segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Futuro próximo

O discurso de abertura da Consumer Electronics Show (CES) ficou a cargo do CEO da Microsoft, Steve Ballmer. Ele focou bastante no Windows 8, nova versão do sistema operacional mais usado no mundo. Mas não falou em data para o lançamento (uma diretora da empresa, em entrevista ao site Pocket Lint, cogitou outubro).


Ballmer exaltou também o Windows Phone, a plataforma para smartphone da empresa, arma para ganhar terreno no concorrido mercado dominado pela Apple e pelo Google. Para isso, a empresa uniu forças com a Nokia, que adotou o sistema em seus novos smartphones. Houve menção também ao Kinect, o sensor de movimento do videogame Xbox 360 que agora ganha uma versão para PC, que sai no começo de fevereiro (já em pré-venda).
O mais significativo do discurso é que ele era uma despedida. A CES 2012 foi a última a contar com a participação da Microsoft. Ela segue o exemplo da Apple, que, fiel a seu hábito de criar um mundo só dela, nunca colocou os pés na CES.
O fato de um dos gigantes da tecnologia estar pulando fora da feira é um sinal suficientemente forte de perda de relevância. Mas não é o único: cada vez mais, as novidades que cativam o público e que moldam o mercado estão ligadas mais a software do que a hardware. Estamos falando de redes sociais, aplicativos, conteúdo online, e não de novas peças de plástico e metal.
Ainda assim, aparelhos como as TVs 3D de telas finíssimas (a LG chegou a 1 milímetro nesse ano), tamanhos magníficos (a recordista foi também a LG com um display de 84 polegadas) e imagem fantástica continuam impressionando. Entre estes, ninguém impressionou mais que a Samsung com sua tela OLED de 55 polegadas, a maior do mundo do tipo. A tela OLED não tem luz por trás e permite contraste bem mais acentuado entre as cores.
Outro recurso que marcou a CES 2012 foram as novas telas 3D autoestereoscópicas, que dispensam óculos. Esse novo formato de visão tridimensional foi demonstrado na CES em protótipos de alguns fabricantes (LG, Samsung e Sony).
Uma questão que um evento como a CES levanta é se não há eletrônicos demais competindo pelo mesmo cliente. São dezenas de opções de smartphones, tablets, notebooks, TVs e aparelhos de Blu-ray disputando os olhos e ouvidos de um público que tende a ficar mais e mais confuso com tanta diversidade, siglas e pequenas variações entre os modelos.
O mercado dos tablets é emblemático. Enquanto a Apple e seus iPads reinam, dezenas de modelos de sistema Android se digladiam por espaço em um futuro incerto. No meio desse tumulto, o consumidor tende a ver a empresa como porto seguro: ele já ouviu falar que é bom. Em 2011, foram 40 milhões de iPads vendidos no mundo ante 4 milhões de tablets Android.
Sem falar que todo esse novo setor de tablets já desestrutura o laptop tradicional. Agora repaginado como ultrabook – um produto mais fino e leve (seguindo caminho aberto pela Apple e seu MacBook Air)–, o notebook tenta represar a irresistível onda da computação pessoal em direção ao tablet. Por isso, prevê-se que a Apple se torne a maior fabricante de computadores do mundo em 2012, destronando a HP.
Entre os mais de 20 ultrabooks expostos na feira, chamaram mais atenção o XPS-13, da Dell, o Spectre, da HP, e o IdeaPad Yoga, da Lenovo. Falando em Dell, a marca anunciou sua rendição ao tablet na CES. Garantiu que até o fim do ano, seu primeiro modelo chega às lojas. Mas com cautela: sua concorrente HP amargou fracasso na área.
Uma característica que está por toda CES 2012 só confirma esse contexto onde o software é o centro de tudo: a conectividade. Já estamos conectados até o pescoço via computadores, smartphones e consoles de games. Agora, é a vez das smart TVs – as TVs com internet.
Logo atrás vem os eletrodomésticos conectados (smart appliances), parte da tendência chamada de “internet das coisas” (leia mais na página 2). As coreanas LG e Samsung lideram essa nova corrida. A primeira mostrou na CES uma geladeira que avisa o que está faltando e sugere receitas baseado no que tem dentro dela. A segunda foi um passo além, com um refrigerador que traz um aplicativo de compras, em que você faz o pedido do que precisa. O sistema já está sendo testado na Coreia.
A Samsung também demonstrou uma máquina de lavar que pode ser controlada via smartphone e avisa quando a roupa está pronta. A americana Whirlpool também expôs uma lavadora que se conecta com o celular.
A conectividade nos automóveis também apareceu na feira. A Ford apresentou o modelo Escape, em cujo painel vem instalada uma central conectada que responde a comandos de voz ou do volante e traz telefone, previsão do tempo, navegação e entretenimento. De acordo com dados da CEA, associação que organiza a CES, o valor dos aparelhos instalados em carros cresceu 16% em 2011 nos Estados Unidos e deve atingir US$ 7 bilhões neste ano.

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