terça-feira, 10 de maio de 2011

Consórcio para imóvel só é vantajoso para quem é sorteado no início


Quero comprar um imóvel. O que é melhor: fazer um financiamento imobiliário ou entrar num consórcio?


Essa resposta depende muito da sua pressa em ter o imóvel. A melhor alternativa é sempre juntar o dinheiro e pagar à vista. Mas, para responder sobre as opções que você propõe devemos entender claramente as suas diferenças. O consórcio não é um tipo de financiamento, trata-se de um grupo de compradores se une para adquirir o bem, cada qual contribuindo mensalmente com uma parcela do valor, de tal maneira que, a cada mês, a soma das parcelas seja equivalente ao preço do bem adquirido. Ao final do período de financiamento, todos terão recebido o objeto do consórcio. Como esse trabalho de organização do grupo está por conta de uma administradora de consórcios são cobradas taxas de administração, além disso, existe um fundo de reserva que é agregado ao valor da prestação para cobrir eventuais despesas. Isto significa que a cada R$ 100 aplicados por você, apenas uma parte vai para a compra do imóvel. Você pode receber a carta de crédito por meio de lances ou sorteio. A Caixa Econômica Federal (CEF) permite o uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) na oferta ou complementação de lances em consórcios imobiliários. O fato é que consórcio de imóveis somente é vantajoso para quem for sorteado logo de início e vai poder usufruir o bem enquanto paga a sua cota mensal, o que equivaleria a um financiamento com juros muito baixos. Mas, para quem não tiver sorte somente terá sua casa após o final do grupo e ainda deve contar que não haverá especulação imobiliária no período e, assim, a casa que você estava de olho não subir de preço. Por outro lado, o financiamento imobiliário tem incidência de juros, mas você vai ter a sua casa logo de início. 

Tenho 60 anos e sou aposentada. Consegui até agora um patrimônio de cerca de R$ 600 mil que está distribuído da seguinte forma: a) R$ 400 mil em previdência privada - aplico mensalmente R$ 350 em VGBL; b) R$ 75 mil fundo de investimentos (tem IR semestral); c) R$ 75 mil em bolsa - apliquei R$ 100 mil, então estou tendo prejuízo; d) R$ 60 mil aplicados em CDB - tenho alguns vencendo no fim do ano e outros com vencimento em 2013 ; e) R$ 55 mil em poupança. O que o senhor acha da minha cesta de investimento? Gostaria de chegar a R$ 1 milhão, apesar da idade.

Este é um exemplo de disciplina excelente e, sem dúvida, é um bom patrimônio. A distribuição do valor de R$ 665 mil está boa, sendo mantido em torno de 11% em renda variável, como se trata de uma pessoa aposentada não vale a pena aumentar essa participação. A dica é olhar com mais cuidado os valores em fundos e em CDB. Pode ser que uma análise mais adequada permita transformar parte da aplicação em Tesouro Direto. Um cálculo muito simples com base de 0,5% ao mês mostra que o seu patrimônio deverá passar de R$1 milhão com mais sete anos de investimento.

Como se chega ao número de fechamento da bolsa? Se ela fica negativa, todas as ações tiveram desempenho ruim?
A Bolsa atingiu certo número de pontos é uma maneira coloquial de dizer que o Índice de referência da Bolsa de Valores caiu ou subiu. Vamos pegar como exemplo o Ibovespa, o índice mais conhecido da BM&FBovespa. Trata-se do valor atual em reais, de uma carteira teórica de ações iniciada em 02/01/68, com valor-base equivalente a 100 pontos. Por exemplo, digamos que ontem as ações da carteira tiveram a valorização média de 2%, o índice subirá para 102 pontos. Índices de bolsa têm como finalidade servir como indicador médio do comportamento de mercado. O valor do Ibovespa é obtido por meio da multiplicação dos preços de cada ação que compõe a carteira do índice, pelas respectivas quantidades de ações dentro da carteira. Ele representa mais de 80% do número de negócios e do volume financeiro verificados no mercado à vista e 70% do somatório da capitalização de todas as empresas com ações negociáveis na Bovespa. Pode ocorrer que o índice caia, mas uma ação em particular suba. A ação preferencial (Vale 5), por exemplo, tem perda acumulada de 12% neste ano, enquanto o Ibovespa tem queda acumulada em torno de 9%.

FÁBIO GALLO É PROFESSOR DE FINANÇAS DA FGV E DA PUC-SP

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