segunda-feira, 25 de abril de 2011

SpaceFox i-Motion direto no alvo

Enquanto os segmentos de compactos, utilitários e sedãs ganham cada vez mais opções, o nicho de stations compactas é praticamente limitado a dois competidores: Fiat e Volkswagen. Enquanto a empresa alemã brigava com a velha Parati, ainda havia algum equilíbrio, mas depois da renovação da Palio Weekend e da chegada da SpaceFox ao mercado, a disputa nunca mais foi acirrada: a perua da Fiat passou a sobrar na liderança. Mas a Volkswagen nunca desistiu. Aproveitou a reestilização da linha Fox no ano passado para incrementar sua station: melhorou o acabamento interno, subiu o nível de equipamentos e passou a oferecer o câmbio automatizado ­ para responder por 30% das vendas do modelo. O efeito podem ser notados agora: pela primeira vez, a SpaceFox lidera as vendas no segmento.


Nos primeiros três meses do ano, a SpaceFox somou 5.704 unidades e a Palio Weekend, 5.619. A diferença de apenas 85 modelos, porém, é expressiva para a marca alemã. Em 2010, para se ter uma ideia, a Palio Weekend fechou o ano com 31.743 unidades vendidas, quase o dobro das vendas da perua da Volks produzida na Argentina, que somou 18.223 veículos comercializados. O Peugeot 207 SW observou a briga de longe: teve apenas 5.370 unidades vendidas em 2010.

A aposta da Volkswagen para conquistar a liderança do segmento foi majoritariamente estética. A renovada SpaceFox ganha mercado em um momento onde a família Palio, reestilizada a fundo em 2006, sente o peso da idade. Além disso, a oferta do câmbio automatizado i-Motion tornou a briga mais igual ­ já que a rival já dispunha da Dualogic, também automatizada.

A SpaceFox passou a seguir o padrão estilístico da marca, presente desde o Fox até a Amarok. A dianteira traz faróis com traços retos e grade com dois filetes horizontais cromados. A lateral, sem grandes modificações, passa a ostentar uma barra cromada na altura da caixa de rodas. Já a traseira ficou mais conservadora. Saíram de cena as lanternas com seções redondas para dar lugar a outras mais retas e sóbrias. Assim como grande parte dos novos veículos da marca, estas lanternas são horizontalizadas.

No interior, revestimentos novos, detalhes cromados, além do quadro de instrumentos e o volante bem parecidos com os utilizados no Passat CC, emprestaram um certo requinte à station. Sob o capô, nada de novo. O motor continua sendo o eficiente 1.6 flex de 101/104 cv de potência, com gasolina/etanol. O torque de 15,6/15,4 kgfm está disponível logo aos a 2.500 rpm.

A Volkswagen garante para sua station uma boa lista de equipamentos. A configuração Sportline ­ topo de linha ­ vem equipada com ar-condicionado, direção hidráulica, trio, keyless, espelhos iluminados nos para-sóis, faróis e laterna de neblina, sensores de chuva e de luminosidade, retrovisor eletrocrômico, retrovisor externo com ajuste elétrico, computador de bordo e rodas de liga leve aro 15. Além de itens de segurança quase obrigatórios, como airbag duplo frontal e freios ABS. De opcionais, o modelo ainda pode receber pintura metálica ou perolizada, revestimento em couro, rádio/MP3 com conexão Bluetooth e entradas USB e SD card, volante multifuncional, comandos do câmbio em espátulas atrás do volante, banco traseiro rebatível bipartido e sensor de estacionamento.

O bom nível de equipamentos tem um preço: a SpaceFox parte de R$ 44.290 em sua versão mais simples ­ apenas com direção hidráulica e ar-condicionado. A versão Sportline i-Motion, custa R$ 58.630. Com os opcionais presentes na versão testada, o preço chega a R$ 64.230. Deste modo, a station wagon da marca alemã fica melhor equipada, mas é mais cara que as concorrentes. A Palio Adventure custa até R$ 56.400 e a Peugeot 207 SW tem preços que chegam a R$ 50.300.



Ponto a ponto

Desempenho - Com 101/104 cv de potência, a SpaceFox oferece um desempenho bem honesto, mas sem muita emoção. O câmbio i-Motion proporciona conforto na direção, mas anestesia o desempenho do carro. Nas arrancadas e retomadas, o motor demora a responder aos comandos do pedal do acelerador, mas quando reage, mostra algum vigor. A SpaceFox i-Motion é bem talhado para enfrentar engarrafamentos, mas é hesitante demais em trânsito normal. Já na estrada, é preciso usar o câmbio no modo manual para arrancar um comportamento mais agressivo. Nota 6.

Estabilidade - A SpaceFox se mostrou bem firme ao solo. Mas nas curvas feitas em alta velocidade a perua tende a jogar um pouco a traseira. Nas frenagens fortes, a station precisou de espaço grandes para chegar à imobilidade, mas por conta dos freios com ABS, pelo menos se manteve equilibrada. Nota 8.

