Para o consumidor brasileiro, pequenas mudanças muitas vezes soam como grandes novidades. Mas o facelift que a General Motors promoveu no Celta em fevereiro deste ano não surtiu grandes efeitos. É que, apesar de permanecer na terceira posição entre os mais vendidos no Brasil, atrás de Volkswagen Gol e Fiat Uno, o compacto começa a sentir o peso da idade. As mudanças discretas garantiram uma média de vendas de 11,3 mil unidades/mês entre janeiro e abril deste ano. Uma quedinha em relação a 2010, quando a média foi de 12,9 mil unidades/mês.
O fato de as vendas não crescerem deve-se principalmente à concorrência mais moderna e atualizada. O Volkswagen Gol, líder do segmento, e o vice-líder Fiat Uno foram totalmente reformulados em 2008 e 2010, respectivamente. Enquanto isso, o Celta mudou pouco desde seu lançamento em 2000, com uma reestilização um pouco maior em 2006.
Passados cinco anos desde a última atualização, já era natural que o Celta mudasse. Entretanto as novidades, mais que discretas, não chegam a emocionar. A dianteira, como não poderia deixar de ser, passa a seguir a nova linguagem visual da marca e agora ostenta a grade separada no meio por um filete na cor da carroceria com a gravata dourada da fabricante ao centro. No mais, o Chevrolet Celta é praticamente o mesmo carro visto pelas ruas desde 2006. A lateral está igual e a traseira tem como únicas novidades as lanternas com máscaras negras e, de novo, a logomarca no centro da tampa traseira. As rodas de 13 polegadas trazem calotas com novos desenhos.
Outra mudança é que, a partir desta linha 2012, todas as versões do Celta passam a ser equipadas com para-choques na cor da carroceria. O que pode parecer uma evolução natural do modelo, na verdade representa um custo extra para o consumidor. Por conta da novidade, o Celta agora parte de R$ 26.115 na versão de entrada LS com duas portas. Isso significa um acréscimo de R$ 300 em relação à antiga versão. Já o Celta topo de linha, com carroceria cinco portas, segue comercializado a partir de R$ 29.364.
Se no exterior as novidades do Celta 2012 foram discretas, no habitáculo elas foram providenciais. Criticado desde seu lançamento pela simplicidade excessiva, o interior passa a contar com novo volante – prateado na versão LT –, painel de instrumentos redesenhado na cor IceBlue – como no Agile – e assentos em tom mais claro. Além disso, a Chevrolet garantiu novos e maiores porta-objetos no modelo, em busca de uma melhor habitabilidade. Na hora de acelerar o Celta 2012 não há qualquer novidade. O compacto segue equipado com o mesmo 1.0 Flexpower VHCE de 77/78 cv de potência – com gasolina e com etanol – a 6.400 rpm e 9,5/9,7 kgfm de torque a 5.200 giros.
As renovações do Celta visam garantir que o carro se mantenha bem posicionado no concorrido mercado de hatches. Mas não são suficientes para que o compacto brigue nas primeiras posições de seu segmento. Para mudar este panorama, a Chevrolet trabalha no projeto ultra-secreto denominado Ônix. Este prevê o lançamento de um substituto do Celta. Segundo especulações, o projeto prevê uma nova plataforma e motores inéditos, além do lançamento de um novo modelo semelhante ao Chevrolet Agila – não confundir com o Agile – ou mesmo o Chevrolet Sail. O fato é que, enquanto a Chevrolet não confirma a vinda de um novo modelo, as vendas do Celta continuam sem empolgar. E cada vez mais o hatch compacto se acomoda na terceira posição do mercado nacional.
Ponto a ponto
Desempenho – O Chevrolet Celta teve seu exterior e interior renovados na linha 2012. Mesmo assim, seu grande destaque segue sendo motor 1.0 Flexpower VHCE. Esta unidade de força de 77/78 cv garante acelerações eficientes e boas retomadas. Facilita a vida do propulsor o baixo peso do veículo: são apenas 890 kg na versão quatro portas. O compacto cumpriu o zero a 100 km/h em razoáveis 14,1 segundos. No entanto, depois dos 100 km/h, o Celta perde o fôlego e o motorista precisa ter paciência. A máxima, segundo a Chevrolet, é de razoáveis 161 km/h quando abastecido com etanol, velocidade condizente com a proposta urbana do carrinho. Nota 8.
Estabilidade – Com 11 anos de mercado, o Celta é um carro já acertado. Na hora de encarar curvas fechadas em alta velocidade, o modelo até que se sai bem. A carroceria torce pouco e não faz menção de rolar. Nas freadas bruscas, o hatch tende a sair da trajetória e a traseira levanta um pouco. Nas retas, a comunicação entre rodas e volante começa a ficar instável a partir de 120 km/h. Nota 7.
