Os importadores de carros já estão reavaliando o planejamento de pedidos para se adequar às medidas de restrição aos automóveis trazidos de outros países e evitar a falta de produtos no mercado nacional.
"Nós todos vamos refazer nosso planejamento de tempo de trânsito", afirmou Paulo Kakinoff, vice-presidente da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores) na divulgação do resultado do primeiro quadrimestre.
Desde o dia 10 deste mês, os automóveis que entram no país têm que pedir uma licença prévia para a liberação de guias de importação, o que, até então, era feito de forma automática.
Em média, os veículos trazidos da Ásia levam cerca de 30 dias para chegar ao Brasil, o dobro do tempo dos carros que vêm da Europa. Nenhum dos 30 associados à entidade traz carros da Argentina, principal alvo da medida do governo federal, embora oficialmente a mudança tenha sido feita pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) para "monitorar o fluxo de importações" do setor.
A importação de carros de marcas que não têm fábrica no Brasil quase dobrou --alta de 97,1%-- nos primeiros quatro meses do ano ante igual período em 2010, atingindo 52.074 unidades. Essa quantidade representa 21,3% do total de importados que entraram no Brasil nesse intervalo.
Para José Luiz Gandini, presidente da Abeiva, "o que pode acontecer, na pior das hipóteses, é demorar 60 dias para emitir a primeira guia por um problema técnico operacional".
O executivo admite que a mudança "atrapalhou". 'Uma coisa é entrar no computador, digitar e sair a guia do outro lado. Vamos ter que nos planejar novamente, mexer no nosso sistema", disse.
Segundo ele, "se não sair guia nenhuma, temos carros para vender nos próximos 30 dias", mas admite que, com a diminuição dos estoques, pode haver falta pontual de alguns modelos, dependendo da cor desejada, por exemplo.
"Todas as marcas têm navio chegando", completou, lembrando que, até o início do próximo mês, haverá veículos entrando no Brasil que não foram afetados pela mudança porque tiveram a entrada liberada quando isso ainda era feito de forma automática.
Sergio Habib, representante da JAC Motors no Brasil, destacou ainda a importância dos importados para a concorrência, beneficiando o consumidor. "Qualquer bem importado impede o fabricante nacional de aumentar preços", ressaltou.
A marca chinesa iniciou as vendas no Brasil no dia 18 de março e já contabiliza no acumulado do ano a comercialização de 2.556 unidades.
Considerando os associados da Abeiva, está atrás de Kia (25.038), Chery (3.478), BMW (3.074) e Effa Hafei (2.715).
RESPOSTA
O MDIC não admite que a licença prévia seja uma retaliação do governo brasileiro ao argentino, que dificulta a entrada dos produtos nacionais naquele mercado, mas o secretário-executivo do MDIC, Alessandro Teixeira, vai se reunir na próxima semana com o secretário da pasta equivalente argentina, Eduardo Bianchi, para tentar solucionar o litígio comercial.
A mudança "preocupa", segundo Gandini, mas a entidade afirma "confiar no bom senso do governo". "O nosso setor está hoje maduro e consolidado, a ponto de dispor de 771 concessionárias autorizadas de 30 marcas", destacou.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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