A Ford não teme a formação de uma bolha de crédito no mercado automobilístico brasileiro, e acredita que a demanda de consumidores da classe média interessados em adquirir o primeiro carro continuará crescente nos próximos anos. Em entrevista à agência norte-americana Bloomberg, o presidente da Ford Brasil e Mercosul Marcos de Oliveira afirmou que as medidas do governo federal para conter a alta oferta de crédito vai inibir consumidores que não podem honrar dívidas a longo prazo.
O executivo acredita que as medidas do governo brasileiro já estão surtindo efeito. A taxa de inadimplência entre os novos compradores que financiaram seus veículos está em 3,8% – abaixo do índice de inadimplência de 7% entre os devedores do varejo. O principal responsável pelo resultado é o aumento da entrada à vista nos financiamentos de veículos. A nova medida, criada pelo governo federal em dezembro do ano passado, estabelece que quem quer financiar um automóvel de 24 a 36 meses precisa apresentar pelo menos 20% do valor total. Entre 48 e 60 meses, a entrada mínima é de 40%.
O presidente da Ford também aposta que a escalada social de grande parcela da população brasileira – desde 2003, pelo menos 36 milhões de pessoas saíram da pobreza e entraram para a classe média – vai manter a procura crescente por automóveis e será determinante para continuar o atual ritmo de crescimento do mercado brasileiro. O primeiro semestre de 2011 fechou com crescimento de 9,97% em relação ao mesmo período do ano passado.
A Ford brasileira quer continuar focando o segmento dos compactos “populares”, que representa cerca de 70% do mercado brasileiro, de acordo com a Fenabrave. E o presidente Marcos de Oliveira adiantou que a marca está trabalhando em um novo veículo para o segmento, que irá complementar a oferta de modelos mais acessíveis ao lado de Ka e Fiesta.
Atualmente, a marca norte-americana ocupa o 4º lugar entre as montadoras que atuam no mercado nacional. A Ford tem cerca de 9% de participação do mercado brasileiro, e vendeu 194.510 unidades no acumulado do ano, o que representa 1% a menos que o volume comercializado em igual período em 2010. Para conter o avanço das novas concorrentes, especialmente as chinesas, a Ford investirá R$ 4,5 bilhões até 2015, mas não há previsão de nova fábrica no país.
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