O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) realizou uma pesquisa com as 11 fabricantes melhor posicionadas no ranking da Anfavea durante o primeiro semestre deste ano para verificar o nível de elucidação dos modelos comercializados em relação à eficiência energética. Citroën, Fiat, Ford, Chevrolet, Honda, Hyundai, Nissan, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen correspondem a cerca de 70% do CO2 emitido pela frota brasileira e foram reprovadas. O levantamento concluiu que, ao contrário do que acontece na Europa – onde as marcas são obrigadas por lei a informar os níveis de consumo de seus produtos –, as mesmas montadoras não cumprem o requisito no mercado brasileiro.
Segundo o Idec, nenhuma das 11 marcas informa em seus canais de comunicação e atendimento (serviços por telefone, site ou concessionária) o rendimento energético ou o nível de emissão de gás carbônico de seus veículos. A edição anterior da pesquisa, realizada em 2009, havia chegado à mesma conclusão. Além de verificar o nível de informações oferecido por esses canais, o instituto também enviou um questionário para as marcas abordadas, mas apenas as japonesas Toyota e Honda responderam.
Para a pesquisadora Adriana Charoux, “se as empresas não estão dispostas a assumir no Brasil de forma voluntária uma postura mais transparente, condizente com a que adotam em outros países, isso deveria ser obrigatório”. O Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), coordenado pelo Instituto de Normalização, Metrologia e Qualidade Industrial (Inmetro), não apresentou nível satisfatório de adesão das empresas. Trata-se de uma solução de adesão voluntária e apenas 31,1% do total de veículos comercializados no ano passado e seis das 11 montadoras presentes no estudo de 2011 participaram da iniciativa.
O programa do Inmetro estabelece que as montadoras que aderirem ao projeto devem incluir o resultado da avaliação de eficiência energética no manual do proprietário de cada modelo e também na rede de distribuição. Afixar ou não a etiqueta com os índices de consumo e emissão de gases poluentes no vidro dos veículos é opcional, mas será compulsório a partir de 2012 – porém, sem local definido para a etiqueta.
De acordo com o Idec, outro programa que não recebeu a atenção necessária no Brasil foi o Nota Verde, iniciativa do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O programa avalia a emissão de gases poluentes de todos os veículos leves fabricados a partir de 2009 no Brasil. O problema é que essas informações não chegam aos consumidores.
Em relação às respostas da Toyota e da Honda – as duas únicas que se justificaram diante do questionamento do Idec –, a fabricante do sedã Corolla afirmou que a participação da marca no PBEV em 2012 ainda está em avaliação, enquanto a fabricante do monovolume Fit explicou que não participou do programa em 2011 por questões internas, mas pretende aderir novamente no próximo ano. Os outros modelos pesquisados foram Citroën C3, Fiat Uno e Fiat Palio, Ford Ka, Chevrolet Celta, Hyundai i30, Nissan Livina, Peugeot 207, Renault Clio e Volkswagen Gol.
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