Interatividade – A ergonomia nunca foi o forte do Celta. O modelo não oferece ajuste de altura para o banco do motorista nem qualquer ajuste para o volante. O resultado é que o motorista sofre para encontrar uma posição agradável para dirigir. O pouco espaço para os passageiros na dianteira pelo menos provoca um efeito colateral positivo. Todos os comandos estão ao alcance do motorista. A visibilidade dianteira é apenas boa e a traseira e lateral são prejudicadas pelo pequeno vidro traseiro e pelas colunas largas. Já o câmbio apresenta engates razoavelmente macios. Nota 6.
Consumo – O modelo avaliado obteve um consumo médio de 7,8 km/l, rodando apenas na cidade, e abastecido com etanol. Nota 7.
Tecnologia – O Celta é montado sobre a veterana plataforma da primeira geração do Corsa nacional, datada de 1994. Em contrapartida, o motor 1.0 VHCE recebeu algumas evoluções durante os anos – a última em 2009. O hatch compacto não oferece ABS ou airbag sequer como opcional. Nota 6.
Conforto – No interior do Celta definitivamente não há abundância de espaço. A ausência de regulagem de altura do banco do motorista e do volante também não contribuem para uma boa acomodação. A suspensão, no entanto, é bem acertada e traz algum conforto. Já o isolamento acústico é quase inexistente e o barulho do motor invade sem cerimônias o habitáculo. Nota 6.
Habitabilidade – Os acessos ao interior do Celta são bons tanto para o banco dianteiro quanto traseiro. Por dentro, há práticos porta-objetos. O porta-malas de 260 litros é limitado, mas está na média do segmento. Nota 7.
Acabamento – Este quesito nunca foi o forte do Celta, até por se tratar de um modelo de entrada da marca. No entanto, nesta nova versão, a Chevrolet fez mudanças que conseguiram emprestar algum requinte ao popular. Lá estão novos volante, botões do sistema de ventilação, tecidos dos bancos, grafismos do quadro de instrumentos, entre outros. As mudanças foram bem-vindas. Nota 7.
Design – O facelift do Celta foi limitado demais. A dianteira com a nova linguagem de design da marca e a traseira com lanternas escurecidas não transmitem grande sensação de novidade, algo muito valorizado para o segmento. O modelo se atualizou, mas não é capaz de chamar grande atenção. Nota 6.
Custo/benefício – A versão mais completa do Celta, a LT com quatro portas, é oferecida por R$ 29.364. O valor está na média do segmento. Um pouco mais caro que o Fiat Uno Way 1.0, que parte de R$ 29.030, e igualmente um pouco mais em conta que o Volkswagen Gol 1.0, que sai de R$ 30.880. A lista de equipamento é similar entre os três. Nota 7.
Total – O Chevrolet Celta somou 67 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Velhas novidades
As novidades do Celta 2012, apesar de pequenas, têm a função de dar alguma sobrevida para o hatch compacto da Chevrolet. Lá estão a nova dianteira – de acordo com a linguagem de design da marca – e outras novidades tímidas, como lanternas com máscara escurecida e logotipo da marca centralizado na tampa do porta-malas. Todas essas maquiagens para fazer frente, ou ao menos tentar, à concorrência – que está mais atualizada e moderna.
Se as mudanças no exterior foram limitadas, no interior pontos críticos da versão anterior foram superados. A simplicidade excessiva deu lugar a elementos que visam transmitir certo requinte e sofisticação. As soluções encontradas saíram de dentro da gama da marca. Volante, painel de instrumentos e botões do painel são os mesmos presentes no Chevrolet Agile.
Fora estas novidades, o Celta continua o mesmo. Achar uma posição confortável para dirigir ainda é um desafio no compacto. Não há regulagem de altura do banco do motorista e do volante. Como consequência, os motoristas mais altos sofrem para ver o painel de instrumentos e também têm sua visão dianteira atrapalhada pelo teto. O espaço para pernas e cabeça é bem limitado. Os botões e comandos estão ao alcance dos motoristas, no entanto o modelo abusa de plásticos duros e apresenta rebarbas aparentes em seu interior.
Sob o capô está o motor 1.0 Flexpower VHCE. Esta unidade de força de 77/78 cv equipa o modelo desde 2009 e garante arrancadas e retomadas interessantes para um motor 1.0. Parte desse mérito se deve ao baixo peso do carro. Na versão testada, com quatro portas, o Celta pesa apenas 890 kg. Basta pressionar o pedal da direita e o Celta se move com agilidade. A Chevrolet garante uma máxima de 161 km/h para o modelo quando abastecido com etanol. Mas o modelo começa a apresentar flutuações a partir dos 120 km/h e não conta com qualquer equipamento de segurança. Nem como opcional. Ou seja, é melhor não abusar e andar somente em velocidades civilizadas.
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