Analise feita pelo economista-chefe do banco, Octavio de Barros, justifica a expectativa sobre a decisão do Copom na próxima semana, considerando um efeito positivo de “uma ação coordenada de política econômica –que inclui uma forte redução no crescimento das despesas públicas e medidas macroprudenciais –para trazer a inflação para o centro da meta ao longo de 2012. Em nossa visão, essa estratégia de política econômica, a desaceleração já em curso da atividade e o fato de parte da deterioração da inflação e das expectativas ser reflexo de choques de commodites são elementos mais do que suficientes para justificar uma elevação de no máximo 50 p.b. nessa reunião, seguido de um eventual aumento de mais 50 p.b. na reunião de abril, caso seja necessário”, diz Barros em relatório enviado com exclusividade ao Blog.
No mercado de juros futuros de curto prazo da BM&F teve uma forte movimentação de contratos negociados nesta quinta-feira, reforçando a aposta de que o Banco Central pode ser mais enérgico em sua decisão, elevando os juros em 0,75 pontos porcentuais.
Em seu relatório Octavio de Barros aponta um “erro” na previsão dos índices de inflação para o primeiro trimestre, baseadas na deterioração recente dos índices de inflação ao consumidor. ” A surpresa inflacionária ao longo deste primeiro trimestre, que deve alcançar 2,25% contra 1,87% (IPCA) esperado pelo Banco Central em seu último relatório de inflação, entretanto, é reflexo, em nossa visão, dos efeitos defasados do aquecimento da atividade, especialmente do mercado de trabalho, e do choque recente de commodities. As expectativas de inflação, em nossa leitura, não constituem informação nova para explicar a deterioração do quadro inflacionário. Neste contexto, parte importante do “erro” de previsão do primeiro trimestre está associado à intensidade desse choque de commodities”
O economista aponta mais uma razão para que o BC tenha cautela ao usar a taxa de juros como instrumento mais eficaz para combater a inflação. “Caso o Banco Central brasileiro seja um dos únicos a elevar demasiadamente os juros neste contexto global em que os países desenvolvidos estão com juros muito baixos e os emergentes, por sua vez, estão atuando mais com medidas macroprudenciais do que com juros, a taxa de câmbio brasileira possivelmente apreciaria demasiadamente. Essa apreciação cambial agravaria o tema da competitividade externa da economia. Os sinais emitidos pelo atual governo sugerem que este é um tema relevante para os formuladores de política econômica e, portanto, os efeitos colaterais da elevação de juros não podem ser negligenciados nesse novo arcabouço de política econômica. Logo, uma ação agressiva de elevação dos juros nesta fase, além de não se justificar pelo argumento da desaceleração da atividade, nos parece muito improvável poisagravaria o vazamento externo e intensificaria adesaceleração da atividade já em curso”.
Barros conclui, “não parece razoável esperar que o Banco Central suba os juros exageradamente a ponto de trazer a inflação para o centro da meta já em 2011, uma vez que isso exigiria uma enorme contração do PIB brasileiro e certamente levaria a inflação para baixo da meta em 2012. Portanto, em nossa visão, o Copom irá elevar os juros em 50 p.b. nesta reunião e aguardar os resultados dessa ação de política monetária combinada com as ações macroprudenciais,fiscais e para-fiscais. Essas ações, além de eficazes, nos parecem se somar a uma desaceleração já em curso do principal vetor de aceleração inflacionária nos últimos meses, que foi o mercado de trabalho. Por conta disso, não justificam em nossa leitura, qualquer aposta mais contundente na aceleração da intensidade ou do tamanho total do ciclo de juros, exatamente no momento em que os vetores que governam a inflação sugerem um cenário prospectivo para os núcleos bastante mais favorável.
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