Os edifícios habitacionais com até cinco pavimentos contarão com novas regras para construção a partir de março do ano que vem, quando entra em vigor a norma de desempenho NBR 15.757, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Os novos projetos deverão conter soluções para aprimorar a estrutura, a segurança, a durabilidade e o conforto térmico e acústico dos empreendimentos. O objetivo é aumentar a vida útil dos edifícios e tornar os ambientes mais agradáveis, principalmente no que se refere à temperatura e à poluição sonora.
“Hoje, já existem prédios de alto padrão que foram construídos com material e estrutura específicas para reduzir os ruídos externos (vindos da rua) e internos (entre apartamentos).
Agora, essas especificações serão padrão no mercado brasileiro, ou seja, todos os imóveis, inclusive os populares, deverão trazer soluções para esses problemas”, comenta o coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Jorge Batlouni.
Para o vice-presidente de tecnologia e qualidade do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Carlos Borges, o destaque da norma é a exigência de durabilidade. Os projetistas terão de executar uma obra focando uma vida útil de 40 anos. Até então, não havia nenhuma especificação de tempo. “É uma medida que vai reforçar a proteção do consumidor”, diz Borges.
Os desempenhos acústico e térmico também vão fortalecer o conceito de moradia. Segundo Borges, os problemas com barulho são os que mais incomodam os moradores de edifícios. ”As construtoras já estão usando contrapiso com mantas para diminuir barulhos como o do salto alto, por exemplo. Isso passará a ser intensificado. “
Sobre a parte térmica, Borges afirma que está diretamente ligada à eficiência energética. ”Haverá especificações para equipamentos de ar condicionado e de iluminação que consumam menos energia. A estrutura também deverá proporcionar mais conforto ao ambiente. Se está frio lá fora, dentro de casa a temperatura deve ser agradável. O mesmo deve ocorrer em épocas quentes”, comenta.
Outro aspecto importante, na opinião do presidente do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), Roberto de Souza, é a criação de um parâmetro de segurança estrutural, conforto térmico e acústico, de durabilidade e sustentabilidade para medir o desempenho das novas construções. ”O principal beneficiado será o consumidor, mas a cadeia produtiva da construção: projetistas, fabricantes de materiais, construtores, incorporadores, a própria Caixa Econômica Federal e outros agentes financeiros também terão uma referência para o desenvolvimento de projetos habitacionais que atendam esses requisitos de qualidade. “
A norma já existe na Europa e nos Estados Unidos há 20 anos e vem se mostrando muito eficaz na preservação da qualidade e da durabilidade dos edifícios na opinião de especialistas. ”Ela passou por algumas adaptações para se adequar à realidade brasileira. Aqui, por exemplo, não temos o clima frio da Europa. A norma trará muitos avanços para as novas construções”, explica Batlouni.
Ele diz, no entanto, que o Brasil passará por um processo de adaptação, assim como ocorreu em outros países. ”O processo será modificado de forma gradual”, acredita.
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