2012

Teste: J5 coloca JAC um nível acima

O lançamento do J5 no Brasil é um passo importantíssimo para a JAC Motors. Afinal, é a primeira vez que a marca chinesa realmente precisa mostrar boa qualidade de construção e confiabilidade. Não que antes fosse desnecessário. Mas o J3 é um carro compacto, mais barato, e o J6 uma minivan, um nicho que agrada mais quem precisa de espaço do qualquer outra coisa. Agora, a briga da JAC é contra rivais de peso e muita tradição no mercado nacional. O novo modelo é um sedã médio e vai tentar tirar mercado do Honda Civic, Toyota Corolla, Chevrolet Cruze e Hyundai Elantra, entre outros. Claro que não vai buscar a liderança – não há sequer escala de importação para isso. Mas, ao oferecer uma dose de requinte em um carro chinês, pode ajudar a reduzir um pouco a desconfiança contra os produtos da China.


O problema é que o J5 chegou em hora errada. Depois do aumento das medidas protecionistas do governo, a JAC Motors acabou pressionada contra a parede e viu a sua margem de lucro diminuir. Assim, o carro foi lançado aqui com as mesmas características – tanto em termos de equipamento, como no trem de força – do que foi mostrado no Salão de São Paulo de 2010. Se existiu algum plano para deixá-lo mais forte ou sofisticado, o aumento do IPI com certeza travou.




Assim, o J5 já está sendo vendido nas concessionárias da JAC em todo o Brasil por R$ 53.800, cerca de R$ 6 mil a menos que os sedãs médios rivais mais baratos. A aparente vantagem financeira faz com que a marca faça uma projeção de vender entre 700 e mil unidades do sedã por mês. Se a expectativa se concretizar, será o suficiente para encarar alguns carros de marcas conceituadas, como Peugeot 408, Citroën C4 Pallas e Nissan Sentra, que também rondam os mil carros vendidos mensalmente.


A aposta da JAC para conseguir tudo isso foi focar no conforto. Portanto, a principal característica do J5 é a sua grande distância entre-eixos. São 2,71 m, significativos 11 cm a mais que o líder Toyota Corolla. Além disso, a suspensão foi recalibrada para ficar de acordo com o gosto do brasileiro, que costuma preferir carros mais firmes que os chineses. Para isso, os amortecedores foram trocados por outros mais rígidos, mas o carro não chegou a ficar duro. Mérito também da suspensão traseira independente, com braços duplos. O isolamento acústico é outro item que recebeu atenção extra do representante brasileiro e foi melhorado com novos materiais fonoabsorventes nas colunas.




Se o conforto foi bastante visado pela JAC, o mesmo não se pode dizer do desempenho. O motor usado no sedã médio é um 1.5 VVT – com comando variável de válvulas na admissão. Feito todo de alumínio e com peso de 94 kg, ele rende 125 cv a 6 mil rpm e 15,5 kgfm de torque a 4 mil rotações. A marca afirma que a escolha desse propulsor foi por se tratar de uma unidade leve e eficiente, mais que o 2.0 de 136 cv do J6, por exemplo. A transmissão é uma manual de cinco marchas – a automática ainda não está nos planos, pelo menos até o fim de 2013.


Em termos de equipamento, a JAC mantém a sua proposta de carros completos. Apesar de dizer que o J5 não tem opcionais, as rodas de 17 polegadas são cobradas à parte – saem por R$ 1.400. De resto, o modelo chinês traz exatamente o que se espera de um sedã médio. Não faltam trio elétrico, ar-condicionado automático, direção hidráulica, airbag duplo, ABS com EBD, sensor de estacionamento traseiro e rádio/CD/MP3/USB. Por outro lado, como não existem versões mais caras e mais equipadas, a briga do J5 vai se restringir às configurações básicas dos seus concorrentes. É aí que o custo/benefício pode tentar ganhar da tradição.




Ponto a ponto


Desempenho –
O motor 1.5 é fraco para um carro das dimensões do J5. Ele até tem boa potência e torque para um propulsor de seu tamanho, mas falta força para mover um sedã médio de 1.315 kg. Os giros demoram muito a subir e só a partir das 4 mil rotações é que o motor enche e entrega um desempenho aceitável. As ultrapassagens e retomadas precisam ser feitas com paciência e algumas reduções. O câmbio é bem macio e traz engates precisos. Nota 6.

Estabilidade –
Em baixas velocidades, o J5 vai bem. Mostra boa comunicação com as rodas e uma rolagem da carroceria controlável. O grande problema está quando o velocímetro aponta velocidades elevadas. Já na casa dos 110 km/h, o carro fica um tanto molenga. A partir dos 130 km/h o volante fica muito pouco preciso e a segurança do rodar é muito afetada. Nota 6.

Interatividade –
O volante é grande e não traz botões que controlam o rádio ou outras funções do veículo. Os bancos tem ajustes de altura, mas que são feitos por botões giratórios – e não pelas mais convencionais alavancas – e ainda têm acesso complicado. Os comandos vitais do automóvel são bem localizados e de fácil uso. O rádio é tem diversas funções e seu funcionamento é simples. O painel de intrumentos tem leitura difícil sob o sol e o J5 fica devendo um computador de bordo. Nota 6.

Consumo –
O JAC J5 não traz computador de bordo e a marca chinesa não fez medições de consumo. Sem nota.

Conforto –
É o grande destaque do sedã médio chinês. A suspensão filtra os buracos com muita competência. Mesmo em ruas irregulares, cheias de paralelepípedos, por exemplo, o conforto ao rodar impressiona. Outro trunfo do modelo é o seu espaço interno. Com 2,71 metros de distância entre-eixos, qualquer ocupante tem a vida facilitada. Há espaço de sobra para pernas, ombros e cabeça tanto para os que ficam na frente, como para o banco traseiro. Além disso, o isolamento acústico foi modificado em relação ao chinês e se mostrou eficiente. Nota 8.

