Depois de quase dez anos apostando pesado em serviços de voz, grandes companhias de telecomunicações que atuam no Brasil voltam suas atenções para o mercado de banda
O aumento de 5,5% do número de usuários registrado no segundo trimestre, culminando em 78 milhões de pessoas conectadas à rede, e os constantes anúncios de investimento e expansão por parte do governo federal nas redes de fibra ótica e 4G, além da chegada de novos players no mercado, são fatores que estão fazendo com que empresas como a Telefônica, Oi (ex-Telemar), Claro e GVT (Vivendi) consolidem na Internet o alvo principal de seus investimentos para os próximos anos. O espanhóis preveem 25% de crescimento em suas receitas com banda larga até 2013, além de parceria com a Oi na compra de conteúdo nacional para programação de TV por Assinatura, segmento no qual a GVT vai investir R$ 650 milhões. A Claro, do magnata mexicano Carlos Slim, vai investir R$ 10 bilhões no Brasil até o fim de 2012, aporte que abrange a soma dos recursos da operadora na Embratel e na Net, outras duas empresas do grupo América Móvil.
De acordo com Márcio Nunes, diretor de Plataformas e de Rede da Claro, cerca de R$ 1,92 bilhão serão investidos ainda até o final de 2011, não só em ampliação da estrutura, mas também na preparação de uma nova rede para serviços de dados. “Temos registrado grande avanço nesta área, e, espera-se, crescerá ainda mais”, comenta Nunes. Em janeiro deste ano, Slim já havia anunciado investimentos de R$ 4,17 bilhões no País até o fim de 2011. A aposta no mercado local vem dos resultados positivos que a empresa vem registrando na região. No segundo trimestre deste ano, os negócios no Brasil representaram 27,7% da receita da América Móvil, gerando receita de R$ 5,7 bilhões. Do novo aporte anunciado, mais de R$ 3,5 bilhões serão investidos na operadora móvel Claro. O valor, no entanto, é pouco mais do que o faturado pela operadora no Brasil no segundo semestre deste ano, R$ 3,1 bilhões.
O executivo afirma que a meta é ter 100% das estações rádio-base 3G conectadas a uma rede de transmissão com a tecnologia de fibra óptica, que terá 89 mil quilômetros. “Com isso, teremos uma rede IP RAN, tecnologia que quadruplica a capacidade de transmissão e aumenta a qualidade do serviço”, afirma o diretor.
“Isso porque o cliente ganha uma capacidade maior da rede e pode usar aplicações que demandam mais, como baixar vídeo”, destaca o diretor. Além disso, Nunes afirma que a nova estrutura deixa a rede da operadora pronta para a oferta de serviços de quarta geração de telefonia celular (4G) no país, aposta antecipada num mercado que deve fomentar a receita da companhia no País, já que o leilão para as ondas 4G está marcado para 2012. A presidente Dilma Rousseff, aliás, afirmou ontem que a quarta geração de celulares será implantada no Brasil até 2014.
A Telefônica espera aumentar a participação do serviço de banda larga em sua receita para os próximos anos. Conforme o planejamento da companhia apresentado na cidade de Londres, a participação da banda larga sobre a receita passará de 15% em 2010 para 25% em 2013, e a fatia de acesso e voz diminuirá de 82% para 68% no mesmo período.
Na área de banda larga, Antonio Carlos Valente, presidente da empresa no Brasil, afirmou que a Telefônica possui 500 mil domicílios dotados de fibra ótica no Estado de São Paulo, com 30 mil clientes conectados, o que segundo ele é o maior parque da América Latina. De acordo Valente, a companhia está na última etapa da integração com a operadora móvel Vivo, após a saída do acionista Portugal Telecom no ano passado. A receita total do mercado brasileiro de telecomunicações deverá crescer de R$ 105 bilhões para R$ 120 bilhões em 2013.
O presidente da Andrade Gutierrez Telecomunicações, controlada pela Oi, Otávio Marques Azevedo, lançou propôs ao concorrente Antonio Valente, a compra conjunta de conteúdo para atender ao PL 116, que vai permitir às teles que entrem no mercado de TV a cabo. “Sugiro que façamos uma compra melhor de conteúdo, visando volume”, disse Marques. Segundo Azevedo, o jogo da competição na TV paga começa agora, não só entre operadores, mas também em relação a outros provedores de serviço, como o Netflix, site de aluguel de filmes pela Internet. “Teremos de aprender a lidar com novos competidores, e banda larga é a palavra chave”, afirmou.
O braço brasileiro da francesa Vivendi, a GVT, anunciou por sua vez que vai lançar em setembro seu serviço de televisão por assinatura. Por enquanto, o produto está disponível nas 16 maiores cidades em que a operadora atua. No próximo mês, será estendido a toda a área de cobertura da companhia. “A TV por assinatura vai ser o primeiro passo da GVT para lançar a casa conectada [integração dos equipamentos eletrônicos da residência via Internet]”, afirmou Amos Genish, presidente da empresa.
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