Os líderes japoneses tentavam na terça-feira acalmar o pânico dos mercados financeiros, num momento em que a crise nuclear agrava a situação da economia atingida pelo terremoto e tsunami da última sexta-feira.
A Bolsa de Tóquio chegou a registrar uma queda superior a 14% depois das explosões em dois reatores da usina nuclear de Fukushima, que levou o primeiro-ministro Naoto Kan a advertir a nação, em tom sombrio, de que os níveis de radiatividade se tornaram "significativamente" mais altos.
Mesmo antes dos dramáticos acontecimentos desta terça-feira, os economistas já estimavam que os custos de recuperação e reconstrução atingiriam pelo menos US$ 180 bilhões, ou 3% do PIB do Japão, terceira maior economia mundial. Outros sugeriram que o custo poderia chegar a 5% do PIB.
O país vive sua maior crise desde a Segunda Guerra Mundial, e os dirigentes pediram calma aos mercados.
"A produção do Japão e seu poder econômico não caíram. Acho que a confusão do mercado vai se acalmar em um curto espaço de tempo", disse o ministro da Economia, Kaoru Yosano, numa entrevista coletiva.
Ele disse que não há motivos para fechar os mercados de Tóquio, mas reconheceu que o governo e o banco central do país precisam "aliviar a ansiedade do público e dos investidores".
Yoshihiko Noda, ministro das Finanças, afirmou que queda da Bolsa foi uma reação a "fatores temporários".
A explosão em dois reatores da usina de Fukushima, atingida pelo terremoto de sexta-feira, é o mais grave acidente nuclear no mundo desde a catástrofe de Chernobyl (Ucrânia) em 1986. O governo recomendou que as pessoas não saiam de casa num raio de 30 quilômetros em torno da usina.
"Houve um incêndio no reator número 4, e os níveis de radiação na área circundante tem aumentado significativamente. A possibilidade de vazamento radioativo ainda está aumentando", disse Kan no seu pronunciamento.
"Estamos fazendo todos os esforços para evitar que o vazamento se propague. Sei que as pessoas estão muito preocupadas, mas gostaria de pedir-lhes que ajam com calma."
Mas os mercados refletiram o crescente medo com o risco da radiação, que se soma ao trauma causado pelo terremoto de magnitude 8,9 e pelo tsunami subsequente.
No fechamento do pregão de terça-feira, as ações da empresa Tepco, operadora da usina, estavam num patamar 42% inferiores ao de sexta-feira. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, teve queda de 10,5%, a maior desde outubro de 2008, no auge da crise financeira global. As empresas japonesas perderam mais de US$ 600 bilhões em valor de mercado desde sexta-feira.
"Todo o foco está na crise nuclear. Na situação em que a crise parece piorar, os investidores estrangeiros e operadores de fundos nacionais estão abandonando os papéis japoneses", disse Hideyuki Ishiguro, supervisor da corretora Okasan Securities, em Tóquio.
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