Desde 2005 foram inseridos 143.631 deficientes físicos e intelectuais no mercado de trabalho, segundo dados do Ministério do Trabalho, e o número de colocações vem aumentando ano a ano.
Em 2005 foram 12.786 vagas preenchidas, enquanto no ano passado 28.752 deficientes foram incluídos, um acréscimo de 124,9%.
O crescimento conta com um empurrãozinho da legislação (lei nº 8.213) que em 1991 estabeleceu cotas de contratação para empresas com 100 ou mais funcionários, desde então obrigadas a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com pessoas portadoras de deficiência.
Atualmente, 14,5% da população brasileira têm algum tipo de deficiência. Desse total, 8,3% possuem deficiência intelectual.
A busca por profissionais deficientes é dificultada pela falta de capacitação dessa parcela da população. E a situação torna-se ainda mais complexa quando trata de deficientes intelectuais, cujo ensino já foi prejudicado pela ausência de inclusão escolar, muitas vezes decorrente da própria limitação pessoal.
Para suprir essa demanda das empresas e incluir os deficientes na sociedade, a Associação de Pais e Amigos do Excepcional (Apae) de São Paulo, que não possui fins lucrativos e completou 50 anos em abril, tem feito parcerias junto a empresas, que bancam parte dos gastos com espaço e o treinamento de jovens de 16 a 35 anos.
"Ainda não temos comprovação científica, mas pessoas deficientes tendem ao envelhecimento precoce e sua vida produtiva não é a mesma de uma pessoa comum. Além disso, o mercado de trabalho fica mais difícil para qualquer pessoa com mais de 35 anos", explica Marília Costa, gerente técnica da Apae São Paulo.
Cerca de 20 companhias fecham parceria com a Apae todos os anos, o que representa uma parcela de 10% de todas as empresas que entram em contato com a associação.
O treinamento tem duração média de 12 a 18 meses, passando por áreas como a indústria, limpeza, lavanderia, engraxate, almoxarifado e administração.
Os cursos técnicos possuem conteúdo teórico e prático. Cada grupo de 20 pessoas conta com o acompanhamento de um instrutor e já presta serviço terceirizado para as companhias durante o próprio treinamento.
Cada aluno recebe uma ajuda de custo que dependerá do investimento aportado pelas empresas parceiras, mas o valor mensal fica em torno de R$ 200 a R$ 300.
Durante o curso, os alunos montam peças que depois seguem para as indústrias para lá comporem conjuntos. Na lavanderia recém-inaugurada pela Prosegur, empresa de segurança privada, os alunos cuidam dos uniformes dos funcionários da empresa.
"Existe a possibilidade de terceirizar o trabalho aqui quando a empresa não possui cargos internamente que possam ser exercidos por portadores de deficiência. Nós também podemos ajudar visitando a empresa e ajudando a identificar postos que possam ser ocupados pelos deficientes", diz Marília.
De acordo com Marília, os alunos saem prontos para ocupar funções como mensageiro, ajudante geral, auxiliar de embalagem, de produção, administrativo, de almoxarifado, de cozinha, de panificação, etc.
Em alguns desses cursos, o instrutor recebe capacitação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e atua como multiplicador do conhecimento e deve seguir à risca as diretrizes do Senai, para que o comprovante de conclusão do curso seja emitido em nome da instituição.
A cada ano, 200 pessoas participam dos cursos, das quais cerca de 70 são inseridas no mercado de trabalho e 97% delas permanecem nos cargos.
Após a contratação, a Apae acompanha todo o processo de adaptação do deficiente por um ano nas empresas. "Eles desempenham bem suas funções e há um reconhecimento por parte das contratantes da competência dessas pessoas", assegura Marília.
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