Interatividade - A posição elevada de dirigir é agradável e dá ótima visibilidade dianteira, lateral e traseira. Os ajustes de banco, volante, espelhos e demais comandos são intuitivos e simples. O quadro de instrumentos também é bastante claro e objetivo, com boa leitura independentemente da luminosidade exterior. A direção é bem confortável, mas tem pouca precisão. Mas o ponto fraco é o câmbio automatizado, que, no modo automático, tem engates bruscos. Nota 7.

Consumo - A média de 8,1 km/l com etanol em circuito cidade/estrada é razoável para um carro flex, que sempre bebe demais seja com etanol, seja com gasolina. Nota 7.

Tecnologia - A plataforma da SpaceFox é uma versão simplificada da usada no Polo brasileiro ­ na Europa, o compacto da Volkswagen ganhou uma nova geração já há dois anos. Seu motor 1.6 8V também é antigo ­ chegou ao Brasil a bordo do Golf alemão, de 1995. Na questão de segurança, a perua conta apenas com freios ABS e airbag duplo. O modelo traz ainda um sensor de luminosidade e de chuva. Nota 6.

Conforto - Chega a ser surpreendente um compacto ser tão espaçoso. Até no banco de trás é possível viajar com conforto. A suspensão absorve bem os desníveis e não transmite vibrações. O isolamento acústico não é dos melhores, mas não compromete. Nota 8.

Habitabilidade - Os acessos são bons devido à altura elevada do modelo e aos ótimos vãos das portas. O banco traseiro também conta com uma regulagem longitudinal. Com grande quantidade de porta-objetos e porta-copos, a SpaceFox também se destaca por ser bem funcional. Isto, sem contar o porta-malas espaçoso, que acomoda 430 litros. Nota 9.

Acabamento - A Volks melhorou os revestimentos da porta e do teto, mas ainda abusa muito da utilização de plásticos. Os materiais não agradam aos olhos e ao toque, mas os bancos de couro são bem mais agradáveis e ajudam a melhorar o estilo da cabine. Nota 7.

Design - Segue as atuais tendências de estilo da Volkswagen. A frente com faróis angulosos e a traseira  com as lanternas horizontalizadas. Nota 7.

Custo/benefício - A versão top Sportline custa R$ 58.630. Porém, a mesma versão sem o câmbio automatizado i-Motion sai por R$ 55.930. A perua compacta da Volkswagen é mais cara até que a Renault Mégane Grand Tour, uma station média que custa menos de R$ 50 mil. Com todos os opcionais, passa de R$ 64 mil. Nota 6.


Total - A SpaceFox Sportline somou 71 pontos em 100 possíveis.




Impressões ao dirigir

Carro família

Com um espaço interno amplo, a SpaceFox deixa seus concorrentes ­ o 207 SW e o Palio Weekend ­ muito para trás. O veículo da Volks é uma opção interessante para uso cotidiano da cidade. Mas para encarar uma estrada, ainda deixa a desejar. O veterano motor 1.6 8V não proporciona alto desempenho. O conforto, no entanto, contrabalança a falta de vigor. O modelo ainda oferece um bom porta-malas que oferece 430  ­ ou 527 litros, com o banco traseiro corrediço totalmente recuado.

O câmbio automatizado i-Motion é interessante e traz conforto no trânsito engarrafado. Como aliado, as borboletas para trocas manuais na direção formam um atrativo bem interessante para o condutor, que deseja dispensar as trocas automatizadas e se divertir com um jeito mais esportivo de dirigir. Esbarra-se, porém na flutuação que começa a aparecer em velocidades acima de 100 km/h.

O ar-condicionado é bastante eficiente e dá conta da grande área da cabine. A direção também é agradável e o carro responde sem grandes problemas em baixas velocidades. Outro destaque fica por conta da posição privilegiada frente à direção. Com boa altura e excelente visibilidade, consegue-se enxergar tudo que está ao seu redor.

A suspensão também é bem macia e filtra as trepidações das ruas esburacadas sem grandes problemas. Mas o destaque da perua compacta da marca alemã é o espaço interno, que acolhe bem a vida em família e consegue transportar três pessoas no banco traseiro sem grandes apertos.



Ficha Técnica

Volkswagen SpaceFox 1.6 Sportline i-Motion

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, oito válvulas, 1.598 cm³ e comando simples no cabeçote. Acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio automatizado de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 101/104 cv a 5.250 rpm com gasolina/etanol.

Torque máximo: 15,4/15,6 kgfm a 2.500 mil rpm com gasolina/etanol.

Diâmetro e curso: 76,5 mm X 86,9 mm. Taxa de compressão: 12,1:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira interdependente com barras longitudinais, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Não oferece controle de estabilidade.

Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. ABS de série na versão.

Pneus: 195/55 R15. Rodas de liga leve de série na versão.

Carroceria: Station wagon em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,18 metros de comprimento, 1,68 metro de largura, 1,55 metro de altura e 2,47 metros de distância entre-eixos. Airbag duplo frontal de série na versão.

Peso: 1.150 kg em ordem de marcha, com 480 kg de carga útil.

Capacidade do tanque de combustível: 50 litros.

Capacidade do porta-malas: Entre 430 e 527 litros, de acordo com a posição do banco traseiro corrediço. 2.800 litros com os bancos traseiros rebatidos.

Produção: General Pacheco, Argentina.

Lançamento no Brasil: 2006.

Face-lift: 2010.

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