As placas de "aluga-se" têm ficado cada vez menos tempo dependuradas em janelas ou entradas de prédios, apesar de os preços dos aluguéis continuarem subindo.
Uma das explicações para essa corrida é a procura de estudantes universitários - especialmente no início e no meio do ano - por imóveis que ficam próximos às faculdades. Mas essa não é a única razão. Outro motivo é o próprio valor das unidades habitacionais.
Mesmo com os incentivos do governo e a facilidade de se obter crédito, comprar uma casa ou apartamento não é barato, principalmente se a região estiver prestes a receber ou já tiver serviços como metrô.
A valorização do imóvel por causa dessas melhorias aliada à famosa lei da oferta e da procura são os principais responsáveis pelos valores crescentes dos novos contratos de locação.
"Geralmente, os aluguéis representam de 0,4% a 0,6% do preço do imóvel, mas existem exceções", afirma João Teodoro da Silva, presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci).
"Por causa dessas exceções, que são cada vez mais comuns, estamos preocupados em conter o avanço dos valores. Uma hora ou outra o salário não vai acompanhá-los".
Por enquanto, o cenário de São Paulo não apresenta obstáculos. A demanda continua bastante aquecida, com os locatários dispostos a pagar mais pelos metros quadrados alugados.
"Apesar das altas seguidas, a procura por apartamentos, principalmente de um e dois dormitórios, continua bem intensa", diz Hilton Pecorari Baptista, diretor de Locação Residencial do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP).
De acordo com levantamento feito pelo próprio Secovi-SP, o valor da locação subiu, em média, 1,2% na cidade, no mês passado. Em dezembro, a alta foi de 1,9% e, em novembro, de 1,6%.
"A variação de janeiro é pequena em relação aos outros meses, por isso não acho que dá para falar em estabilização dos valores ou pensar em retração", diz Baptista.
Na verdade, o executivo aposta no aumento dos preços para o ano. Ele estima um acréscimo de 15% em 2011 - o que contribui para a pressão inflacionária, considerando que as estimativas de mercado já estão acima da meta de 4,5%.
Menores e mais caros
A projeção de Baptista está em consonância com os valores dos últimos 12 meses. Segundo o estudo do Secovi-SP, o acréscimo de janeiro a janeiro alcançou 14,57%.
"No entanto, imóveis com boa localização e bem conservados tiveram aumento de até 20%", diz. Pela pesquisa, as unidades de um quarto registraram as maiores elevações em janeiro, chegando a 1,5%. O valor do metro quadrado, na Zona Norte é, em média, de R$ 14,4.
As de dois dormitórios seguiram a média do período, registrando alta de 1,2%. Esse tipo de apartamento está cada vez mais raro em São Paulo, por isso é comum ter de dois a três candidatos para cada um desses imóveis.
"Nesses casos, a locação é feita de duas a três semanas", afirma Baptista. O resultado é que o metro quadrado, também na Zona Norte, sai por R$ 15,8 por mês, em média.
Tarefa diferente é encontrar locatário para unidades de três e quatro dormitórios, que pode demorar de 40 a 45 dias. Os motivos são o preço e a maior oferta na capital paulista. Um imóvel de três quartos ainda na Zona Norte, sai por R$ 15 o metro quadrado.
No caso dos contratos antigos, o indicador geralmente usado para reajustar a locação é o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M). Em relação a fevereiro de 2010, a alta alcançou 11,50%.
"Mas, às vezes, vale mais a pena o proprietário negociar com o locatário do que perdê-lo por causa do preço. Afinal, aluguel é uma relação de confiança e o próximo inquilino pode não ser tão bom quanto o anterior", diz Silva, do Cofeci.
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