Depois de um ano ingrato para as companhias, especialistas apontam que o aumento da demanda, por si só, não devolverá o brilho ao setor
São Paulo - Capitaneado por bancos públicos, o movimento de redução dos
juros ganhou outro capítulo nesta semana, quando a Caixa Econômica
Federal anunciou a diminuição das taxas para a compra da casa própria. A
queda, que em alguns casos pode chegar a 21%, não deixa de ser
representativa: em financiamentos tão esticados - e para compra de bens
tão caros -, qualquer diferença percentual contribui para uma economia
de milhares de reais no bolso dos consumidores.
Como a Caixa é dona de 75% do mercado de crédito imobiliário, o governo
espera que a tacada pressione outras instituições a levantarem igual
bandeira. Teoricamente, as construtoras se beneficiariam do aumento de
potenciais compradores. Mas o passado já mostrou que essa relação não é
tão linear como parece.
Na última década, a expansão na renda e as facilidades na concessão de crédito levaram os brasileiros às compras, muitos pela primeira vez. Aproveitando a explosão de uma demanda represada por anos, as construtoras e incorporadoras aceleraram a aquisição de terrenos, estenderem suas atividades para outros cantos do país e lançarem novos empreendimentos. Muitas, inclusive, abriram capital para financiar seus ousados projetos.
Por algum tempo, o frenesi pareceu justificado. Mas a crise de 2008 abalou as vigas da construção civil. A falta de crédito decorrente da quebra do Lehman Brothers fez com que várias empresas não tivessem recursos suficientes para produzir as unidades que já tinham vendido.
A procura por parte dos clientes, por outro lado, escancarou os problemas decorrentes de falta de mão de obra. Sem profissionais qualificados e acumulando falhas de planejamento e gestão, os canteiros diminuíram o ritmo de trabalho. Como resultado, muitos mutuários amargaram atrasos infindáveis no recebimento das chaves.
Em 2011, boa parte das companhias sofreu os reflexos desse cenário. Enquanto a Gafisa apresentou prejuízo de quase 1 bilhão de reais - o maior entre as S.A. brasileiras -, as demais gigantes do setor viram seu resultado encolher em relação ao ano anterior. Foi o que aconteceu com Cyrela, PDG, Brookfield, Tecnisa e Even.
Agora, reverter o quadro dependerá muito mais da habilidade das companhias em reestruturar seu modelo de negócios. Pelo menos é o que acredita o analista Erick Scott, da SLW. "O crescimento da demanda em função da diminuição dos juros pode até ajudar, mas não será a salvação para desovar nenhum estoque", diz.
Para Sérgio Tekini, presidente do Sinduscon-SP (Sindicato das Empresas de Construção Civil), os reveses do passado ensinaram as empresas a ir com menos sede ao pote. "Não dá para ter carteira de vendas esplêndida sem apresentar resultado", afirma. "Para crescer, o setor precisará ser comportado, mais seletivo, focado em reestruturação e resgate de rentabilidade." Um caminho que deve ser assentado tijolo por tijolo.
Na última década, a expansão na renda e as facilidades na concessão de crédito levaram os brasileiros às compras, muitos pela primeira vez. Aproveitando a explosão de uma demanda represada por anos, as construtoras e incorporadoras aceleraram a aquisição de terrenos, estenderem suas atividades para outros cantos do país e lançarem novos empreendimentos. Muitas, inclusive, abriram capital para financiar seus ousados projetos.
Por algum tempo, o frenesi pareceu justificado. Mas a crise de 2008 abalou as vigas da construção civil. A falta de crédito decorrente da quebra do Lehman Brothers fez com que várias empresas não tivessem recursos suficientes para produzir as unidades que já tinham vendido.
A procura por parte dos clientes, por outro lado, escancarou os problemas decorrentes de falta de mão de obra. Sem profissionais qualificados e acumulando falhas de planejamento e gestão, os canteiros diminuíram o ritmo de trabalho. Como resultado, muitos mutuários amargaram atrasos infindáveis no recebimento das chaves.
Em 2011, boa parte das companhias sofreu os reflexos desse cenário. Enquanto a Gafisa apresentou prejuízo de quase 1 bilhão de reais - o maior entre as S.A. brasileiras -, as demais gigantes do setor viram seu resultado encolher em relação ao ano anterior. Foi o que aconteceu com Cyrela, PDG, Brookfield, Tecnisa e Even.
Agora, reverter o quadro dependerá muito mais da habilidade das companhias em reestruturar seu modelo de negócios. Pelo menos é o que acredita o analista Erick Scott, da SLW. "O crescimento da demanda em função da diminuição dos juros pode até ajudar, mas não será a salvação para desovar nenhum estoque", diz.
Para Sérgio Tekini, presidente do Sinduscon-SP (Sindicato das Empresas de Construção Civil), os reveses do passado ensinaram as empresas a ir com menos sede ao pote. "Não dá para ter carteira de vendas esplêndida sem apresentar resultado", afirma. "Para crescer, o setor precisará ser comportado, mais seletivo, focado em reestruturação e resgate de rentabilidade." Um caminho que deve ser assentado tijolo por tijolo.
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