quinta-feira, 14 de abril de 2011

Valorização dos imóveis é mais rápida que a inflação


Quem começou a procurar um apartamento usado em janeiro, resolveu esperar mais um pouco e agora voltou a olhar os imóveis, pode tomar um susto. De lá para cá, os preços já subiram, em média, 5,8% na capital, como mostra o índice calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com o portal de ofertas Zap. Para um imóvel de R$ 300 mil, por exemplo, isso corresponderia a um aumento de R$ 17,4 mil em apenas três meses.

Mas há bairros que apresentam aumentos muito maiores que a média. É o caso de Santana, Alto da Lapa, Ibirapuera e Pirituba, que chegam a registrar variações de até 26,10%, segundo o índice. Assim como há regiões que acusam queda de até 27,40% nos preços pedidos. 

O indicador toma como base todos os imóveis anunciados no portal Zap  www.zap.com.br) que estejam localizados no mesmo distrito e tenham o mesmo número de dormitórios. Ao agrupar esses apartamentos sob um mesmo guarda-chuva, o índice acaba desconsiderando peculiaridades como o estado de conservação do imóvel, a infraestrutura do condomínio, entre outros.

Por isso, é possível haver algumas distorções. Mas, ao tirar uma fotografia dos preços na capital, o índice Fipe-Zap aponta tendências importantes, como a de que o ritmo da valorização imobiliária é mais forte que o da inflação. 

Neste primeiro trimestre, o preço dos imóveis subiu 5,8% enquanto a inflação em São Paulo ficou em 2,68%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A variação de preços dos imóveis agora costuma ficar dois ou três pontos porcentuais acima da inflação”, admite João Crestana, presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP).

Ele afirma que o ritmo de altas já foi maior e que agora já estamos em “um voo de cruzeiro”, “sem grandes oscilações”. Também critica, em parte, a metodologia do índice, dizendo que pode haver alguns exageros quando se faz a avaliação bairro a bairro. Mas reconhece ali bons indicativos de valorização em certos distritos.

Para Eduardo Zylberstajn, coordenador do índice Fipe Zap, as variações mais expressivas em alguns bairros mostram justamente que, naquelas regiões, a demanda está mais forte que a oferta. “Há lugares em que essa equação ainda não se ajustou, então os preços ali ainda têm espaço para subir mais”, afirma [IP8,0,0]Zylberstajn. “Em contrapartida, nos bairros que a oferta já é maior que a procura, os preços se estabilizaram.”

Não é o caso da Mooca, bairro da zona leste onde a advogada Amanda Álvares, de 29 anos, quer comprar seu primeiro apartamento. Hoje, ela já mora no bairro, mas com os pais. Agora, quer se mudar para um apartamento só dela, mas sem ficar muito longe da família. O problema é o dinheiro. “No meio do ano passado, fiz as contas e vi que, com a minha renda, posso comprar um imóvel de R$ 200 mil”, afirma Amanda. 

Ela até achou alguma coisa por esse preço na época, mas resolveu juntar mais dinheiro para dar como entrada do financiamento. Agora, com uma poupança maior, voltou a procurar. “Visitei um imóvel no mesmo prédio que eu tinha olhado no ano passado e vi que ele está R$ 20 mil mais caro. Assim fica difícil se planejar.”

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