A montadora japonesa Nissan dobrou as vendas de veículos no primeiro bimestre do ano e subiu seis posições no ranking das marcas que mais emplacam no Brasil.
Os resultados, porém, não foram comemorados pelos executivos da marca por causa da ameaça de restrição ou rompimento do acordo automotivo que o país mantém com o México desde 2002.
O acordo permite que a Nissan, ainda sem fábrica no Brasil, importe a maioria dos veículos do México sem a cobrança do imposto de importação e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
No entanto, no ano passado, o governo brasileiro identificou um deficit de US$ 1,55 bilhão na balança comercial do setor e aumento de 266% nas importações de veículos nos últimos cinco anos.
"A Nissan será a mais prejudicada caso haja o rompimento do acordo com o México ou a adoção de cotas, porque terá mais custos e poderá elevar os preços", disse o consultor Arnaldo Brazil, da MSX International.
Segundo dados da Fenabrave (federação dos distribuidores de veículos), as vendas somaram 15.986 unidades no bimestre, e a marca subiu para sexta no ranking.
Segundo ele, a empresa não estava preparada para uma reação do governo contra a importação de veículos.
"O governo não quer permitir a importação de carros que podem ser fabricados no Brasil, com autopeças fornecidas por nacionais", disse.
Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress | ||
Na lista dos mais vendidos da Nissan, estão o compacto popular March (5.217 unidades) e o sedã Versa (2.783 unidades comercializadas) -- ambos fabricados no México.
Daquele país, a marca japonesa também importa o Sentra e o Tiida (hatch e sedã). No Brasil, na fábrica da Renault no Paraná, são produzidos o Livina e a Frontier.
Os executivos da Nissan não comentaram o assunto e só devem fazê-lo após uma decisão do governo, o que deve ocorrer até o final do mês.
COTAS
Ontem, o presidente da Anfavea (associação nacional dos fabricantes de veículos), Cledorvino Belini, afirmou que prefere a adoção do sistema de cotas ao rompimento do acordo automotivo.
Segundo ele, a saída é a alternativa mais viável para o reequilíbrio da balança comercial entre os países. "Defendemos a manutenção do acordo e ajustes necessários a ele", disse o executivo.
Desde dezembro, o governo cobra IPI de até 55% para carros importados de marcas sem fábrica no Brasil, Mercosul ou México e sem conteúdo regional de 65%.
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