quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A poderosa Hyundai quer fazer história no Brasil

A Hyundai dá mais um passo importante nas suas ações globais com o lançamento do seu primeiro carro no Brasil, que será produzido na fábrica que a empresa está construindo em Piracicaba, interior paulista.


-- Gigante coreana prepara-se para entrar no mercado dos compactos.
-- O carro - projeto HB - está pronto e começa a ser vendido em 2012.


Com a conclusão da obra, no segundo semestre de 2012, inicia-se a produção do HB, nome do projeto do hatch pequeno que vai concorrer com os líderes do mercado brasileiro. Serão inicialmente 150 mil unidades, mas a produção deverá aumentar com o lançamento da versão sedã e em seguida com um jipinho.

A montadora coreana nos recebeu em Seul, sede desse gigante industrial, que atua em várias áreas da economia, cujos dirigentes foram muito objetivos em relação ao interesse no Brasil: Vamos para ficar, pra fazer história.

Nascida em 1940 numa oficina de reparos em Toungchou, nordeste da Coreia, a Hyundai cresceu reconstruindo primeiro o transporte destruído pela Segunda Guerra e depois firmando contrato com militares estadunidenses e com a ONU para construção de instalações durante a Guerra da Coreia.

A partir de 1999 diversas empresas foram adquiridas e hoje o grupo se divide em três grandes áreas, controladas pelos herdeiros do fundador, Chung Ju Yung, morto em 2001. A Hyundai Motors Group é a maior delas, de onde faz parte a Hyundai Motor Brasil.

A empresa foi classificada em oitavo lugar no ranking Interbrand das marcas mais valiosas do mundo no setor automobilístico.Seremos o primeiro, disse um diretor da empresa, completando:Não sabemos quando. A empresa tem o projeto de tornar-se a mais valiosa e a mais admirada do mundo.

O Hyundai brasileiro

O HB foi desenvolvido para o Brasil, desde o projeto da plataforma. Segundo a Hyundai, é um carro feito especialmente para o País, com dois tipos de motor, 1.0 e 1.6, ambos flex.

A Hyundai fez um trabalho de conhecimento da cultura brasileira, ouviu especialistas, realizou clínicas e promoveu encontros com consumidores potenciais. As informações colhidas no Brasil foram levadas para a Coreia, onde, no Centro Tecnológico de Pesquisa e Desenvolvimento de Namyang, o carro brasileiro foi projetado. Engenheiros e desenhistas coreanos auxiliados por profissionais brasileiros criaram um carro para atender o maior segmento do mercado.

O Centro Tecnológico de Namyang é um dos mais completos do mundo. Ali trabalham 10 mil engenheiros, dos 88 mil funcionários que o grupo tem no país. São desenvolvidos motores e transmissões, tem um centro de design e laboratórios de ergonomia. São feitos também testes de impacto, tudo para as duas marcas do grupo: Hyundai e Kia. O Centro conta com um sofisticado túnel de vento, para desenvolver a aerodinâmica dos carros e uma câmara de choque de temperatura, onde os protótipos são submetidos à variação drástica de temperatura para avaliar a capacidade de enfrentar qualquer situação.

O Centro tem pistas de testes que somam 70 quilômetros de extensão, com 34 tipos de estrada e 71 variedades de piso. Segundo a empresa, estão ali reproduzidas todas as condições de vias que podem ser encontradas no mundo.

CAOA continuará parceira

A operação no Brasil será compartilhada com a atual importadora da marca, a CAOA, que continuará responsável pela importação e comercialização dos carros médios e luxuosos, bem como os utilitários esportivos, enquanto a Hyundai Brasil vai se responsabilizar pelo HB.
Mais concessionárias serão nomeadas, mas a direção da empresa não explicou como será exatamente a divisão das ações da empresa no Brasil entre Hyundai e a CAOA, que hoje é a representante da marca. Atualmente a CAOA é responsável pela nomeação das concessionárias.

Segundo o vice-presidente mundial da empresa, Willian Lee, a parceria da Hyundai Motor Company com o atual importador é muito bem sucedida, não havendo motivo para mudanças; bastando fazer um acordo em relação às novas nomeações.

Na Coreia a Hyundai é uma espécie de Tio Patinhas das histórias de Walt Disney. Ela está presente em todos os setores da economia: indústria automobilística, construção civil, serviços, tratores e máquinas pesadas, tem estaleiros para a construção de navios e uma frota de marinha mercante, atua na indústria ferroviária e possui uma usina siderúrgica que estará entre as dez maiores do mundo a partir do ano que vem, quando o terceiro forno começar a funcionar e a produção atingir 12 milhões de toneladas de aço por ano, sem contar o aço produzido com material reciclado. A Hyundai Steel importa minério de ferro da Rússia, Brasil e Austrália. Tem com a Vale um contrato de fornecimento até 2020.

É na usina que começa o que a Hyundai chama de produção limpa. Para a empresa, não basta fazer carros ecológicos, reduzir as emissões de poluentes, mas construir um processo produtivo sustentável. E isso começa lá no início do processo produtivo, com o cuidado com ao estoque de minério de ferro. O minério é acondicionado em enormes galpões construídos especialmente para isso, evitando que o material fique exposto ao tempo, à chuva e ao vento, o que resultaria num desperdício de cerca de 3%.

A usina atende toda a necessidade da empresa e vende o excedente. Com atuações nos mais diferentes setores, o grupo Hyundai dá suporte para as operações de todas as áreas de atuação. Uma das empresas da área de construção civil do grupo, por exemplo, está construindo a fábrica de Piracicaba, onde a Hyundai começa a fincar um pé no Brasil e na América Latina.

Os dirigentes do grupo nos recebem na sede da empresa na Coreia com muito entusiasmo, curiosos para saber da expectativa em relação ao lançamento de um carro popular da marca no País.

Deram uma indicação clara de que não irão ao Brasil apenas para construir uma fábrica e produzir um carro.

Vamos para o Brasil para fazer história, apontou Willian Lee.

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