segunda-feira, 23 de maio de 2011

Desafios das comunicações


Para as comunicações, o maior problema futuro talvez seja a adequação da lei e da regulação, pois legisladores e reguladores parecem não compreender corretamente nem no tempo certo as profundas mudanças ocorridas na tecnologia nos últimos anos, em especial aquelas decorrentes da expansão da internet em escala planetária.


Poucos especialistas conhecem tão bem esse desafio quanto Ben Verwaayen, ex-presidente da British Telecom e atual presidente executivo ou CEO (chief executive officer) da Alcatel-Lucent. Por sua experiência na indústria e numa das maiores operadoras europeias, tem uma visão ao mesmo tempo clara e didática do problema. Eis a seguir alguns dos pontos mais significativos da entrevista que esse executivo concedeu ao Estado sobre o tema em sua recente visita Brasil.


Novo cenário


Vejamos o que ocorre em cada área. Na radiodifusão tradicional ou nos serviços de TV por assinatura, o destinatário está em casa ou no carro, como simples receptor da comunicação de voz, vídeo, áudio ou música. Na telefonia fixa, o usuário está em casa ou no escritório, e comunica-se basicamente por meio de voz e dados. Com as comunicações móveis, o usuário está em movimento e passa a utilizar a internet com seus laptops, netbooks, iPods, smartphones, iPads ou tablets. Eis aí a grande revolução: o usuário móvel pode receber praticamente quaisquer conteúdos – voz, dados, imagens e até conteúdos de jornais, revistas, rádio e TV.


Cocriação


O presidente da Alcatel-Lucent fala com entusiasmo sobre o futuro da comunicação móvel, com os avanços recentes na área das estações radiobase, hoje em processo de mudança tecnológica acelerada, em particular com a miniaturização extrema dos equipamentos. O melhor exemplo é o LightRadio, pequeno cubo de apenas alguns centímetros que poderá substituir as enormes estações radiobase (ERBs), com enorme redução de custos de investimento e de consumo de energia.


Em quanto tempo deverá ocorrer a migração das ERBs tradicionais para essa tecnologia? Ben Verwaayen é realista: “Não esperamos que o mundo vá migrar de repente ou em alguns meses para a nova tecnologia. É mais lógico esperar uma longa transição, com um trabalho conjunto entre fabricantes e operadores, no processo que podemos chamar de cocriação”.


Banda larga


No final desta década, por volta de 2020, há expectativa de uma demanda gigantesca de banda de frequências, quando o mundo deverá estar utilizando cerca de 50 bilhões ou 60 bilhões de dispositivos de comunicação móvel. Para Ben Verwaayen, esse é mais um entre os grandes desafios que o mundo terá de enfrentar. Esses bilhões de dispositivos móveis atuarão na comunicação tanto homem-homem quanto homem-máquina e máquina-máquina.


A maior importância dessas novas formas de comunicação serão aquelas ligadas diretamente ao ser humano, como no uso de sensores, que poderão enviar um comando da estrada para o veículo e evitar um erro humano e um desastre de sérias consequências.


Texto de Ethevaldo Siqueira. A íntegra está disponível no site do
Estadão.

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