quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Empresas on-line reconquistam os investidores


Valorização de companhias pontocom lembra a bolha da web nos anos 2000, mas momento é diferente, dizem especialistas. 

O renovado apetite de investidores por empresas de internet cria a sensação de déja vù em quem viveu o ápice e o estouro da bolha pontocom dos últimos anos de 1990. A Aol, por exemplo, anunciou ontem a aquisição do site de notícias Huffington Post, criado em 2005, por US$ 315 milhões.



A rede social Facebook foi avaliada em US$ 50 bilhões, após receber aporte de cerca de US$ 450 milhões do banco de investimentos Goldman Sachs. A empresa de telefonia pela web Skype vai abrir capital e a rede social corporativa Linkedin já deu início ao processo.

"O mercado não vê essa atividade desde o fim da década de 90", diz Kevin Hartz, empreendedor e investidor que, entre outros negócios, aplicou no PayPal, serviço de pagamento on-line que foi vendido para o site de leilão eBay em 2002, por US$ 1,5 bilhão.

"A diferença é que, na época da bolha, você tinha negócios que não eram bons por si só. Hoje, até podemos ter uma bolha de valorização, mas as empresas hoje têm lucro", diz Marcos Weittreich, um dos pioneiros da internet no Brasil e criador do provedor de acesso à internet iBest, vendido em 2003 para a Brasil Telecom (depois comprada pela Oi) por US$ 36 milhões, segundo fato relevante da época

O dinheiro da venda foi aplicado de novo na internet. Hoje, ele é presidente da Greenvana, loja on-line de produtos sustentáveis.

Para Fernando Belfort, analista sênior de mercado da Frost & Sullivan, uma das principais diferenças entre o atual momento da internet e a final dos anos 90, é que, há 12 anos, a web ainda tentava se firmar como meio de comunicação.

"Hoje, o risco é o mesmo de aplicar dinheiro na bolsa. E grande parte dos investidores estava operando naquela época. Eles estão mais experientes e seus clientes também", diz.

De investido a investidor

O Buscapé foi criado em 1999 e, em 2005, o fundo Great Hill Partners investiu US$ 6 milhões por cerca de 50% do site de comparação de preços. Quatro anos depois, 91% da empresa foi comprado pelo grupo de mídia africano Naspers por US$ 342 milhões.

Agora, a empresa virou compradora. Ela criou um concurso para investir R$ 300 mil em um bom negócio na área de comércio eletrônico e redes sociais pelo celular.

"Temos condições para fazer um investimento maior. Não temos teto", diz Ayrton Aguiar, vice-presidente de fusões e aquisições do Buscapé.

O que investidores querem

Para Aguiar, quando se compara o atual panorama da internet com o cenário de 12 anos atrás, o "jogo é outro". Na época da bolha faltava clareza quanto ao modelo de negócios que as pontocom adotariam, bem como sobre seus resultados financeiros.

"Você apostava que o futuro seria brilhante e usava métricas ruins para medir, como audiência, que podia ser fraudada. Agora, você compara esse elemento com investimento em marketing, tráfego orgânico e se o modelo de negócios é sustentável", diz.

Para a Frost&Sullivan, investidores utilizam três métricas para avaliar uma pontocom: evolução do número de usuários; progresso da receita e importância estratégica da empresa no futuro. "Em 2004, o valor de mercado do Google era 17 vezes a receita. Por esse prisma, o múltiplo de 25 do Facebook não é tão elevado assim", diz Belfort, referindo-se a estimativas de que a a rede social tenha faturado US$ 2 bilhões no ano passado.

"A receita vem crescendo, a empresa tem caixa positivo, é rentável. Certamente a avaliação do valor de mercado levou em conta o rápido avanço de receitas e do número de usuários", afirma Hartz que, além de investidor, também tem experiência em captar recursos.

A consultoria eMarketer estima que, este ano, o Faceboook vai faturar US$ 4 bilhões em todo o mundo com publicidade, dos quais US$ 2,19 bilhões virão dos Estados Unidos.

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