sexta-feira, 29 de julho de 2011

Vitrines em alta velocidade

Os circuitos automobilísticos e as trilhas de rali, vitrines das marcas e modelos, têm se mostrado cada vez mais eficientes como uma estratégia de marketing. O que é evidenciado até mesmo no nome das categorias. Das 29 competições de velocidade filiadas à Confederação Brasileira de Automobilismo, 13 são batizadas com o nome de marcas ou modelos, como Copa Peugeot, Trofeo Linea, Mitsubishi Cup e Mercedes-Benz Grand Challenge. 

Os carros com apelo esportivo atraem mais olhares e aglomeram admiradores. E ainda reforçam a imagem de desempenho e tecnologia dos modelos”, afirma Roger Armellini, gerente de Marketing da General Motors. As ações de marketing esportivo da marca incluem a Copa Montana ­ competição com a pick-up compacta ­ e participação em outras categorias, como a Stock Car Brasil. O retorno midiático é uma das vantagens da vinculação de uma marca ou modelo com a performance esportiva, já que muitas categorias têm provas transmitidas pela tevê aberta.
 
As competições aproximam os clientes da marca, e também criam um vínculo dos proprietários com os modelos utilizados nas provas”, explica Guilherme Spinelli, diretor de Competições da Mitsubishi. As categorias de rally promovidas pela marca japonesa podem ser disputadas por proprietários dos modelos Pajero TR4 ER e L200 RS. Há ainda a categoria L200 Triton RS, que é disputada exclusivamente através da locação do modelo, feita diretamente com a marca. São 12 unidades preparadas para as trilhas, e que são alugadas por R$ 18 mil a cada etapa ­ o valor já inclui os gastos com equipe de manutenção e logística, além de combustível.
 
A Peugeot estendeu suas competições esportivas aos condutores sem experiência em corridas, através da modalidade de Rally de Regularidade, dentro da Copa Peugeot ­ que possui ainda o Rally de Velocidade, disputado tanto por pilotos iniciantes quanto por experientes. Os proprietários de veículos da marca participam de provas realizadas em estradas de terra e no asfalto. “O Rally de Regularidade acaba se transformando em um grande acontecimento onde é realizado, atrai turistas e movimenta a economia local”, destaca Ronaldo Berg, gerente da Peugeot Sport Brasil. A cada etapa, a organização recebe, em média, 100 inscrições de clientes Peugeot. O retorno em mídia espontânea com a realização da Copa Peugeot bateu a marca dos R$ 12,6 milhões em 2010.
 
As marcas dos segmentos premium também aderiram ao marketing esportivo. Este ano, a Audi apostou na criação do Audi DTCC, que coloca hatches médios A3 Sport para brigar. “A Audi aprovou a ideia porque o circuito também abrange ações de marketing, como test drive dos carros da marca nos dias de prova”, explica Dennis Rolim, diretor do Audi DTCC. A Mercedes-Benz também estreou o Grand Challenge, com o sedã médio Classe C 250 CGI.
 
A inglesa Mini trouxe para o Brasil a categoria Mini Challenge, já disputada na Espanha, Alemanha e Austrália. “É um carro que você vê hoje nas pistas e pode comprar na concessionária no dia seguinte. O desempenho e a esportividade empolgam a quem assiste e criam interesse pelo modelo”, analisa Martin Fritsches, diretor da Mini Brasil.
 
Na Europa e nos Estados Unidos, a participação das marcas automotivas em diversas modalidades de competições é ainda mais intensa, em provas como as 24 Horas de Le Mans, na França, e as categorias da Nascar, nos Estados Unidos, sem contar as mais notórias, como Fórmula 1 e Fórmula Indy. Por lá, o interesse das montadoras nessas categorias também é motivado pelas tecnologias dos carros de competição que são transferidas para os carros de rua. “Aqui no Brasil, o interesse é mais mercadológico, já que as modificações feitas nos carros ficam restritas às pistas”, acredita Ingo Hoffmann, piloto recordista de títulos da Stock Car brasileira.
 
O marketing esportivo ganha cada vez mais adeptos no Brasil. É o caso da Ford, Toyota e Honda, que têm os modelos Focus, Corolla e Civic competindo na Copa Petrobras de Marcas e Pilotos, que estreou em junho. A Chevrolet também marca presença na competição com o Astra. “Além das marcas, as empresas parceiras e os fabricantes de autopeças que vinculam seus nomes ao evento também ganham visibilidade nessas competições”, afirma Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK Automotive.
 
Instantâneas
 
# As montadoras presentes no Brasil passaram a investir em automobilismo nos anos 1970. A Ford trouxe a Fórmula Ford, que já era realizada na Europa. A primeira temporada da competição, com cinco etapas, foi vencida por Emerson Fittipaldi, revelado um ano antes na Fórmula Ford inglesa. Pouco tempo depois, o piloto foi para a Fórmula 1, onde se tornou bicampeão mundial.
 
# Em 1974, a Volkswagen lançou a Fórmula VW 1600, que utilizava chassi de corrida equipado com motor 1.6 litro a ar da marca alemã.
 
# A Copa Montana foi criada em 2010, a partir da fusão de duas competições distintas ­a Copa Vicar e a Pick Up Racing. Atualmente é a divisão de acesso à Stock Car.
 
# Os pilotos que competem no Rally de Velocidade da Copa Peugeot devem encomendar o modelo Peugeot 207 Rally diretamente com a marca, por R$ 58 mil. O motor é o mesmo 1.6 litro 16V do 207 convencional, mas com alterações para atingir os 150 cv ­ 40 cv a mais que a versão de passeio. Para melhorar o desempenho, o carro também passou por adaptações para aumentar a resistência da suspensão, que recebeu amortecedores da marca alemã Bilstein. Outra diferença é a presença do santantônio.
 
Velozes e pesados
 
A maior categoria do automobilismo brasileiro também recebe a atenção das montadoras. Trata-se da Fórmula Truck, realizada desde 1996. A disputa conta atualmente com 25 pilotos, que competem 10 etapas a cada ano. Os caminhões da competição são modelos da Iveco, Mercedes-Benz, Ford, Volkswagen, Scania e Volvo, e recebem adaptações para que atinjam 160 km/h ­ velocidade máxima permitida na categoria.
 
Para as montadoras participantes, a Fórmula Truck é uma grande ação de marketing, sem contar o contato do público com seus produtos durante as corridas”, define Neusa Navarro Félix, organizadora da competição. A Fórmula Truck registra o segundo maior público do Autódromo de Interlagos, em São Paulo, com 70 mil pessoas ­ atrás apenas da Fórmula 1, que recebe 75 mil torcedores a cada ano.
 
Participar da Fórmula Truck dá credibilidade aos nossos caminhões. Além disso, o público passa a conhecer melhor nossos modelos”, afirma Pedro de Aquino, gerente de marketing da Ford Caminhões. A competição também funciona como um grande laboratório para o desenvolvimento dos modelos, já que os caminhões são colocados em situações extremas de uso.

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