 
Tecnologia – Como em todos os carros da JAC no Brasil, não há opcionais no J5. Isso significa que o modelo já traz uma boa lista de equipamentos com direito a ar-condicionado automático, rádio/CD/MP3/USB, airbag duplo e ABS com EBD. O motor tem soluções modernas como o comando variável de válvulas na admissão, mas acaba sendo fraco para o carro. Nota 7.

Habitalidade –
Os porta-objetos são escassos no J5. Para guardar objetos e de uso rápido, como celulares ou carteiras, é preciso recorrer ao cinzeiro ou ao espaço dentro do apoio de braço – que já não é dos maiores. As portas têm ângulos de abertura corretos e entrar no carro é simples. O porta-malas leva 460 litros. Um bom número, mas conta com braços que invadem a área das bagagens. Nota 7.

Acabamento –
É definitivamente o melhor JAC nesse aspecto. As peças são encaixadas com precisão e não há rebarbas aparentes. A parte superior do painel é toda feita em plástico emborrachado e o console central traz peças em black piano. Entretanto, uma das unidades do teste apresentava barulho de peças batendo. Nota 7.

Design –
É um carro bem resolvido visualmente. O J5 não traz nenhuma revolução em termos estéticos, mas é correto e harmônico. Diferente de alguns outros chineses, que tentam trazer um visual mais “alegre”, o J5 é um carro bastante sóbrio. Nota 7.

Custo/benefício –
A própria JAC apresentou o J5 como um sedã médio com preço de compacto completo e até fez a referência que seria um Honda Civic por preço de City. E por R$ 53.800 o JAC é realmente mais de 10% mais barato que os seus concorrentes. Traz uma lista de equipamentos completa – assim como seus rivais –, mas peca pelo motor fraco e pela ausência de câmbio automático, importante no segmento. Compensa no conforto e no bom espaço interno. Nota 7.

Total –
O JAC J5 somou 63 pontos em um total de 90 possíveis.



Impressões ao dirigir


Bipolaridade oriental


Praia do Forte/Bahia –
Uma primeira olhada no J5 até disfarça a nacionalidade do carro. O novo carro da JAC é bonito e sóbrio, diferente de outros modelos chineses. O preço, obviamente, também é interessante. Mas a verdade é que o J5 tem outras qualidades além do bom apelo de mercado e o seu bonito design.

O espaço interno, por exemplo, é dos melhores do segmento. Apenas o Peugeot 408 e Citroën C4 Pallas têm a mesma distância entre-eixos que o sedã chinês. Os 2.71 metros são mais que suficientes para se acomodar com conforto no interior do modelo. Mesmo os maiores ficam com espaço de sobra em quase todas as direções. O conforto ao rodar também é elogiável. O isolamento acústico foi amplamente trabalhado pela JAC e deu bastante resultado. A suspensão também se mostrou eficiente e filtrou bem as imperfeições do piso.


O acabamento do J5 também surpreende. Tanto o J3 como o J6 tem algumas falhas importantes de acabamento, com peças batendo e encaixes pouco precisos. O sedã médio é sensivelmente melhor neste aspecto. Materais emborrachados e até detalhes em black piano são usados na cabine e melhoram a sensação geral.




Entretanto o J5 apresenta alguns problemas. O primeiro deles fica claro logo que se começa a movimentar o carro. A potência do motor 1.5 é até correta, mas o torque é insuficiente para lidar com os 1.315 kg do veículo. O desempenho é pouco animador e são necessárias muitas reduções para manter os giros elevados. Isso porque só acima dos 4 mil giros o propulsor “enche” e consegue entregar mais força. Ao menos, o câmbio é preciso e confortável.


A estabilidade também não é das melhores. Em velocidades médias até que o J5 vai bem, com boa comunicação entre rodas e volante. Quando o velocímetro supera os 110 km/h, no entanto, a situação muda bastante. O carro fica muito mole. Após os 130 km/h, a situação fica mais precária e diminui a sensação de segurança.




Ficha técnica


JAC J5


Motor:
A gasolina, dianteiro, transversal, 1.499 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção multiponto sequencial.
Transmissão:
Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima:
125 cv a 6 mil rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h:
11,8 segundos.
Velocidade máxima:
188 km/h.
Torque máximo:
15,5 kgfm a 4 mil rpm.
Diâmetro e curso:
75,0 mm X 84,8 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão:
Dianteira do tipo McPherson, com molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira independente com braços duplos, com molas helicoidais.
Pneus:
205/55 R16.
Freios:
Dianteiros a disco ventilados e traseiros a discos sólidos. Oferece ABS com EBD.
Carroceria:
Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,59 m de comprimento, 1,76 m de largura, 1,46 m de altura e 2,71 m de entre-eixos. Airbags frontais de série.
Peso:
1.315 kg.
Capacidade do porta-malas:
460 litros.
Tanque de combustível:
57 litros.
Produção:
Hefei, China.   
Lançamento:
2012.
Itens de série:
Trio elétrico, ar-condicionado automático, direção hidráulica, volante revestido em couro, faróis de neblina, faróis com regulagem elétrica de altura, airbag duplo, ABS com EBD, sensor de estacionamento traseiro, volante com regulagem de altura e rádio/CD/MP3/USB.
Preço:
R$ 53.800.
Opcionais:
Rodas de liga leve de 17 polegadas.
Preço completo:
R$ 55.200.

Prós:

# Espaço interno
# Conforto

Contras:

# Desempenho
# Estabilidade em altas velocidades

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