Copa do Mundo impulsiona a procura por lojas nas praças de alimentação dos grandes centros de compras de São Paulo e cidades adjacentes
São Paulo
Com a aproximação da Copa do Mundo de 2014, franquias de alimentação fora do lar já precisam enfrentar filas de até dois anos para obter um ponto comercial nas praças de alimentação dos grandes shoppings de São Paulo e cidades adjacentes. Além do tempo dispensado para ocupar uma vaga, os empresários do ramo reclamam dos altos preços cobrados nesses centros de compras, que chegam a R$ 5 mil para a aquisição de um metro quadrado em estabelecimentos tradicionais.
No Shopping Iguatemi, que tem o metro quadrado mais caro do País, por exemplo, a espera por um ponto comercial na praça de alimentação pode levar até cinco anos, revelam franqueados entrevistados pelo DCI. Fatores como manter uma boa relação com os empreendendores dos shoppings contam muito na hora de garantir uma vaga. “Está mais fácil conseguir um espaço de shopping na planta do que aguardar uma vaga nos já existentes”, diz Adenilso Soares, fundador da rede de Campinas, Risotto Mix, 80% de cujo crescimento se dão nos shoppings novos.
A franquia, que conta com 31 lojas abertas — 17 das quais estão em fase de conclusão — planeja investir R$ 10 milhões com a meta de ter 48 lojas em todo o Brasil até a Copa do Mundo. No momento, concentra esforços para investir, especialmente no eixo Rio-São Paulo, com foco na realização do Mundial. Na mira, está a cidade do Rio de Janeiro, onde a franquia ainda não desembarcou e onde deseja ter cinco lojas até 2014 . “Já estamos com duas lojas programadas para abrir no Rio esse ano”, diz o empresário Adenilson Soares.
Além de oferecer um cardápio explicativo para o turista (mostrando as especificidades de cada prato em inglês e em português) outro propósito será o de investir no treinamento de seus 800 funcionários e focar pesadamente em ações de marketing. De acordo com o fundador da rede, a intenção será ampliar principalmente o número de contatos nas redes sociais.
De olho em expansão, outra grande franquia do setor, a Rei do Mate, procura diversificar seus canais de vendas, que não incluem só as lojas dos shoppings, mas as unidades localizadas em galerias e pontos de rua. A meta é ultrapassar a fronteira das 300 lojas, somando mais 70 lojas até a realização do Mundial.
O modelo de negócio inclui continuar apostando no conceito store-in-store, ou loja-dentro-da- -loja , iniciado em 2010, por meio de uma parceria com a empresa de artigos esportivos Decathlon. “Com esse modelo, já abrimos lojas no interior da Decathlon em shoppings de Ribeirão Preto e São Paulo. Nossa visão é de que uma loja de material esportivo não abre para durar pouco tempo, por isso temos aí uma nova oportunidade de negócio, dentro desse padrão visual mais moderno e com perfil adequado às novas faixas de consumidores”, explica o diretor de Franquias da Rei do Mate, João Batista da Silva. A empresa prepara-se para destinar R$ 20 milhões até 2014 nor reposicionamento da sua marca e na reformulação das novas franquias, visando ainda a ampliar o mix de produtos das novas unidades.
Na opinião do executivo, a maior dificuldade para obter a tão sonhada cobertura nacional será a de vencer as barreiras culturais, caso da cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, única dentre as 12 sedes do mundial onde a rede ainda não está presente. “Trata-se de uma cidade muito ‘bairrista’ e que deverá ser trabalhada com mais cuidado”, diz João Batista Torres.
A empresa também projeta dirigir suas atenções ao treinamento de funcionários, especialmente nas áreas de maior apelo turístico. Exemplo disso será a unidade localizada no Morro da Urca, no Rio de Janeiro. “Nosso planejamento é de continuidade. Não seguimos exatamente o calendário da Copa do Mundo, mas é claro que durante o período dos jogos daremos mais atenção a esses pontos de maior visitação turística”, diz.
Empregos
O maior evento esportivo do planeta, a Copa do Mundo, a ser realizada no Brasil em 2014, deverá gerar seis milhões de novos empregos, apontam previsões do Ministério do Turismo, sendo que boa parte dessa mão de obra será empregada no setor de alimentação fora do lar das 12 cidades-sede do mundial. A diversidade gastronômica é um diferencial competitivo do turismo brasileiro. As demandas não são poucas: maîtres, recepcionistas, garçons, cumins, cozinheiros e auxiliares de cozinha estão entre as profissões mais requisitadas para atender os estrangeiros.
Até 2012, o Programa Receber bem a Copa, parceria firmada entre o Ministério do Turismo e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), deverá treinar 306 mil profissionais em diversas áreas ligadas ao turismo.
De acordo com a entidade, o setor de alimentação fora do lar emprega seis milhões de pessoas, o que faz dele uma importante fonte de renda familiar.
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